quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Aquele abraço, do tamanho da Plóina!

Este post é escrito na Ilha do Farol, de janela aberta para a Deserta

Há mil e um convívios de final de ano onde os amigos se juntam para recordar o(s) ano(s) velho(s) e celebrar o ano novo. Agora que já estou confortavelmente instalado na formidável Ilha do Farol e depois ter comido um panelão de gelatina de vodca, recordo o último petisco do ano passado com uma companhia de primeira água. No Primo dos caracóis, entre Olhão e o cruzamento de Alfandanga, juntou-se um plantel criteriosamente seleccionado para atacar as provas de ovas fritas, biqueirões, pica-pau e afins.

Foi uma oportunidade excelente para deliciarmo-nos com as iguarias que o Sr. Eugénio trouxe para a mesa mas também óptimo ensejo para ouvirmos as estórias da bola, gajas e outras malcagens da terra dos cajudas e boronhas da vida narradas na primeira pessoa. Umas hilariantes, outras impublicáveis, os relatos sucederam-se entre gargalhadas e bocas abertas de espanto. Foi um momento Kodak - para mais tarde recordar.

Ontem já foi o primeiro assalto da festa de passagem de ano, ano do qual me despeço com simpatia pois foi um ano em que cresci muito e depressa, aprendi bastante sobre a dura lei da vida e conheci uma realidade absolutamente diversa da que eu sempre vivi. 30122008Agradeço a 2008 as chances que me deu e tenho esperança num 2009 igualmente recheado de oportunidades que tudo farei para agarrar. Haja saúde e sorte para atraír as boas vibrações e afastar as "kurwas" complicadas da estrada da vida.

A todos os leitores amigos deste blogue desejo um grandioso 2009!

domingo, 28 de dezembro de 2008

Poderá ser pior

O tempo em Faro mudou um pouco nos últimos dias. O sol que brilhava tanto foi encoberto por nuvens chatas que fazem a temperatura baixar e já pingou uma chuva que antecipa uma passagem de ano mais molhada que o habitual. Enquanto lamentava as más condições do tempo ao meu tio, passei os olhos por um artigo do Correio da Manhã que alertava para a possibilidade de Invernos mais rigorosos nos próximos anos devido à inusitada calma do Sol. A estrela maior da nossa galáxia atravessa um momento de acalmia, sem solas grandes convulsões libertadoras da energia que atinge o nosso planeta sob a forma de raios solares.

Os cientistas dizem que está tudo dentro do normal e que estes períodos de menor actividade do Sol são cíclicos, o mais que se pode esperar são temperaturas mais baixas durante os próximos tempos. Adiantam os mesmos cientistas que estes ciclos têm uma duração aproximada de 11 anos mas que o receio dum período alargado de frio subsiste igualmente, pairando o espectro duma eventual repetição do terrível Mínimo de Maunder - uma espécie de mini-idade do gelo.

Não posso imaginar o Inverno de 2005 de que todos os polacos me falam, temperaturas na ordem dos -20º e -30º. Esse Inverno foi considerado normal para estas criaturas habituadas à aspereza do clima, mas se vier aí a cabazada de frio que os cientistas prevêm para os próximos 11 anos vou ter de vestir um edredão para sair à rua!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Olha o balão, na noite de Natal

Estas férias têm sido pródigas na recuperação de várias tradições que há muito não vivia, nomeadamente a tradição de ir à Praia de Faro após a meia-noite de Natal. O Vitinha abre as suas portas para receber uma multidão de amigos que lá bebem as imperiais da ordem para rematar uma noite de rancho melhorado. Lá encontrei os rostos do costume atrás das torneiras de imperial e algumas caras de sempre entre os copos de plástico, conversa para pôr em dia e relatos da terra distante para contar aos curiosos.

Notei que alguns elementos da "velha guarda" faltaram à chamada, por preguiça ou por impedimentos de ordem familiar. Constatei que por um momento olhei em meu redor e não vi semblantes conhecidos, só pessoal que nunca havia visto naquela reunião e que vão substituindo os habitués num claro sinal dos tempos. Quando cheguei a esse ponto olhei para o relógio e como acusava 2:30 da manhã pensei em recolher a casa, logo mudei de ideias ao identificar o motivo do bruá que se sentiu naquele instante. Era o balão!

Há muitos anos que, faça chuva, vento ou bom tempo, pela noite de consoada lança-se um balão de ar quente ao céu da Praia de Faro. Não sei de quem partiu a ideia mas sei que o Tó Quintas tem-na mantido viva e a romaria à Praia para "ver o balão" já faz parte do cardápio de Natal da cidade de Faro. As televisões vêm cobrir o acontecimento, são muitos os mirones que se assomam para ver a subida dos balões e que aplaudem o sucesso da iniciativa. Vários carros estão estacionados com os seus sistemas de som a derramar batidas fortes e emprestam um certo ar de discoteca open-air ao local enquanto muitos jovens bebem o seu vinho, comem bolo-rei ou fumam loitas sentados no muro da praia. Tudo no maior relax, ambiente de paz e harmonia, cada um a curtir a sua e a preocupação só chega quando alguém telefona a comunicar que a Brigada de Trãnsito está na ponte ou na Rotunda do Aeroporto. Eu sempre fui cliente assíduo destas noites mas, por obra e graça das bezanas, em mais de 10 anos que este evento tem, eu nunca havia testemunhado o lançamento do dito balão.

Este ano a noite estava bela, nem uma brisa soprava e tampouco as nuvens apareceram. Consegui ver o lançamento, não de um mas de três balões que levaram consigo certamente muitos desejos e esperanças de todas as pessoas presentes para o novo ano. Eu atei um ou dois pedidos na cauda de um dos balões que subiu na vertical, subiu imenso até se confundir com uma das estrelas que brilhava no céu límpido de Dezembro no Algarve.

Assim é o Natal em Faro, perto do mar como no resto dos dias.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Aí, latêre!

Lateiro - em Faro, é a designação dada a alguém que come bastante, de forma desmesurada e alarve.

Desde que cheguei a Faro já pus mais 3 quilos em cima. Não é de estranhar se considerarmos que ando a pôr o sono em dia (entre 9 e 10 horas por noite) e que a comidinha caseira da minha tia é do best. Ontem, por exemplo, foi esta pajela para o almoço:

23122008

Dois discos de galinha de cabidela mais queijinho de Azeitão e um Ferreira vintage de 2000 como entrada consolaram este estômago ansioso de paladares portugueses. À noite fui conhecer o restaurante do João Bandeira e aplaudi satisfeito o arroz de marisco e o strogonoff com que me brindaram. As sangrias, branca e tinta, também estavam um pitéu.

Hoje vou à do Cartaxo almoçar com os perigosos dos "11 Esperanças" e já vejo a minha tia de roda do fogão a preparar a bacalhauzada com todos. Se somarmos a isto as imperiais natalícias do costume no bar do Vitinha, temos que provavelmente regressarei a Varsóvia anafado que nem uma foca. E eu não me ralava nada com isso!

domingo, 21 de dezembro de 2008

E ainda a procissão vai no adro

O valente cadelão que apanhei ontem foi tudo menos inesperado. Surpreendente foi a minha boa vontade em meter os pés em bares nos quais eu já tinha posto a cruz há muito tempo. Foi também uma surpresa a minha chegada a casa às 7:00 da manhã, não me orgulho de ter conduzido com álcool no sangue (terá sido sangue no álcool) mas consegui levar a nau a bom porto.

Hoje ainda não saí da cama. O sol brilha lá fora como se quisésse incendiar o quarto para que eu levante o cu e saia à rua. Ligaram-me para me desencaminharem outra vez mas a minha voz cavernosa indiciou imediatamente a indisponibilidade para tais feitos. Tenho um jogo de bola marcado às 20:30 mas o chassi está todo amolgado e tenho cãimbras em músculos que não sabia que existiam.

Vou ver se tomo um duche, enxaguar a ressaca e pôr-me a caminho da casa da minha irmã para jantar tranquilamente. Os jantares de Natal vão-se contabilizando e só resta um, por fim. Depois é o salto do pardal até à passagem do ano. Mas isso é só depois.

Espero que a vossa quadra esteja a ser menos tóxica que a minha q:D

sábado, 20 de dezembro de 2008

Dezembro no Algarve

Vai a tarde a meio num solarengo dia de fim de Outono no Algarve. Um Sábado que promete grande folia por ser o dia do jantar de Natal do pessoal que se junta à do Rogerinho, os meus amigos da criação que não são vistos há quase 8 meses. Há muitas, muitas estórias para contar, episódios do passado para recordar, muitos pontos de vista para trocar e experiências para partilhar. As grandes diferenças entre as nossas vidas de moços pequenos e de adultos (supostamente) responsáveis, o que mudou na nossa visão do mundo e os hábitos que se modificaram. Vai ser bom rever estes amigos.

A propósito de hábitos que mudaram, eu mantenho um hábito que me faz muito bem ao sistema. Às vezes sento-me no algeroz de casa e olho em frente para a Ria Formosa. Vejo a minha cidade ao fundo, por trás do aeroporto, conto os aviões que aterram e levantam, aceno aos barcos que passam, faço festas aos gatos que se roçam preguiçosos nas minhas pernas e ali permaneço largos minutos a sorver maresia e a encher-me da calma lenta que se faz sentir. Um bando de gaivotas ajunta-se e chamam mais colegas para uma reunião a ter lugar em frente a casa. Logo são dezenas que pairam e piam como que reivindicando alguma coisa a alguma entidade que não se vê pois a Ria está vazia e não se descortina vivalma num raio de 300 m.

Eu sei porque elas se juntaram espontaneamente àqu20122008ela hora. A  minha tia surge à porta com um alguidar de peixe e serve-lhes o almoço para alegria das aves que se atiram garganeiras sobre o petisco. Ao longe, a minha cidade ganha tons de rosa e fogo à medida que o sol desce e se reflecte nas janelas envidraçadas dos edifícios marginais. Em Varsóvia já é noite cerrada e aqui ainda estou de óculos escuros gozando 14º centígrados. Respiro fundo e atesto os pulmões com ar do mar. Despeço-me das gaivotas e sento-me ao computador para escrever este post, esta é uma imagem que tem de ser partilhada.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Há coisas que nunca mudam

Possível diálogo em Varsóvia entre um português e um grupo de polacas numa noite de copos:

(Ele) - Boa noite.

(Ela) - Boa noite, tudo bem?

Diálogo real em Faro entre um português e um grupo de portuguesas numa noite de copos:

(Ele) - Boa noite.

(Ela) - Boa noite? Só se for para ti!

Moss, Capitão Favinha... Ainda acreditas no Pai Natal?!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

E fazer o quê?

Não há dúvidas que uma das principais características do povo português é o seu entusiasmo na forma exuberante como recebem os amigos. Alguém que esteve afastado da raíz durante algum tempo notará imediatamente a felicidade com que os seus o acolhem, as palmadas e abraços afectuosos que o envolverão, os risos autênticos do reencontro, as estórias recordadas e os episódios novos da vida na terra-mãe, que serão relatados com a pressa natural de quem tem muito para contar e que serão devorados com a sofreguidão natural de quem quer saber muito em pouco tempo.

Todas essas sensações foram por mim experimentadas neste regresso a Faro. Muita alegria e prazer em rever as caras de sempre, muitas jantaradas e petiscos agendados para pormos a escrita em dia, muitas epopeias contadas e muita curiosidade dos meus velhos amigos em saber como é a vida na estranja. Quando a conversa chega a este ponto é inevitável traçarmos o paralelo entre a realidade polaca e portuguesa e aqui sinto algo que nunca senti antes nos meus compadres:  apreensão.

O desânimo é comum em muitos dos meus companheiros. Falam-me de dificuldades em arranjar empregos com salários condizentes com as suas habilitações, 28102008aqueles que têm o seu próprio negócio lamentam-se e falam de despesas crescentes face a receitas que diminuem a cada dia. Brilham-lhes os olhos quando me perguntam pelas minhas aventuras em Varsóvia, pelas oportunidades de trabalho que efectivamente vão surgindo na Polónia, pelos horizontes profissionais que se podem atingir no país onde resido agora. Apresento-lhes o quadro real da vida na capital polaca e todos acenam afirmativamente com a cabeça entre duas baforadas no cigarro. Por fim encolhem os ombros, estalam a língua, respiram fundo e, procurando afugentar a desilusão, perguntam-me em voz alta e amigável:

"Atão e quando é que voltas para cá de vez?"

Eu sorrio e peço uma mini. A minha resposta está dada e todos a perceberam.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Em Faro

De Quarta para Quinta: directa
De Quinta para Sexta: 3 horas
De Sexta para Sábado: 1 hora


Hoje já consegui dormir 7 horas, não dormi mais porque o Toni acordou-me para irmos ver o Farense. Em boa hora o fez porque ajudámos a matar o borrego no Estádio Algarve.


Agora estou confortavelmente deitado no quentinho, ouvindo o rumor das ondas na praia de Faro e a tratar do meu brinquedo novo que permite-me estar em contacto com o mundo em qualquer lugar. Vantagens de fazer anos em Dezembro, os presentes (porque concentrados no pacote aniversário-Natal) são mais substanciais e este ano resolvi mimar-me com esta fantástica máquina. Cerca de 1 Kg de tecnologia portátil operados através dum Windows em polaco. Windows em polaco porque também assim se aprende este idioma... teoricamente.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Metugassexuais

Madrugada alta de Sábado, uma mistura de portugueses e polacas senta-se à mesa dum bar para comer alguma coisa após uma noitada dançante. A conversa decorre amistosa, diversos temas são abordados e as diferenças culturais são denominador comum em todas: Porquê a Polónia? O que mais gostamos e menos aturamos? As diferenças? O trivial que nos é perguntado com a surpresa de quem vê imigrantes naturais de tão belo país estabelecerem-se nas suas terras obscuras e que já não vai sendo surpresa para nós. A todas as curiosidades fomos satisfazendo com respostas pacientes e divertidas até que a conversa derivou para um assunto bizarro e que ninguém conseguiu explicar como diabos fomos lá parar: Metrossexualidade.

O conceito "metrossexual" surgiu nos anos 90 da junção de "metropolitano" com "heterossexual" e define um homem que revela um especial cuidado com a sua aparência e imagem, gastando para tal grandes quantidades de tempo e dinheiro. Esta concepção dum homem urbano cheio de mariquices fez muita confusão na cabeça das nossas interlocutoras, de tal forma que tivémos de desmistificar muitas ideias que à comum das mulheres polacas poderão ser assombrosas mas que para muitos comuns portugueses acabam por ser gestos quotidianos, comuns e automáticos.

  • Usar cremes hidratantes e produtos específicos para a higiene da pele - Não necessariamente o after-shave mas um anti-rugas, um revitalizante e até mesmo um contorno de olhos. Junto a este pacote o esfoliante facial, a espuma de lavagem do rosto e penso que não estou a exagerar. Na prateleira da casa-de-banho dum homem moderno vêem-se estes produtos com a mesma naturalidade que se vê um notebook na sala duma mulher executiva, julgo eu. Se tratamos do sorriso com produtos próprios (pastas, géis, elixires, fios dentais, etc.) porque não fazê-lo no resto da imagem física?
  • Depilação das zonas púbicas - Da mesma forma que um homem gosta de ver uma vagina arranjadinha e cuidada (pelo menos este homem gosta), uma mulher também dispensa penugens exageradas. Este tipo particular de vegetação não é considerado reserva natural, o desbaste é permitido e até encorajado por vários motivos. Por questões de higiene pessoal, por questões de estética, por questões de conforto. Há menos odores desagradáveis e menos riscos de desprendimento de pêlos incómodos nos momentos em que toda a concentração é exigida. Não cabe na cabeça de ninguém abrir o presente e encontrar um farfalhudo Sandokan ou uma Rapunzel de carapinha, vade retro!
  • Tratar das unhas e cutículas - As mãos revelam muito do carácter das pessoas, as unhas devidamente limpas e tratadas revelam um homem que se preza. A manicure deixou de ser um mimo exclusivamente direccionado às mulheres para ser um ponto de encontro macho, homens que querem evitar o embaraço de segurar na delicada mão feminina com os seus dedos descascados, peles eriçadas, panarícios infectados, crostas encarnadas ou cabeças de dedo disformes com unhas roídas até ao sabugo. Importantes documentos são assinados, cumprimentos decisórios são efectuados, gestos marcantes são feitos, primeiras impressões são criadas com as mãos. Nada como mantê-las em óptimas condições.
  • Definição dos pêlos visíveis a olho nu - Refiro-me às sobrancelhas, cílios nasais, pêlos do ouvido externo. O camarada Cunhal era um homem de convicções fortes e só nesse contexto se explicam as suas sobrancelhas hiperpilosas. Um sobrolho à Cantona também não dá ares a nada a não ser que tenhamos um ganda fio de ouro com o cérebro da corvina ao pescoço dum peito semelhante ao pinhal de Leiria. Feio é também ter ramos de hortaliça pendurados nas narinas ou uma mancha escura na concha do ouvido, dá a impressão de ser difícil respirar por aquelas ventas ou de não se ser capaz de reter um nome ou número de telefone porque as palavras não conseguem romper aquela barreira vegetal. Já agora, um toquezinho nas axilas também não era mal pensado.

Não entrei na questão das marcas de roupas e sapatos porque isso seria entrar num capítulo de preferências pessoais. Nem toda a gente gosta de roupa laranja ou ténis cor-de-rosa como eu gosto, mas concluiu-se que o homem português (pela amostra daquela mesa) ciuda-se. Já não é o macho lusitano que cheira a cavalum, que limpa a cera dos ouvidos com a unhaca, que pinga espuma de cerveja pelo bigode, que coça os gomos sem escrúpulos e que tem barba até aos pés. O espanto das nossas amigas ao ouvir os nossos relatos de hábitos corporais fez-nos acreditar que estamos no bom caminho e que - aparentemente - contribuímos para a melhoria (na minha modesta opinião) da imagem que os portugueses têm perante os polacos, polacas neste caso. Elas nunca tinham "ouvisto" falar de um par de tóinos barbeados, camano! Não conseguiram imaginar o toque dum escroto com pele de bebé cheirando a CKone, por exemplo. q:D

Será paneleirice? Será palhaçada? Será mariquice ou sinal de moleza? Como tudo na vida, há quem concorde e quem não o faça, contudo e de certeza, a partir daquela noite a vida não será mais a mesma para aquelas almas que se sentaram conosco à mesa do Lemon. Imagino o que iria naquelas cabecinhas a caminho de casa...

ps - Tive mesmo para comprar um portátil cor-de-rosa. Só não o comprei porque teria de gastar imensa saliva para convencer a gente que o hábito não faz o monge.
Vem branco, também serve.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Vaiam comprando camarão, camano!

Contam-se pelos dedos duma mão os dias que faltam até voltar a pisar solo algarvio. A necessidade é muita, há muita coisa que não faço há demasiado tempo. A saber:
  1. Comer peixe - O peixe que chega em Varsóvia é principalmente peixe do Báltico, peixe gordo como Arenque e Salmão. Sim senhores, o peixe é fresco e de boa qualidade mas não é páreo para uma senhora sardinhada no pão, um casal de cavalas ou carapaus assados, um pargo no forno ou um rabo de corvina cozido com batata e ovo como a minha tia faz. O peixe atlântico é que é bom e já vai fazendo falta.
  2. Ouvir português na rua - O momento em que notamos que estamos há muito tempo longe da terra é quando reparamos que já não nos estranha ouvirmos as pessoas falarem esta língua do demónio. Cada vez que se ouve o idioma de Camões nas ruas de Varsóvia eu giro a cabeça e apuro o ouvido para determinar o sotaque, sinal das saudades da nossa linguagem.
  3. Beber minis ou imperiais de tamanho decente - Sempre que bebo uma imperial estou a emborcar meio litro de cerveja. Beber 3 ou 4 imperiais, coisa banal em Faro, representa ingerir 2 ou mais litros com as consequências nefastas que isso traz aos aparelhos hepático e urinário. Noto que vou ficando mais resistente ao álcool (apesar de uma noite destas ter acordado na estação de metro errada) mas uma superbike de 0,25 fresquinha sabe a pato. Penso ser essa a primeira coisa que farei quando aterrar em Faro, voar à do Rogerinho e mamar um rebuçadinho daqueles.
  4. Ir à bola - Ver o Farense, naturalmente, numa deslocação ao Alentejo e papar um cozido de grão com bons amigos como fazia há anos. Em Aljustrel serviram-nos uma pajela de grão que dava pra matar a fome a um exército. Copos, mamagem, bola e tralalá. Celebrar a boa vida com boa malta.
  5. Ver o mar - Lembro que este foi o primeiro Verão da minha vida sem mar e custou-me um bocado. Irei certamente sentar-me na minha praia várias vezes nestes dias, aspirar a maresia de Sul que sempre fez parte de mim e reflectir na Ria Formosa, qual lâmpada do aeroporto, as resoluções para o novo ano. Muito preciso do ar do mar e também de patinhar na areia. É o meu elemento, o meu habitat natural.
  6. Falar algarvio - No Algarve fala-se muito mal português, verdade seja dita. Isso dever-se-à possivelmente à imensa variedade de sotaques que existem, as pessoas de Lagos não falam como as de Loulé, as de Vila Real não falam como as de Silves, as de Olhão não falam como as de Faro (e aqui há só 9 km de distância). Por motivos profissionais tive de limar o meu sotaque para não ferir tímpanos polacos, também pela convivência com varsovianos já começo a adquirir a sua musicalidade da fala. Espero regressar à terminologia de Faro o quanto antes pois sinto perder a minha identidade sempre que falo com alguém em português.
  7. Comer sem olhar para o relógio - Seja por causa do trabalho ou pelas pessoas que nos aguardam depois do jantar, comer nesta terra tem sido, para mim, sempre um acto de emergência. Recordo patuscadas de colar o almoço ao jantar na casa do Nélson na Amendoeira ou de grandiosas e lentas refeições à do Baranito. Pôr a escrita em dia em torno duma açorda de marisco ou duma cataplana de carne, duma entremeada estaladiça ou dum feijão com massa.
  8. Ver o azul do céu - Acreditem-me, não damos o devido valor a esta situação. Olhar para cima e ver tudo invariavelmente cinzento é do mais ruim e chato que possamos imaginar. O céu azul tranquiliza, motiva, renova. Mais do que um momento de matar saudades, ir a Faro será um acto de reciclagem que tenho de fazer com rapidez.
Esta partida em breve justifica igualmente a falta de internet em casa. O contrato anterior vigorou até 1 de Dezembro, estava em nome da anterior inquilina e aguardo por ora a chegada das promoções natalícias para enfeirar o pacote que mais me convenha. Daí que os posts sejam mais espaçados no tempo, lamento o facto mas tem de ser. E o que tem de ser... tem muita força.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

PM Misha - XXXV

Atravessando mais uma era de trevas devido a inexistencia de internet em casa, cumpre-se hoje mais uma etapa neste longo caminho a que se chamou "vida".

Escuso-me de fazer consideracoes sobre os meus 35 anos que hoje cumpro, so peco a quem de direito que me faculte, pelo menos, a mesma saude e sorte que tenho recebido ate agora. Penso que nao sera pedir muito e ficarei bem satisfeito se tal acontecer.

Presentes? So quero um, bem facil de adivinhar... Bora Vuk!

Obrigado pelas mensagens e telefonemas que tenho recebido, fazem bem ao ego e sinto-me mais perto de voces q:)

domingo, 30 de novembro de 2008

Solidariedade

Sexta-feira apareceram cá uns patrícios amigos duma colega minha, envolvidos numa acção profissional. Combinámos um jantar na Baixa também para dar-lhes a mostrar alguma coisa da noite de Varsóvia. Apanhei o metro como de costume e dirigi-me para o Centro da cidade, a carruagem estava à pinha de gente preparada para a diversão nocturna. Não os invejei pois não fiz planos para borgar naquela noite porquanto pensava apenas em jantar com estes novos amigos e aturar-me para a cama o mais rapidamente possível. Indiferente ao barulho feliz da multidão, fechei os olhos e dormitei.

Perto da estação Pole Mokotowskie começa a sobressair um som diferente dos demais, mais harmónico e agradável que se aproximava da minha posição. Era o som duma gaita de beiços que emergia do tagarelar polaco e ia silenciando as pessoas à medida que se impunha no ar. Achei curioso o contraste entre o som melancólico duma harmónica e a barulheira frenética da noite citadina e aguardei que o tocador se revelásse. Quando os passageiros se afastaram para dar passagem à gaita, um velhinho surgiu, o responsável pela melodia.

O velhinho estava bem vestido, de unhas limpas e tinha o rosto perfeitamente escanhoado aparte do seu bigode branco e bem tratado. Levava a gaita na mão direita e estendia o braço esquerdo em cujo pulso se pendurava um saco de plástico com revistasuntitled. Na máo esquerda, trémula, um copo de café onde repousavam algumas moedas, sinal de que o senhor estava a pedir  esmola.

Ao olhar para aquele senhor, que apesar de aparentemente passar necessidades não deixa de se apresentar asseado ao mundo, lembrei-me do meu avô. Este senhor também será avô mas terá menos hipóteses de dar as coisas boas que o meu me deu. Lembrei-me das caixas de Mars e KitKat que ele tinha para mim e para o meu irmão se nos portássemos bem, do extraordinário feijão guisado que me empanturrava nas tardes de Inverno, das boleias para o Ciclo ou Liceu que ele nunca me negou, da corrida que ele deu a um puto mais velho que me tinha batido na Alameda, das pizzas de 3 andares que ele cozinhava e, como esquecê-lo?, do Mini Metro que ele me emprestou N vezes quando tirei a carta de condução.

Não retirando o mérito e o empenho com que as pessoas constroem o seu futuro, a sorte beneficia uns e encolhe os ombros a outros. Esse é um pensamento que transporto comigo todos os dias, hoje estamos bem mas amanhã não temos muita certeza. O futuro assusta-me, sempre me assustou e sempre tive dificuldades em lidar com projecções a longo prazo. O mundo é cada vez mais um sítio selvagem e injusto para se viver e este tocador de gaita terá certamente estórias para contarr a esse respeito.

Fiquei fulo comigo por não ter tido sequer um zloty para dar àquele dziadek. Para expiar o pecado, pedi emprestado à Sónia um livro de Manuel Tiago para ir lendo e aprendendo mais alguma coisa sobre solidariedade. Um dia, quem sabe, teremos de agarrar na gaita e tocar a melodia da nossa vida a alguém que se comova conosco.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Now you see me, now you don't

Varsóvia, 12:30

Temperatura: 13º C

Varsóvia, 16:30

Temperatura: 3º C

O sol anda a gozar comigo. Fdp...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Atão na sabes?...

O European Social Survey aponta os portugueses como o povo mais "tristonho" da Europa, em par com a Bulgária e Ucrânia.

É interessante concluir que Portugal tem tanta esperança no seu futuro como países muito menos desenvolvidos e que nunca se distinguiram em termos de obra realizada, empreendorismo ou progresso. Há muitos motivos - mais que acertados - que podem explicar a descrença dos portugueses, desde a melancolia genética de todo o lusitano até à manifesta desilusão na classe política que nada fez para melhorar efectivamente as suas condições de vida, passando pela eterna condição de "coitadinhos" com que enfrentamos os desafios mais audazes. Muito modestamente apresento 16 razões para tamanha angústia.

  • 5 razões em Alvalade
  • 5 razões no Pireu
  • 6 razões no Brasil

Posto isto, vou dormir. Dobranoc!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Pássaros do Norte

Com as primeiras neves (precoces, diria) da estação, a paisagem de Varsóvia modifica-se. O branco frio substitui o verde fresco dos jardins e cantos da cidade, não vemos mais regatos a cantar melodias àqueles que passeiam nas suas margens pois as suas águas emudeceram congeladas. Não há mais minissaias para alegrar a vista se bem que algumas polacas continuam corajosamente a exibir o pernil indiferentes à agrura do termómetro. Os óculos de sol ficam sempre em casa, tapamos o pescoço, os eléctricos e autocarros já só abrem as portas se carregarmos no botão.

Por todo o lado vê-se o frio. Nos toldos de chapa dos quisques onde os pingos gelaram e ficam suspensos no ar como uma estalactite urbana. A população parece outra, parece que as pessoas que moravam cá no Verão foram-se embora e apareceram os inverneiros no seu lugar. Os inverneiros não têm paciência, não sorriem, não são expressivos. São seres tristes e que entristecem os outros. Mas existem outros habitantes de Varsóvia que mantêm-se nos seus postos indiferentes à estação do ano: os corvos.

24112008 Varsóvia tem o corvo em monte e quando eu falo de corvos refiro-me à espécie de pássaros negros que são corvos, que são da família dos corvos ou que nem são corvos nem da família mas parecem-se muito com corvos como as gralhas. Estes passarões meteram-me um bocado de medo nos meus primeiros tempos nesta terra, eles pulam por cima da neve em busca de alimento e atiram um pio metálico se nos aproximarmos demasiado deles. Fitam-nos com o seu olho gordo e cinzento junto dos quiosques das zapiekankas e atacam à falsa fé se eventualmente deixarmos cair um pedaço de cebola ou migalhas de batata frita.

O canto destes corvos e gralhas é manifestamente desagradável. Empoleiram-se nos candeeiros da cidade ou nos tapumes das obras e ladram a quem passar perto, como que mandando passo rápido às pessoas, fazendo-as circular, mantendo a ordem na cidade. A música destas aves é amarga, combina com o cenário de Varsóvia no Inverno e avisa as pessoas que o tempo não está para brincadeiras. Todos os dias cruzo-me com estes típicos animais, eles despacham24112008(001) -me sempre com dois ou três pios àsperos e afocinham na neve à procura de minhocas ou pão perdido. Não perdem muito tempo comigo pois não têm interesse nenhum em socializar com alguém que não lhes irá acrescentar nada às suas vidas. Eu entendo-as e respeito a sua atitude. Afinal, há tantas pessoas como eles nesta terra...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Rufam os tambores ao longe

Voltam a pairar nuvens negras na Europa Central após o incidente verificado na Geórgia. A comitiva do presidente da Polónia Lech Kaczyński foi atingida a tiro ao passar junto da Ossétia, quando regressava a Tbilissi depois duma incursão pelo interior daquela república do Cáucaso.

O presidente da Geórgia Mikhail Saakashvili comemorava o 5º aniversário da Revolução que o guindou ao Poder e, sofrido o ataque, informou o seu homólogo polaco da presença de tropas russas estacionadas naquelas posições fazendo postos de controlee a suspeita de fogo russo sob o comboio presidencial surgiram de imediato. É inevitável recordar as tensões criadas entre Moscovo e Varsóvia aquando da intenção da Polónia em querer instalar um 610x escudo americano anti-mísseis  e do frontal apoio que o presidente polaco prestou ao congénere georgiano durante o conflito de Agosto.

As recentes afirmações de Medvedev ao declarar Mikhail Saakashvili como "um cadáver político" contrariam as idéias que se tinham criado duma apaziguação no Cáucaso, os ânimos estão aparentemente bem exaltados e a chuva de chumbo que Kaczyński sofreu são prova de que a paz está longe. Por seu turno, polacos e georgianos apontam claramente a Rússia como responsável por este incidente ao assinalarem que os soldados envolvidos no tiroteio "falavam russo", língua que os ossetas também falam. Para além da versão oficial, há uma outra. Os tiros, de acordo com esta segunda versão, terão sido disparados para o ar, por milícias ossetas.

Do que não restam dúvidas é da acção de pressão psicológica constante que o Kremlin faz sobre os países do seu antigo quintal, Polónia incluída.

domingo, 23 de novembro de 2008

Trevas

Por muitos motivos, alguns daqueles largamente divulgados neste espaço, viver e trabalhar nesta cidade é um desafio constante às capacidades de resistência psicológica, adaptação a um clima ríspido, coabitação com pessoas agrestes, disponibilidade para aprender um idioma inventado pelo Demónio na perspectiva de se alcançarem mais e melhores oportunidades de trabalho que permitam atinigir um razoável patamar de qualidade de vida. É mesmo isso que torna a vida na Polónia tão interessante e viciante.

Já cai neve em Varsóvia, o famoso "manto branco" cobre a capital polaca uniformemente e significa que o Inverno está a curta distância. A luminosidade é escassa e por volta das 16:30 já é noite cerrada. É preciso aprender a andar, equilibro-me nos degraus das ruas para evitar espalhar-me ao comprido se eventualmente escorregar na fina camada de gelo que se forma nos passeios. Barafusto cada vez mais com o frio que me penetra nos ouvidos e vou ponderando cada situção que me obrigue a sair de casa e enfrentar o clima continental qwawaue já se abateu na Polónia. Recupero as imagens do último Fevereiro e antevejo pontapés em tufos de neve para aliviar a depressão.

Como remate para uma semana de grande borga, fui convidado para comparecer no aniversário dum dos bares mais badalados de Varsóvia, o Lemon. Apesar de rotíssimo pela exigência da semana, o briol que faz e embora tenha jogo daqui a três horas, a possibilidade de provar um pouco da alta roda varsoviana não deixa de ser atractiva e 4-quatro-4 convites em meu nome para tal evento não são de desperdiçar. Tá mesmo à conta - um para mim, outro para o Giga e dois para as nossas acompanhantes. Pronto, lá vou eu ter de passar a ferro e preparar a roupa. Pronto, lá vou fazer a barba. Pronto, lá vou eu pôr gel no cabelo e...

Epa... Que diabos vem a ser isto?? Já? A sério, é mesmo verdade? Não pode ser, ainda não está na altura! Tive de vir para este país para que isto me acontecesse?? Nããããããão!!!!!

Um cabelo (de reflexo) grisalho. A partir daqui é a andropausa, o alzheimer, a próstata, a hipertensão, a gota, a algalia, a colostomia, o fim.

Será que vais mesmo dar fim de mim, Varsóvia?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Querido Diário,

Po raz piąty w tym tygodniu!

Querido Diário,

Hoje é sexta-feira. Consegui adiar/cancelar os compromissos que tinha para a manhã de hoje e em boa hora o fiz pois consegui dormir 8 horas muito necessárias em virtude da extraordinária cadela que apanhei ontem com o Giga no Klubu. Durante a tarde fiz os serviços mínimos e agora preparo-me para ir jantar com o pessoal mais uma vez.

Estou preocupado comigo próprio, Diário. Tenho comido mal, bebido bastante, dormido misérias e em localizações cujo nome me custa a pronunciar. As pessoas dizem-me que estPicture_091ou com bom aspecto mas o estômago arrepia-se só de ouvir dizer Tyskie. Mais daqui a pouco terei de fazer a imperiosa visita às tremendas sextas-feiras do  Opera para que o roteiro nocturno de Varsóvia que preparei para o moço fique com mais uma etapa cumprida. Ele até já foi mais cedo para o Centro pois conheceu uma miúda que o levou logo na primeira noite para o Platinum e quer trabalhar a canita.

Por isso não sei o que fazer hoje, Diário. A alma pede mas o corpo rejeita. Tem sido uma borga pegada que começou na noite de segunda e perdurará mais duas noites, resisitindo à solução fácil dos "redbulls" da vida. Tenho a sensação de estar a viver um interminável fim-de-semana e ainda hoje é sexta.

Dá-me forças, Diário, pois vou para a noite de Varsóvia. Pela quinta vez esta semana!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Konfuzão matinal

waw1 Manhã de Quinta-feira. Pestanejo com o ruído de largas gotas de chuva caíndo no parapeito metálico duma janela anónima em Varsóvia. Aos pés da cama, roupa apressadamente espalhada. A meu lado jaz um corpo louro, despido e tresandando a sensualidade. Vinho tinto, cigarros, cds, o pc ligado no YouTube. Ardem-me os olhos de estranheza e procuro recapitular os passos perdidos entre o Enklawa e Bielany.

Visto as roupas que cheiram a noite, componho o gel seco, molho as olheiras e saio para enfrentar a vida. A chuva cinzenta sacode-me a sonolência e esforça-se por despertar-me os sentidos, batendo um compasso bem diferente do que me embalava horas atrás. Olho em redor para identificar as minhas turvas latitudes, procuro um farol chamado metropolitano e identifico a estação. Tento a ler a placa no edifício baço:

"Wawrzyszew"

Porra...

Tás tão caladinho, boy!

Prezados leitores, devo-vos uma palavra que explique a falta de novos artigos neste blogue.

Tudo deve-se ao facto de ter recebido a visita do grande companheiro Giga que decidiu-se finalmente a conhecer a capital polaca ao fim de incontáveis visitas à maravilhosa cidade de Cracóvia. Tenho servido de guia turístico ao meu Amigo, mostrado todos os cantinhos pitorescos desta fascinante cidade e essa tarefa, acrescida ao trabalho constante, rouba-me tempo precioso que devia ser empregue no blogue. Lamento a ausência e prometo um regresso tão célere quanto duradouro com muitas novidades para contar.

(versão para os munines)

Maltinha, o Giga tá cá e tem sido todos os dias a fundo! Fai camano, até o Barack Obama! q:)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

...que no tempo nos trará saudade duma página bela da história...

Quem é do Farense tem de se sentir de luto, morreu o Mané.

Manuel Ferreira Lins tinha 44 anos, 6 deles passados a defender as cores do SC Farense onde foi protagonista do episódio de ouro da nossa história - a final da Taça de Portugal 1989/1990. Mané marcou o 2º golo da vitória por 2-1 na meia-final contra o Belenenses. Eu e uma mole de gente fomos à Praça de Tânger recebê-lo e aos nossos heróis nessa madrugada de 5ª-feira, carregámo-lo ao colo enquanto ele agradecia em lágrimas, talvez pagando as lágrimas que derramei comovido no Liceu ao ouvir o relato das incidências desse jogo no Restelo.

Anos mais tarde cruzei-me com ele nos relvados do Algarve, jogava eu no maneCampinense e ele no Padernense e fomos apadrinhar a apresentação da sua equipa em Paderne, eles na 3ª divisão e nós na 1ª distrital. A meio da 1ª parte há um penalti para o Paderne, Mané para cobrar. Eu pego na bola, entrego-a em mão e para tentar desestabilizá-lo entro em conversa com ele.
"Mané, vamos lá ver se eu ainda me lembro para onde atiravas os penaltis quando jogavas no meu Farense". Ele sorriu e respondeu: "vamo lá, goleiro". Ele atirou para o mesmo sítio de sempre e eu estava lá para defender. No fim da jogada Mané passou por mim e cumprimentou-me de polegar no ar: "valeu, cara!"

Posso dizer que defendi um penalti do Mané, jogador que pisou o Jamor e que acabou de assinar pela selecção do Céu. Descansa em paz, Campeáo, porque há muito que ganhaste o teu lugar no plantel eterno do Farense.

PS - Por imperdoável lapso de memória, não referi que o Mané foi um dos responsáveis por uma das maiores atracções da Praia de Faro. Falo das jogatanas de futevolei / peitada disputadas em frente ao spot do Fava, desporto que este nosso amigo trouxe para a nossa praia e que tão simpaticamente nos ensinou a praticar. Obrigado pelo lembrete, Cartaxinho.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sunday morning, brings the dawning

A manhã de Domingo é um conceito há muito tempo arredado do meu dicionário. Só me lembro de ter manhãs de Domingo até à idade de júnior, em que o pessoal juntava-se na sede do S. Luís para a concentração antes dos jogos que eram disputados, regra geral, às 11:00 da manhã. Às vezes íamos jogar a Silves ou a Castro Marim e  concentração tinha de ser às 8 da matina, o que me fazia pular da cama às 7. Isso nunca foi sacrifício para mim porque para jogar à bola sou capaz das maiores maluqueiras, era até capaz de conduzir daqui a Piaseczno em hora de ponta! (10 km 2115247051_8e639755dfquee se fazem em duas horas e meia). Em condições ditas normais, as minhas manhãs de Domingo são passadas integralmente a dormir.

Esta foi uma manhã de Domingo como muitas, amallhado e a pôr o sono em dia depois da magnífica noite passada no Opera Club. Pisquei os estremunhados olhos dez minutos antes da campainha da porta me recordar que tinha uma visita agendada para a tarde, abri a porta indecentemente descomposto e acomodei a visita enquanto preparava o duche da ordem. Entre uma pizza carbonara, gelado de chocolate e Apfelstrudel as horas passaram-se mais que bem, entregues aos prazeres gastronómicos, culturais e tal e coiso.

Quando a visita terminou sentei-me ao computador para fazer as compras da semana e sorri revendo a maravilha que foi esta tarde de Domingo. Subitamente um raio de tristeza atinge-me, uma profunda pena, uma sensação de perda que quase me traz lágrimas aos olhos.

"Hummmm... Para o dia me te corrido tão bem alguma coisa há-de me acontecer para compensar, isto é demasiada esmola para este pobre."

Pois...

sábado, 8 de novembro de 2008

É muito jogo!

Tanto insisti que consegui regressar às balizas, agora posso contar aos meus netos que o avô deles "jogou no estrangeiro". Ainda não é num campeonato nacional ou distrital como pretendo, talvez para o ano, mas numa liga para empresas da cidade de Varsóvia. Um torneio disputado em fases de grupos com play-offs de acesso às finais e para determinar as posições mais baixas da classificação. É um campeonato organizado a sério e que se disputa em relvados sintéticos de muito boa qualidade.

Há semanas atrás fui convidado para fazer parte duma equipa e jogar um amigável num dos campos sintéticos do complexo desportivo. Fiquei muito bem impressionado com o piso e qualidade das estruturas mas mordi a língua ao imaginar-me a cair naquele terreno que deverá estar gelado nos meses fortes do Inverno. Passaram-se dias e regressei à Warszawianka para disputar a primeira partida do torneio. Saco cheio de camisolas e calções, alguns 2 pares de meias, gorro e o diabo a quatro para o que desse e viés26102008(002)se. Saí do balneário em direcção ao campo para aquecer e no lugar em que eu tinha visto os sintéticos descobertos encontro uma tenda gigantesca que cobre ambos os campos.

Uma estrutura que mantém a temperatura a níveis muito agradáveis no interior, protege os intervenientes do vento, chuva ou da neve que cairá em breve, causando uma atmosfera bem mais acolhedora a jogadores e público. Uma agradável surpresa e uma obra de feliz resultado que eu não esperava ver nesta terra. Inspirado por nunca ter jogado num Silverdome deste calibre, engatei e fiz uma joga fixe contribuíndo para a primeira de muitas vitórias - espero - da minha equipa. E nem foi preciso muita roupa.

Comparando com a do Liceu? Esta relva dá 10 a 0 q:D

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O cúmulo da fundura

04112008 Pronto, já parvejou. Saí à rua confiante numa benessezinha que poderia haver mas não tive sorte nenhuma, já tá briol e não é pouco.

As férias que o clima continental deu a Varsóvia já terminaram e as frentes frias vieram recordar os habitantes desta cidade que é tempo de ligarem o aquecimento central e vestirem mais uma camada de roupa antes de saírem de casa. Os termómetros acusam misérias de 4º e 6ºC que seriam até suportáveis se não fosse a brisa malvada que insiste em golpear-me os lábios e a pele das mãos. Eu que não curto nada capotes e agasalhos terei de considerar a luva de lã e o cachecol para ir ganhando hábito ao frio.

03112008(001)O arrefecimento súbito dá cabo da moleirinha das pessoas, os meus amigos portugueses barafustam e gemem pragas ao mau tempo. Outros conformam-se e confortam-se com mais uns trapos em cima do pelo e há mesmo aqueles que não conseguem funcionar nestes tempos de frio escuro, começando a ter curto-circuitos nos fusíveis. Uma boa prova da vacuidade mental que os assalta é o diálogo que se passou entre meus colegas de trabalho.

Ele: - [A cumprimentar alguém que passou no corredor] Boa tarde!

Ela: - [A ratar nervosamente as unhas] Quê?

- Nada, estava só a cumprimentar um gajo que passou no corredor.

- [A enrolar o cabelo] O Bonga? Quê?

Tá tudo esmifrado e ainda vamos a meio do Outono, este ano vamos bater no fundo.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A Propósito de pastéis de nata - 2

Natas! There are some, but only a few. Orląt Lwowskich, it's in Warsaw but Ursus, quite far away.

Podem tirar o cavalinho da chuva, já quase não há mais pastéis de nata na Polónia.

De acordo com uma informação colhida de fonte interna da Biedronka, os pastéis de nata foram postos à venda apenas em algumas lojas da cidade de Varsóvia por algumas semanas para aquilatar da rotação do produto. Como eu deduzi anteriormente, a introdução do produto na capital polaca serviu apenas de tubo de ensaio para calcular a aceitação no mercado de Varsóvia. Os pastéis de nata foram marcados a 6.00 pln numa primeira fase tendo o seu preço caído para 2.99 devido à escassa procura.

Partindo do princípio que muitos dos portugueses residentes em Varsóvia / Polónia (só) tiveram conhecimento da existência dos pastéis de nata através deste blogue e considerando que eu comprei-os ao preço de saldo, conclui-se que eu vim a saber tarde da existência dos mesmos, vocês vieram a saber tarde porque eu tarde divulguei a notícia, os pastéis andaram semanas a fio nos congeladores da Biedronka e ninguém soube disso a não ser os desconhecedores polacos. É razoável pensar-se que cada um de nós compraria pelos menos umas 4 (ou 5) caixas por mês, se eu contar apenas com as pessoas que sei que decididamente as comprariam temos que, pelo menos, 60 / 70 caixas seriam vendidas ao fim de 30 dias. Já seria uma boa rotação, se calhar a suficiente para manter o produto no mercado.

Assim, porque ninguém veio a saber de nada, os pastéis irão desaparecer quando forem vendidos os últimos existentes em remotas lojas de Ursus. Em vez do Vinho do Porto de chacha que ocupa as prateleiras do supermercado, porque não trazem os belos dos pastéis para cá? Isso sim, tem qualidade, a malta compra de certeza e até há clientes interessados em Cracóvia e Lodz, por exemplo.

Há a remota hipótese de que a acção venha a ser repetida, eu proponho uma petição ou uma greve de fome à porta da Jerónimo Martins para que o regresso dos "portugalskie babeczki" aos frigoríficos da Biedronka seja uma realidade.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Cosa Deles - 3

A Federação Polaca de Futebol (PZPN) já tem presidente e chama-se Grzegorz Lato, aquele que é considerado com o melhor futebolista polaco de sempre.

Poland_Lato_1978_L Lato é um exemplo do que se tem visto ao longo da Europa no que  diz respeito ao dirigismo desportivo, nomeadamente no futebol. Os antigos praticantes, apaixonados pelo jogo, decidem servir o desporto-rei através dos seus conhecimentos e experiências adquiridos ao longo de anos passados dentro das quatro linhas. Tal como Platini na UEFA ou Beckenbauer na Alemanha, Lato representa uma nova classe de dirigentes que não provêm das universidades de direito mas que saem direitinhos dos campos de futebol. Estes novos dirigentes penduram as chuteiras, tomam o seu duche, vestem a gravata e pegam na pasta dos documentos para ocuparem gabinetes decisórios e deliberarem sobre o futuro do futebol mundial.

Há muitas esperanças depositadas em Grzegorz Lato e os polacos esperem que ele brilhe à frente da Federação como o fez em 74 na Alemanha, quando se sagrou melhor marcador do Campeonato Mundial de Futebol. Há uma grande ilusão em torno do seu consulado pois pairam nuvens negras sobre a organização do Euro2012 devido à decisão do governo ucraniano em suspender os investimentos relacionados com o Torneio e a Polónia conta com o rigor do antigo jogador do Stal Mielec, considerado "de betão" por não ser influenciável. Lato contou com a maioria das associações distritais para ganhar as eleições e tratou de segurar Leo Beenakker como seleccionador no seu primeiro discurso como presidente eleito para que as especulações sobre a posição do holandês cessássem. Uma prova do seu carácter e um sinal de serenidade para que se trabalhe em paz.

2d1b417724301cb8c667c356f01b5a15,5,1 É uma nova página da história do futebol polaco, a devolução do  futebol aos futebolistas é um fenómeno global que verifica-se nas diversas latitudes da Europa. Em Portugal é com tristeza que verifico a incapacidade de regeneração dos dirigentes desportivos com a perpetuação das raposas que sempre denegriram a credibilidade da bola nacional. Vejo com optimismo a promoção de Rui Costa a administrador da sua SAD, espero o mesmo a Vítor Baía, tenho esperança que Paulo Sousa ou Luís Figo assumam um papel mais preponderante no seio da FPF. Basta de dirigismo sombrio e batoteiro, na Polónia já se aperceberam disso.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Próxima estação, Futuro

Mais de vinte anos depois do início da sua construção, o Metro de Varsóvia foi concluído. A cidade está agora ligada de Norte a Sul por uma longa linha que se estende por 23 km distribuídos por 21 estações (a construção de mais 2 estações está prevista para iniciar-se em 2009). Um sonho de muitos varsovianos foi tornado realidade durante o último Sábado, houve comemorações e festa em Młociny.

Muito se fala no problema do trânsito da capital polaca, uma dor de cabeça comum a muitas metrópoles mundiais mas que tem uma expressão mais significativa em Varsóvia devido à falta de estruturas de base capazes de aliviar o sofrimento dos automobilistas desvarsoviata cidade. O sistema de transportes públicos até funciona bem e consegue-se ir a qualquer ponto da cidade usando os eléctricos e autocarros, porém perde-se muito tempo em esperas e nas paragens. Ir até à margem direita do Wisła cansa só de pensar e para mim é um aborrecimento tremendo ter de visitar o baratíssimo outlet de Ursus no extremo oeste de Varsóvia. Faz falta mais metropolitano na cidade e até há planos que aguardm luz verde para que se tornem realidade.

Todavia a coisa não parece fácil, a burocracia ainda tem vestígios de ferrugem socialista e as decisões levam tempo a serem tomadas. Planeia-se a construção de mais duas pontes, uma a montante da Gdański para ligar as populosas freguesias de Bielany e Białołęka e outra a juzante da Siekierkowska para fazer a comunicação entre Wilanów e Wawer, desafogando assim parte do trânsito que é forçado a passar pelo centro. Estuda-se o traçado da 2ª linha do Metro que atravessará o rio, esperando-se assim que diminue a quantidade de pessoas nos transportes de superfície e consequentemente o número de carros a circular. Ao mesmo tempo procura-se solucionar o acesso dos passageiros do metropolitano à Estação Central que distam 400 desagradáveis (de Inverno) metros um do outro e também enriquecer a oferta de transportes na zona da Cidade Velha, Património Humanitário da Unesco que não tem paragens próximas.

A população rejubila com a conclusão da linha de metropolitano mas eu creio que novos e urgentes investimentos são mais necessários do que de celebrações. O Euro está à porta, há pessoas para transportar com ligeireza e o relógio não pára na contagem decrescente. É tempo de olhar em frente e fazer de Varsóvia a cidade moderna que ela efectivamente pretende ser.

Porque ao olhar para a foto de cima percebe-se que é impossível não se gostar de viver numa cidade assim.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Olfacto lamore... Conamore

Não é que seja sempre que o homem quer, como o Natal, mas às vezes acontece conhecer alguém na noite e proporcionar-se "mais qualquer coisa". Nesses momentos é conveniente estar precavido e tomar as devidas precauções para evitar consequências nefastas. Numa ida ao supermercado encontrei este exemplar:

condom0001

Sugestivo... q:D

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Legia mistrz!

Legia Varsóvia teve um fim de semana em grande. O sol que banhou a cidade acolheu os adeptos do futebol e inspirou os protagonistas do Legia - Wisła de Domingo para que realizássem uma excelente partida de bola. Tenhamos em consideração o nível do campeonato polaco e o termo "excelente jogo de futebol" terá um conceito diferente do que estamos habituados (apesar do que foi mostrado pelos 3 grandes portugueses na miserável prestação que tiveram na última jornada da Liga Sagres).

Dum lado, o Legia Warszawa. O clube mais representativo da capital polaca, fundado por alturas da 1ª Guerra Mundial, deve o seu nome a ter sido criado por soldados polacos da legião do marechal Piłsudski que combatiam junto à fronteira com a Ucrânia. Foi o clube apoiado pelo Exército seguindo uma prática que era comum nos países da Cortina de Ferro como comprova a designação do seu estádio - Stadion Wojska Polskiego (Estádio do Exército Polaco).

Do outro, o Wisła Kraków. A equipa principal da capital cultural da  Polónia, eterno rival do Legia, foi baptizada com o Wislanome do rio que atravessa a cidade e resulta da fusão de três clubes de Cracóvia por volta de 1907. Tem raízes na sociedade civil de Cracóvia e o seu estádio é o Stadion TS Wisła Kraków (Estádio do Wisła de Cracóvia).

A rivalidade entre os dois clubes é considerada como a maior entre os clubes polacos por serem as equipas melhor sucedidas nos últimos anos. Apesar de não serem os que mais campeonatos ganharam* , Legia e Wisła mobilizam multidões em torno dos seus jogos em virtude de possuírem os adeptos mais fanáticos do país. Cenas de violência em que os ultras dos dois clubes intervêm são frequentes e deu azo a que a UEFA expulsásse e suspendesse o Legia das competições europeias após os desacatos de 2007 na Lituânia. Cada um destes clubes tem dérbis locais com Polonia Warszawa e Cracovia Kraków respectivamente mas é quando os dois gigantes se encontram que o país pára em frente à TV.

O clássico de ontem juntou 8500 pessoas para assistirem ao vivo ao jogo. O Wisła entrou melhor e conseguiria abrir o marcador aos 34m por um dos gémeos Brożek. A reacção do Legia deu resultado 5m volvidos com o empate a ser alcançado por Grzelak. Na segunda metade houve muitas oportunidades desperdiçadas por ambas as equipas mas o zimbabweano Chinyama estabeleceria o resultado final aos 67m. Nos últimos 10 minutos deverão ter morrido muitos polacos de idade pois entre bolas ao poste e defesas impossíveis do guarda-redes do Legia, Mucha, que defendeu pelo menos 3 "golos", aposto que alguns corações não resistiram às emoções e apagaram-se de vez. Eu adorei este clássico e não fosse a dificuldade em arranjar bilhete e o tardio momento em que soube que ia haver jogaço, teria certamente assistido ao vivo até porque tenho amigos com bilhetes de época. Fica para o Legia - Lech Poznań, outro jogão que promete.

Varsóvia esfregou a barriga de satisfeita após o desafio e eu senti parte dessa satisfação. Trabalho em Varsóvia, pago os meus impostos em Varsóvia e apesar de não me sentir varsoviano (mais silesianscan0001o, não sei explicar bem porquê) tenho de escolher um clube de futebol neste país. Naturalmente Legia!

Varsóvia ganhou o clássico no Domingo e finalizou a linha de metropolitano, 24 anos depois de ter sido iniciada a sua construção. Disso falarei mais tarde, por agora ainda saboreio a vitória do meu novo clube.

 

* Os recordistas de campeonatos ganhos na Polónia são os silesianos Ruch Chórzow e Górnik Zabrze com 14 títulos cada enquanto o Wisła tem 11 e o Legia 8. Chórzow e Zabrze estão uma para a outra como Lisboa e a Amadora, lá a rivalidade também é de meter medo.

domingo, 26 de outubro de 2008

A Aldeia da Roupa Negra

Mudou a hora mas parece que felizmente o tempo não mudou. O meu termómetro de janela regista uns simpáticos 14º C e o sol desafia-me brincalhão para que eu o visite lá fora, ele quer falar comigo. Fui dar-lhe dois dedos de conversa na varanda e enquanto regava a trepadeira ele falou-me de bola, contou-me que o Porto tinha perdido (bem e apesar das ajudas) com o Leixões. Rimos os dois da desgraça portista e expliquei-lhe que não tinha visto o jogo porque pensei que fossem favas contadas e preferi ver o recém-puxado Saw 4 uma vez que vou assistir ao 5º filme da série na terça-feira e precisava de estar actualizado com as peripécias do Jigsaw.

Concordámos que a alegria vai durar pouco já que o Sporting vai trazer certamente mais um camião do Ikea português e os índios do outro lado da rua não deverão facilitar, assim decidi que nem vale a pena comprar tabaco e tentar anular os nervos logo à partida. No meio do meu paleio com o astro-rei este sugere-me que estenda a roupa lavada a secar e promete-me que vai portar-se bem durante o dia de hoje. Meio desconfiado aceito a proposta, abro o varal e vou buscar a roupa á máquina.

Ainda de pijama, olho para o parque onde os putos brincam. Atiram areia uns aos outros enquanto sobem escorregas e penduram-se em gaiolas, outros correm a esmo porque têm de esgotar as energias próprias de quem é novo. Recordo que tenho jogo ao fim da tarde (campeonato distrital para empresas) e tenho de ter a roupa da bola seca até às 19:00, volto a tratar da roupa e volto a irritar-me com uma situação que me acontece sempre que lavo roupa preta ou escura.

Deve ser da água de Varsóvia, cada vez que a tiro da máquina a roupa vem cheia de pelinhos e pequenas poeiras dando a impressão que a roupa sai mais suja do que quando entrou. Está cheirosa, macia 26102008(001)mas carregada de sujidadezinhas que me marafam até à medula. Obrigam-me a sacanear para cima e para baixo com o rolo de papel adesivo para remover todas essas partículas, é um stress quando passo a ferro por ter de fazer dois trabalhos em vez de um apenas e metem-me a pensar que não devo comprar roupa preta na Polónia.

Mas como, se o tom escuro é o que se mais usa - e se vende - nesta terra? Lá terei de enfeirar uns trapinhos quando for a Faro pelo Natal.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

É só uma, é rápido

Às vezes um gajo diz à pomba: "Vou só beber uma ou duas com os moços, venho cedo para casa". Aqui na Polónia o conceito é bem diferente.

24102008(001)

Sim, a Tyskie é a minha preferida e não apenas por razões sentimentais q;)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

É o Leão!

Numa noite qualquer da época 93/94, o SLB recebeu o Sporting na Luz. Na sequência dum canto marcado na esquerda, Figo eleva-se entre os adversários e cabeceia para o golo inaugural desse dérbi. Punho direito no ar, a raiva transbordante, a explosão emocional, o abraço colectivo, um nome gritado em uníssono: Cherba!

Hoje vi-o no Jornal da Tarde da RTP1 de cachecol verde e branco ao pescoço e recuei 15 anos no tempo. Lembrei o extraordinário golo que marcou ao Beira-Mar em Alvalade, as arrancadas com que ajudou a URSS a dizimar a Espanha no S. Luís em 1991, a magia que emprestava a um meio-campo composto por ele próprio, Peixe, o já referido Figo e o mago Balakov. Os tempos em que ser do Sporting era uma ilusão e um orgulho que sobrepunha-se aos insucessos do Leão.

Revi o Cherba na televisão, cachecol verde e branco ao pescoço e a falar português cherbakov3correctamente. Senti o entusiasmo que ele nutre pelo Sporting, tal e qual a paixão visceral que os sportinguistas alimentam pelo seu Clube. Revi-me nele, um adepto afastado das suas cores mas com um coração que sofre como nunca rogando vitórias. O Cherba não sabe por quem há de puxar, se pelo Shakthar onde nasceu e cresceu ou se pelo Sporting onde se fez homem e cujos valores aprendeu a amar.

Ao ver o Cherba de cachecol verde e branco ao pescoço e ao ouvi-lo falar do Sporting com tanto amor regresso 15 anos no tempo e junto-me à maralha da Escola do Carmo e do Largo da Caganita para ver jogar o meu clube, rir com eles, chorar com eles pelo meu, deles, nosso clube.

Força, grande Cherba! Força, grande Sporting! Vence por nós!

edit: És o maior, Levezinho! q:D

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Postais da Polónia - 7

A herança histórica na capital da Polónia é muito importante, tem um peso significativo no dia-a-dia dos varsovianos e que é recordada em cada esquina. Nas freguesias centrais de Varsóvia (Wola, Mokotów. Ochota, Śródmieście) cruzamo-nos com muitos monumentos, placas de memória que contam um pouco da história sofrida 01092008desta cidade, pedaços de sangue polaco vertido âs mãos dos seus invasores, tempos de ferro, fogo e pólvora que dizimou a identidade do seu povo.

Começa por incomodar a profusão de pequenas recordações implantadas nas paredes de alguns edifícios ou em recantos de praças em pleno coração de Varsõvia. No cruzamento entre duas das principais artérias da capital, Marszałkowska e Świętokrzyska, o mármore indica o local onde as tropas de Hitler assassinaram 40 pessoas a 2 de Agosto de 1944. Um resto de muro em Wola assinala o preciso ponto onde outros 40 polacos foram mortos pelos nazis a 11 de Dezembro de 1943. Estes monumentos repetem-se em vários pontos da cidade e narram constantemente os episódios dramáticos desta cidade na primeira metade dos anos 40.

O incómodo causado ao assistir a tantos testemunhos de morte dilui-se à medida que a Polónia se entranha na carne, que nos habituamos ao país, que nos sentimos mais como um deles. Como diriam numa posta passada, é a aculturação que nos faz ver essa realidade com outros olhos e a sentir um pouco as atrocidades que foram feitas a este povo.

Por m26082008uitas carências que possa ter nas suas infraestruturas, por  muito atraso que possa registar no seu desenvolvimento, por muito rijo que seja o clima e a índole da sua gente, tire-se o chapéu à firmeza da Polónia e Varsóvia em particular. Sofreram sevícias, sofreram um quase genocídio, sofreram expropriações e subtracções no seu território mas souberam sempre manter a sua cultura, resiliência, idioma e esperança. É essa esperança que me move nesta cidade, a esperança que eu seja infectado pela permanente capacidade de renovação de Varsóvia.

Zobaczymy.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

200 + 1

06082008(002) 200 postas e um ano depois, parei para pensar e reflectir no que tem sido a minha vida neste país. Todas as diferenças que tenho sentido e registado neste espaço devem concerteza ter modificado a minha maneira de ser nalgum aspecto, não devo ser seguramente a mesma pessoa que era quando saí de Faro porque um ano a viver sob regras e num ambiente completamente distinto do habitat natural deverão modificar algumas coisas no ser. Sentei-me num café e passei para o papel as pequenas mudanças que, sinto, fizeram de mim um algarvio semi-polaquizado. Eis 10 delas:

  1. Já começo a falar com sotaque varsoviano, a inflectir o fim das orações. A cada meia duzia de palavras empurro a entoação final das palavras para cima ao estilo dos contos infantis. Às vezes ouço-me e pareço que sou de V. R. Sto António;
  2. Cumprimento homens e mulheres com apertos de mão, estou mesmo a ver que ao chegar à terra vou estender o braço para saudar as meninas e levar com um "tás parvo?" nos queixos. Beijinhos precisam-se, tenho de sair mais à noite;
  3. Abro portas de edifícios e elevadores para que entrem todos primeiro que eu. Os gajos são brutos que nem um pneu nos transportes públicos mas desfazem-se em protocolo quando há uma porta no caminho ou quando um velhinho chega-se perto no autocarro;
  4. Como junk-food que me pelo. McCaca, Kebabs, KFC, zapiekankas e outras merraças quejandas são aspiradas rapidamente nas deslocações entre os locais de trabalho. Ao menos a cola é light, o gesto de expiação num pecado constante ou a pequena nuance de saúde nesta cruzada diária a caminho do cancro de estômago;
  5. Faço a comida na sala. Quase todos os apartamentos em Varsóvia têm kitchenette e o meu segue a regra. Vá lá que o exaustor é potente e aspira os aromas dos pierogis;
  6. Alterei o conceito de "frio". Agora só me queixo abaixo dos 4ºC em vez dos 12ºC que me faziam resmugar em Faro. O ar é seco nestas latitudes e isso faz com que se aguentem melhor as baixas temperaturas;
  7. Bebo café. Nunca fui adepto da bica, nunca bebi café com leite ao pequeno-almoço, sempre fui menino de UCAL ou sumo de fruta mas cá mamo com cada cisterna de cafeína a meio da tarde que atá assusta. No Inverno é absolutamente necessãrio um balde de latte para dar estrica e suportar a escuridão das 16:30;
  8. Não abro a boca para concordar com as pessoas. Na Polónia é habitual, em conversação e mesmo ao telefone, abanar a cabeça em sinal afirmativo com um hum-hum de conformidade com o que dizemos em vez do típico sim, sim português. É esquisito porque parece que estamos a poupar palavras mas acaba por entrar nos nossos hábitos;
  9. Ando mais rápido. O relógio é implacável nesta terra, as distâncias são maiores mas o tempo nem por isso. A corrida entre metropolitano, elétrico e autocarro fez-se parte dum quotidiano nada habituado a estes stresses. Os dias são maiores e o ritmo é sempre elevado, Varsóvia não dá tréguas aos menos capazes;
  10. Esqueci-me de quanto vale o Euro. Tantas vezes a fazer as contas em zlotys, a adquirir produtos em zlotys, a ganhar o salário em zlotys, a comprar bilhetes de avião em zlotys, a pensar em zlotys quase que não me lembro das notas de euro. Vejo as notícias na tv e tenho de gastar algum tempo a traduzir euros em zlotys, um destrouxo;

200 postas e um ano depois creio que não sou o mesmo homem que 06072008(007) abalou de Faro em 2007. Estarei diferente nalguns aspectos, decerto, mas acredito que sinto-me bem preparado para enfrentar este país todos os dias. Mais crescido, mais apto, melhor.

Estranho esta mistura de definições, sou um algarvio adorando Varsóvia e que se sente silesiano. Que salganhada que aqui vai!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Portugal 0-0 Albânia

Inenarrável!

A "Geração de Ouro" acaba de ser substituída pela geração dos "Brincos de Ouro". - Simõesonov aqui.

Tá bem, pronto.

Começou o novo ano lectivo, novos estudantes, novas motivações para aprender português. Uma balbúrdia na escola, alunos irrequietos pela excitação própria duma nova etapa no seu processo educativo. A turma senta-se, os olhos polacos brilhantes de curiosidade anseiam pelo tom latino que por fim se faz ouvir na sala. Sorrisos abrem-se ao primeiro "boa tarde" das suas vidas. Pergunto à Agata:

- Porque é que estás aqui a aprender português?
- Porque sei que nesta escola há portugueses de verdade e a mim encantam-me os portugueses.

A mim encanta-me o meu trabalho q:D

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O que é que a gente tá aqui fazendo? - 2

Soletraram-me esta palavra pelo telefone e pediram-me para pronunciá-la:

 

Źdźbło

 

Opa, isto também já é gozar com um gajo! E depois não querem que se pergunte...

domingo, 12 de outubro de 2008

A propósito de pastéis de nata

Neste fim-de-semana reuniu-se a comunidade de portugueses de Varsóvia em torno da mesa do restaurante português cá do burgo. Um menu bem nacional onde não faltaram pastéis de bacalhau de entrada, croquetes, camarão, sardinhitas e mais umas iguarias para sentirmo-nos mais em casa durante a noite de sábado. Foi uma janta tipicamente tuga a começar pela algazarra que se fez à mesa, matei saudades das petiscadas de praia ou na casa do Baranito, onde se começa a fazer o jantar às 21:00, sentamo-nos à mesa às 23:00, rimos à gargalhada já perdidos à meia-noite e a ramona põe fim à festa às 2:00. Ali não houve polícia para controlar o ruído mas às 1:30 ainda se enchiam balões de whisky para acompanhar a troca de impressões natural entre portugueses com diferentes experiências de vida nesta cidade.

Confirmei uma idéia que já trazia desde a última jantarada que presenciei, no final do ano passado; a de que há principalmente três tipos de portugueses em Varsóvia (não sei se o padrão estende-se pelo resto do país), a saber:

  1. Os estudantes de Erasmus - Vêm para a Polónia para passar uns meses, se calhar um anito. Provavelmente aprenderão alguma coisa mas dedicam-se fundamentalmente a coleccionar louras (cervejas e miúdas) e a curtir o mais possível até apanharem o avião de volta para o Atlântico porque aqui faz um frio do caraças no Inverno. Não têm problemas de ambientação pois a sua permanência é temporária e a incompreensão do idioma polaco não os aflige. Na dúvida no supermercado, qualquer pizza congelada faz o jeito e a Coca-Cola é universal;
  2. Os quadros superiores do Millennium e Biedronka - Vêm para a Polónia com interessantes incentivos salariais (leia-se bagalhuço) para que a deslocação valha a pena, o que lhes reduz imenso o choque que a transição Portugal-Polónia origina. Pouco se sabe desta comunidade pois são muito fechados em si próprios, quase não convivem com os restantes portugueses e, segundo relatos de tugas cá emigrados há anos, nem demonstram interesse em tal;
  3. Os "outros" - Vêm para a Polónia por causa da namorada, duma oferta de trabalho, dum desafio novo, duma prova às suas capacidades ou pela louca atracção pelo desconhecido. Uns partem cedo, vencidos pela pressão criada por tanta diferença, outros acabam por ficar, atraídos pela mesma diferença. Fazem pela vida, pagam impostos, telefonam-se, encontram-se, vêm a bola juntos, socializam, contam os zlotys para o infantário dos filhos... que são portugueses.

Aqui é que tá o busílis. Os portugueses de Varsóvia que têm filhos portugueses dizem-se abandonados pelas entidades oficiais no que toca à educação das suas crianças. Não há notícias nem programas preparados pela Embaixada Portuguesa (ou pelo Instituto Camões, ou... whoever) para o ensino da língua portuguesa aos descendentes de portugueses na Polónia. Um patrício nesta cidade que tenha um filho em idade escolar obriga-se a inscrevê-lo numa escola internacional, pagando o esperado balúrdio, para que a passagem da realidade portuguesa para a polaca não seja tão drástica. Não há ensino de português para as crianças portuguesas em Varsóvia (haverá noutras cidades da Polónia?) e não se consegue arranjar um "Magalhães" por nenhum canal. Como é que as crianças portuguesas de Varsóvia aprenderão português? Quem lhes ensinará a gloriosa História de Portugal? Quem lhes transmitirá os valores da nossa Pátria? Como entenderão o sentir Português?

O Paulo disse-me que "a malta anda aqui a patinar e eles tão convencidos que por sermos emigrantes tamos cheios de papel". Acabo por concordar com ele, estou cá há um ano e recebi apenas um sinal de vida da Embaixada: um convite para as celebrações do 10 de Junho. O Presidente da República esteve cá e eu só soube pela comunicação social. Há um certo descontentamento na forma como os organismos oficiais do Estado português acompanham estes emigrantes, isso nota-se na forma como eles, emigrantes, desprezam os actuais corpos diplomáticos (os anteriores tinham boa imagem, dialogantes e preocupados segundo me contaram). A distância não pode ser desculpa pois se aparecem milhões de escudos em investimento no solo polaco também deverá haver um gesto de reconhecimento para quem trabalha na sombra em prol da reputação portuguesa na Polónia. Os "outros" levantam o cu da cama às 6:00 da manhã e levam com neve no focinho para que o nosso país seja dignificado através do seu trabalho, das suas aptidões, das suas qualificações e talento. Cada um desses anónimos portugueses é a imagem da sua Nação e reflecte todo um povo a cada momento, é uma grande responsabilidade ser-se português neste país e isso não tem sido devidamente realçado e protegido por quem de direito.

Portugal na Polónia não é só pastéis de nata.

 

ps - Tenho recebido ecos de insatisfação sobre a inexistência dos referidos pastéis nas Biedronka além-Varsóvia. Meus amigos, lamento imenso mas não sei o que vos dizer. Não sei se Varsóvia foi o tubo de ensaio para que se decidisse sobre a comercialização do produto à escala nacional. Sei que aqui os sacanas dos pastéis foram varridos do mapa e que quem eventualmente encontra uma loja com os ditos cujos guarda segredo e não se chiba. Fui ver o Suécia - Portugal a casa da Sónia, ela tinha alguns 30 de sobremesa mas não contou onde os comprou. O pastel tá má caro có pitrol, dieb! Butes fazer um lóbi?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Cosa Deles - 2

Foi criada uma Comissão Independente para gerir os destinos da PZPN até às eleições agendadas para 30 de Outubro. Salvam-se assim uma data de faces:

  • A da Polónia, que demonstra seriedade e intransigência, varrendo a sua "porcaria" da Federação sem ter de geri-la directamente, o que faria soar alarmes em Nyon e Zurique;
  • A da FIFA, que deixará cair a ameaça de atribuir derrota por 0-3 nos próximos compromissos da selecção polaca (Rep. Checa e Eslováquia);
  • A do Comité Organizador do Euro 2012, que tenta passar a imagem de capacidade e confiança de que todos os prazos e objectivos serão respeitados.

A decisão agradou a Sepp Blatter. O líder da FIFA acolheu com "satisfação contida" as notícias sobre o consenso alcançado em Varsóvia e aguarda que tudo volte à normalidade no seio da Federação Polaca de Futebol. Porém, um porta-voz da UEFA - William Gaillard - reagiu afirmando que "perdeu-se muito tempo com esta questão em vez de se atalhar caminho na organização do torneio". O mesmo responsável adianta que "fizémos tudo o possível para dar à Polónia e Ucrânia os meios necessários para cumprirem o assinado em Abril de 2007 mas estamos desiludidos com os progressos apresentados"poland1

Na minha opinião, a Polónia levou com um pau de dois bicos: Por um lado tinha de investir tempo e fundo para sanear os dirigentes fajutos que lhe minavam a PZPN. Por outro, corria riscos de relacionamento com FIFA e UEFA ao ter de interferir no funcionamento da Federação. Foi uma situação de escolher entre dois males, as consequências negativas eram aguardadas e inevitáveis.

Agora Varsóvia já conta com o apoio das instituições que superintendem o futebol europeu e mundial nesta matéria, talvez seja (sinceramente espero que sim) este o empurrão que precisava para afastar de vez as nuvens negras da desconfiança geral e montar um espectáculo que surpreenda o mundo. Eu incluído.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Venha mais um!

A minha vida é como se me batessem com ela - Fernando Pessoa

O Outono traz sempre cores diferentes. O verde vivo do Verão é substituído pelo dourado das folhas caducas e o azul do céu torna-se cinzento para que a chuva miudinha possa cair sem surpresa. A temperatura desce consideravelmente e passam-se estes primeiros dias sempre com sono. É altura de tirar a roupa mais quente da arrecadação e guardar t-shirts e calções.

O Outono marca o final da minha estação preferida, o Verão de todas as loucuras e festas, de todas as extravasões de energia, das hormonas em flor, das baterias carregadas de dia para estourar de noite. Este foi o meu primeiro Verão sem mar, sem prai29062008a, sem peitada, sem moços à do Vitinha / Fava nem no Columbus, um Verão muito diferente mas igualmente intenso que recordarei com muita satisfação. O Verão de Varsóvia tem encantos inimagináveis que escondem-se na sombra dum piquenique no Saski e exibem-se quando me estendo na relva do Łazienki  ao ouvir um soberbo Chopin tocado ao vivo. Torci o nariz ao ouvir que a época estival na capital polaca poderia ser interessante, julguei inconcebível a idéia dum Verão sem areia nem água salgada, sem minis nem bikinis. Planeei mil itinerários para fugir à secura de Varsóvia e regressar a banhos de sol algarvios mas, por ordens do destino, fiquei por cá. E em boa hora.

Agora relembro as noites de cerveja no Frascati a ver Portugal no Euro2008, as maratonas do Klubo que terminavam num amanhecer em Ursus, Filtry ou Nowolipki, os violentos pés-de-água que ensopavam o povo que não tinha por onde fugir depois de serem apanhados pela costumeira tempestade das 18:00, os gelados lambidos com demasiada sofreguidão por estarem demasiado perto das05092008 minissaias demasiado curtas das polacas demasiado perfeitas, os passeios de bicicleta por Praga e Wilanów, as festas em Powiśle à beira-rio, o mar louro na noite de Varsóvia.

Foi um Verão altamente numa cidade altamente. Se puxar a cassette mais atrás recordo que perto das 0:00 do dia 7 de Outubro de 2007 eu cruzava a fronteira germano-polaca em Görlitz / Zgorzelec, chegava por fim ao país que me adoptaria (pelo menos) um ano.

É Outono. Recordo o Verão e o último ano. Foi altamente e espero que assim continue.