segunda-feira, 13 de junho de 2016

A total falta de vergonha que grassa na imprensa desportiva portuguesa

13346626_10209412789898670_3954217130030368894_nO servilismo português é lendário, vem dos tempos bolorentos do salazarismo quando a doutrina ensinava que o português devia ser humilde e comedido. Nesses dias poucos eram os que tinham acesso à Universidade, os chamados estudos superiores, e a quem tirava o curso acrescentava-se um título ao nome - Doutor. É um uso que perdura e hoje, bem entrados no séc. XXI, os portugueses ainda chamam "Doutor" a um licenciado quer seja em Direito ou em Contabilidade ou até mesmo em Farmácia. Portugal é o único país europeu que trata por "Doutor" quem não é médico e os portugueses são os únicos cidadãos europeus que têm "Dr" antes do nome no cartão multibanco. Mais, faz distinção entre classes de licenciados pois os Srs. Engenheiros e Srs. Arquitetos têm direito a categoria própria que os distingue dos demais. É o hábito de olhar de baixo para cima, sempre modesto, sempre servil, sempre disposto a baixar as calças e prestar vassalagem aos "Doutores", aos que detêm o poder, aos maiores.

Felizmente esse costume vai-se acabando na sociedade portuguesa, seja porque af concorrência obrigou os portugueses a concluirem mestrados e doutoramentos para serem mais competitivos no mercado de trabalho e tal facto esvaziou de significado os ridículos "Doutores" de licenciatura, seja porque os ideais contemporâneos são outros e os jovens portugueses licenciados já não observam essa subserviência como obrigatória para a confirmação do seu estatuto. Contudo facilmente podemos constatar os inúmeros vestígios dum lamber de botas nojento, exemplos de uma atitude constante de veneração ao Doutor. Pego num setor essencial da sociedade portuguesa - o desporto - e tentarei demonstrar como a imprensa desportiva se transformou num instrumento de bajulação e propaganda.

O jornal "A Bola" é conhecido por ser próximo do clube com mais adeptos em Portugal. Já no tempo em que era chamada "A Bíblia", nomes como Carlos Pinhão, Alfredo Farinha ou Aurélio Márcio faziam parte dum autêntico plantel "encarnado" mas que praticava jornalismo isento, não se coibindo de criticar o seu clube quando achavam justo. Não era o triste pasquim assalariado que hoje publica manchetes mentirosas para poder vender mais mil ou dois mil exemplares, uma publicação que não tem pejo em colocar uma patranha na primeira página só porque tal torna o jornal mais apetecível. No dia em que esta manchete sobre José Mourinho foi publicada, já se sabia que era falsa, que era o seu antigo adjunto Ricardo Formosinho que iria fazer parte do seu projeto para o Manchester United. Nem 24 horas volvidas, o mesmo jornal publica a história verdadeira mas em páginas dos fundos e sem qualquer menção à gorda mentira que tinha feito caixa na edição anterior. Mas a propaganda já tinha sido feita. Do jornal "Record" não vale a pena falar pois a cartilha dos Marcelinos, Cartaxanas, Delgados e Manhas tem uma inflamada orientação lampiã bem conhecida, fomentada desde que passou a fazer parte do grupo COFINA (Correio da Manhã) e que não engana ninguém, tal como o "O Jogo" sendo que, vestindo de cor diferente, este tem a virtude de nunca se ter arvorado em orgão informativo neutro.

A bajulação tem contornos mais discretos e faz-se ver em mensagens subliminares, das quais retiro quatro exemplos avulsos do primeiro treino de Cristiano Ronaldo com os seus companheiros da Seleção Nacional antes do jogo particular final com a Estónia. O leitor que tire as suas conclusões.

RS1RS2RS3RS4

 

 

 

 

 

 

 

Vivemos tempos em que as sociedades são facilmente manipuláveis porque os indivíduos se esqueceram de pensar pela sua própria cabeça. Preferem consumir pensamentos pré-congelados do facebook e livros de auto-ajuda ou acreditar em tudo o que a comunicação social afirma. As pessoas demitiram-se da sua obrigação de pensar e preferem que os outros pensem por elas porque assim é mais cómodo. Eu recuso-me a alinhar no rebanho de néscios alimentados a soro pelos media e recuso aceitar a verdade que os bajuladores nos querem impingir, por esse motivo decidi deixar de consultar publicações desportivas. Se já não as comprava porque não moro em Portugal, agora nem com o meu clique cibernético contam.

Os políticos manipulam e os portugueses votam neles. Os media manipulam e os portugueses acreditam neles. E admiram-se que haja cada vez mais portugueses a sair de Portugal?

E uma última questão. Que parangona daria a fotografia abaixo se o protagonista tivesse mais cabelo...

João Mário

PS – E a propósito de João Mário, o que dizer desta “notícia” venenosa? Foi o pai do jogador que se lembrou de contactar o jornal pedindo para ser entrevistado? Foi o jornal que telefonou para o familiar do jogador? João Mário renovou em agosto de 2015 até 2018, ainda não passaram 10 meses!! Agoram digam que a imprensa desportiva portuguesa não tem uma agenda…