sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Calmaria

WawaPor entre os temporais e chuvadas implacáveis que têm varrido Faro, recebo notícias de tempo primaveril em Varsóvia, agradáveis 6º devolvem alegria aos que desesperavam com o frio e a neve. Os mais otimistas anunciam o início da primavera, coisa em que não acredito pois ainda estamos em fevereiro e espero mais duas ou três descargas de neve até findarem as hostilidades.

Estes 6º também têm desvantagens que se vêem principalmente nos caminhos urbanos. Como o Poder Local suspendeu a limpeza das ruas e remoção de neve dos passeios devido a problemas financeiros, a dita neve acumulou-se em sujas pilhas de vários centímetros – nalguns casos, mais de um metro – e agora derrete rapidamente encharcando os Neve passeios e transformando-os em pântanos. Uma mistura de água suja, lama e porcarias como beatas de cigarros circula nas ruas da cidade formando poças que são autênticas armadilhas nos cruzamentos e beiras de passeios. A neve que devia ter sido transportada para as florestas vai converter-se em muita água que as sarjetas levarão para o rio mas o problema é que o leito não conseguirá certamente suportar todo esse caudal e irá transbordar, causará inundações e colocará Varsóvia em pé de guerra durante uns dias.

O General Inverno ainda não se rendeu, a batalha será árdua.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Este ano dá para tudo

sportingville

Se os próprios dirigentes do Sporting gozam com o clube, porque não um mero sócio anónimo como eu?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O “lá” e o “cá”

Igreja das Carmelitas Tive duas amigas na minha casa que vieram passar um fim-de-semana a Varsóvia, convencidas pela minha persuasão e curiosas pelas impressões positivas que lhes transmito sobre a vida na capital polaca, cidade fria e austera, total antítese de qualquer terra portuguesa, principalmente duma pequena cidade à beira do mar como Faro. Movidas pela curiosidade e por quererem conhecer os fatores que levaram um algarvio a dar-se tão bem no frio, a Sofia e a Natalie apareceram em Varsóvia.

Não sei quais são os pontos oficialmente recomendados para se visitar em Varsóvia, então desenhei uma rota turística que seria do meu agrado com pontos obrigatórios de paragem do ponto de vista histórico, lúdico, gastronómico e paisagístico. Uma primeira noite com elas e o John a fazer escala no Portucale para um delicioso naco na pedra seguido dum baile de carnaval no Capitol Club onde encontrei surpreendentemente o Paulo Soska e onde estavam mais portugueses do que em Vilamoura em agosto. Dezenas de shots e gargalhadas, bundas polacas abanavam ao som do grupo de percussão que animava a noite, máscaras marotas, olhares provocantes, o calor tropical contagiava as pessoas e colava os corpos em passos sensuais de dança. Dali saímos às 3:30 para o Klubo para um segundo assalto de festa com entrada gratuita (vantagens de se ser conhecido na noite varsoviana, hehe!). Noite fechada às 6:00 com o André por um lado, o Soska por outro, o John desaparecido enquanto eu cambaleava a caminho do metro para casa com as moças. Nada que não seja normal.

Dia seguinte reservado para festa caseira em casa do Mário, mascarinhas de carnaval em tons mais tranquilos que caminhavam para um final feliz e caseiro não fosse o Dimitri desencaminhar-nos para o Powiększenie para mais um par de imperiais e música maluca. É um pouco complicado gramar drum&bass quando o cérebro ainda está em tilt devido à noite anterior mas eu até tinha curiosidade em conhecer este clube da Nowy Świąt e não me arrependi. Finalmente, às 4:00, casa e os carinhos da Ewa para me restaurarem.

Domingo foi o dia escolhido para passear pela cidade e para mostrar Varsóvia às turistas minhas amigas só que o tempo não estava solidário com a vontade delas e resolveu atirar um carregamento de neve devidamente acompanhado de rajadas de vento que levavam os flocos a baterem nos olhos como se fosse areia gelada. Os passeios do Caminho Real, zona nobre e a mais bonita da capital, na minha opinião, estava (e ainda está) obstruída com montes de neve suja que dificultam a Plac Zamkowy circulação de peões desde a Trzech Krzyży até à Plac Zamkowy e toda a Krakowskie Przedmieście estava empapada, impedindo que a passeata tivesse sido mais agradável. Segundo apurei, a Câmara Municipal deixou de limpar a neve das ruas porque é demasiado custoso remover a neve que cai constantemente e não há fundos suficientes para repetir as operações de limpeza dia após dia. Parece que estão à espera de que as temperaturas subam e que a neve derreta por fim, o que será catastrófico pois as zonas mais próximas do Vístula sofrerão inevitáveis inundações e o resto da cidade será invadida pela lama que resultará da mistura da neve derretida com terra das estradas sujas ou dos canteiros de relva entretanto destruídos por estacionamentos selvagens. Contudo, com ou sem neve, o castelo é sempre imperial, a igreja de Sta. Cruz continua a guardar o coração de Chopin (segundo reza a lenda), Kiliński lá está de espada em riste fiel no seu posto de guardião da Polónia e os pierogis da Cidade Velha foram provados e aprovados.

Acompanhei as minhas amigas no regresso a Portugal onde me encontro afim de resolver questões pessoais. Está uma ventania terrível, um temporal na praia que não tem meio de abrandar. Os próximos dias não vão ser muito agradáveis devido ao sucedido há um mês atrás e todas as situações inerentes que se vão seguir, além de não ter feitio para trabalhos de paciência, o contexto em que os vou fazer transtorna-me profundamente.

Mas este céu azul e o sorriso da famíla…

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Uma boa notícia

Andrzej Lepper, ex-Ministro da Agricultura e ex-Vice Primeiro-Ministro na legislatura de Jarosław Kaczyński, foi condenado a dois anos de prisão efetiva por assédio sexual. Lepper, personalidade controversa no universo politico da Polónia, foi dado como culpado após terem sido provadas os seus avanços sobre uma funcionária do Gabinete do seu partido em busca de favores sexuais após um julgamento de grande impacto mediático devido à importância a do réu.

WARSZAWA LEPPER BANKOWCY SPOTKANIE Este caso tem uma importância acrescida devido à componente simbólica do veredicto. Andrzej Lepper é um homem boçal e arrogante, defensor duma doutrina tradicionalista e férreo apoiante da conceção de “Polónia Rural”. Os polacos na sua maioria não gostam deste homem e vêm nele o protótipo da mentalidade retrógrada de algumas franjas da sociedade polaca: O conservadorismo exagerado, a falta de educação escudada no quero-mando-e-posso da sua condição de diplomata, o arrazoado estúpido permitido por ser figura pública e, claro, rico, fê-lo granjear popularidade entre os aldeões e camponeses através dum discurso permamentemente cético e cáustico em relação à União Europeia e advogando posições mais próximas da Rússia vizinhos de leste (Ucrânia e Bielorrúsia). Lepper faz lembrar um pouco Silvio Berlusconi na infelicidade das suas tiradas, na inconveniência das suas declarações. São célebres as suas frases “É impossível violar uma prostituta” e “Considero-me um ditador positivo

Com a sua prisão, a Polónia também condena toda uma mentalidade reacionária que quase atirava o país para o isolamento europeu aquando da assinatura do Tratado de Lisboa. Visões antiquadas e políticas erradas deram aos agricultores poderes excecionais na convicção que tendo o povo controlado – leia-se povo ultra-crente e de certa forma ignorante - seria mais fácil perpetuar o poder. A cadeia de Lepper poderá ser um sinal de que outros populistas que ainda dominam a Polónia, como o padre Ryzyk e o próprio presidente Lech Kaczyński, terão os dias contados. Para bem dos polacos e desta extraordinária nação.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Polska Niezwykła*

Stadion X-Lecia Foi anteontem encontrada uma bomba da 2ª Guerra Mundial nas obras do Estádio Nacional de Varsóvia, um artefato com 80 cm de diâmetro que foi retirada por pessoal militar permitindo o imediato reatar dos trabalhos.O episódio torna-se ainda mais insólito se percebermos que as obras do novo estádio decorem nas fundações do que resta do antigo Estádio do 10º Aniversário, uma estrutura inaugurada em Julho de 1955 e que foi durante décadas o maior estádio de Varsóvia, tendo tal engenho passado despercebido na altura.

A bomba sobreviveu intacta aos mais de 30 anos em que o Estádio se manteve ativo – A infraestrutura foi abandonada em 1989 devido aosObras do Estádio elevados custos de manutenção que o Estado não conseguia suportar – e apareceu agora à luz do dia. Estes casos não são totalmente incomuns na Polónia, já em novembro dezenas de pessoas foram evacuadas da Baixa de Wrocław após terem sido descobertos 500kg de explosivos provenientes também da 2ª Guerra Mundial.

O Estádio Nacional tem inauguração prevista para o Outono de 2011, receberá jogos da Seleção da Polónia bem como jogos grandes da Legia e do Polonia e é um dos Estádios onde decorrerá o Euro2012.

* - “Polónia Incomum”, slogan duma campanha turística equivalente ao “Vá Para Fora Cá Dentro” de Portugal.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Chocolate

Chocolate

Em exibição, no Estádio do Dragão (ou em qualquer estádio onde o Sporting jogue).

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Portugal – Século XXI

Imaginem:

mc Um país onde as pessoas não tinham o direito de exprimirem livremente a sua opinião porque o regime não as permitia, exercia uma repressão severa sobre aqueles que ousassem pensar de forma diferente, o aparelho controlava os rebeldes e castigava-os exemplarmente, havia censura nas publicações e meios de comunicação social, silenciava os divergentes.

Um país onde o povo vivia descontente, com privações económicas, asfixiadas pelos bancos que chulavam as parcas economias dos modestos e adulavam as grossas carteiras dos ricos, bancos que roubam desavergonhadamente as poupanças dos seus clientes enquanto os políticos acumulam riqueza. O Partido protege os seus boys, os yes-men, os whatever you wanna call them e demais anglicismos que o leitor aprouver. Dá-lhes cargos importantes, títulos, engorda-os enquanto o Zé arranha-se para pôr pão na mesa.

Um país onde as vozes que se levantam para denunciar aJoseSocrates corrupção que  grassa no Governo são caladas, saneadas, exoneradas, substituídas por outras vozes mais mansas, amestradas, fiéis ao dono. Não há alternativa aos pássaros que ocupam os poleiros, os que se auto-intitulam “alternativa” são mais patéticos que os outros, outras moscas mas a mesma trampa.

Manuela Moura Guedes, Mário Crespo, Marcelo Rebelo de Sousa – este de maneira mais subtil. Em comum? Denunciaram. Consequência? O cutelo. Parabéns, Portugal! Criaram o vosso próprio Hugo Chávez, hajam “Magalhães” para manter a irmandade. Pobres de vocês, feliz de mim que não estou aí para assistir à derrocada.