segunda-feira, 30 de abril de 2012

Chuck Norris não dorme, espera.

  • Não há tal coisa como a Teoria da Evolução, há criaturas que Chuck Norris permitiu viver;
  • Chuck Norris não liga para o número errado, nós é que atendemos o telefone errado;
  • Os fantasmas juntam-se à volta da fogueira e contam histórias do Chuck Norris;
  • Há mágicos que conseguem andar no mar, Chuck Norris consegue nadar em terra;
  • Chuck Norris contou até ao infinito – duas vezes;

Chuck Norris no banco 1 Carlos Ray Norris, mais conhecido por Chuck Norris, é um manancial de anedotas que nunca mais acaba, todas elas baseadas na valentia dos seus personagens e na imagem de durão como nos filmes Desaparecido em Combate ou na série de televisão Walker, o Ranger do Texas. Chuck Norris tem um número grande de fãs na Polónia, não por serem adeptos de artes marciais mas pelas tais anedotas das quais publico cinco exemplos.

Uma imagem de duro de roer talvez não seja a melhor forma de se publicitar um banco, a economia mundial já é suficientemente dura de se roer, mas o banco polaco WBK chamou o septuagenário (é verdade, setentinhas e dois) americano para dar rosto à sua nova campanhaChuck Norris no banco 2 publicitária com o slogan – Quando Chuck Norris precisa de dinheiro pede uma só vez. O resultado pode ver-se nas imagens colhidas na dependência bancária do meu bairro e que estão aqui reproduzidas bem como no anúncio abaixo que faz parte dum grupo de três reclamos que têm passado nos canais televisivos polacos, tem criado furor no país e tem feito crescer a reputação de Chuck Norris em terras polacas. Mesmo que o Texas Ranger apareça a anunciar créditos à habitação ou a Planos de Poupança Reforma porque afinal…Chuck Norris é o único ser humano que consegue dividir por zero!

domingo, 15 de abril de 2012

O que é que a gente tá aqui fazendo - 13

Praia de Faro Assuntos familiares trouxeram-me a Faro, uma viagem que não estava na ideia mas que calhou bem justamente pelo imprevisto. Foi uma surpresa para quase todos, família, amigos e eu próprio. É escusado mencionar o prazer que dá voltar a Faro e aos hábitos antigos, ir ao Estádio de São Luís assistir a mais uma etapa da viagem de regresso do grande Farense à II B – mesmo com a estúpida derrota contra o Quarteirense do meu amigo Bruno Grandão, ele que é mais Farense que muitos filhos de Faro e até chorou quando foi dispensado pelos leões do S. Luís. As imperiais fresquinhas e cheias de vida que o Vitinha serve, o rir à do Rogerinho ou em torno das mesas de snooker do Bola Branca, o cheiro do mar que tanto me contenta os pulmões, o dérbi que foi contado na primeira pessoa no artigo acima e as comidinhas algarvias que tantas saudades dão quando estamos longe delas.

E não há comidinha dessa que se preze que não leve coisas do mar, marisco, peixe ou mesmo o próprio sal que em muitas especialidades algarvias é até usado na forma de flor de sal. Os almoços na casa da minha tia são lendários e o peixe sempre teve papel principal, não fosse a dita casa na Praia de Faro, voltada para a Ria Formosa onde se apanha berbigão, amêijoa e lingueirão à mão, rabos de pescada cozida ou cabeças de pargo assado no forno cuidadosamente dissecados pelo garfo minucioso do meu tio, não raro se apanhavam meia dúzia de gulosos comensais de roda dos tabuleiros ou das travessas de carapaus e sardinhas assadas, farras gastronómicas patrocinadas pelo João da Farmácia, eventos que fizeram escola e que criaram a tradição de se comer bom peixe na casa da minha família.

Isso (e cinco gatos) implica que se tenha sempre peixe fresco em casa, implica também que se vá de propósito ao supermercado quando falta peixe, momento que aproveito para analisar preços e produtos que hajam em Portugal que façam falta na Polónia. Chegados à secção da peixaria deparo-me com esta montra.

Peixada

Peixe do Atlântico em barda à escolha do freguês, peixe para cozer, fritar ou assar. Coisa que não apanhamos na nossa terra da Europa Central, quantas vezes não sonhei com uma posta de pescada cozida com batatinha e feijão verde, com carapaus assados com salada de tomate ou conquilhas com molho de coentros. Mas não, na Polónia não se apanham montras destas e o peixe tão amado pelos portugueses cai com escassa regularidade nos nossos pratos. Vendo esta imagem de frescura marinha e sabendo o que me espera nas peixarias de Varsóvia, a próxima vez que for às compras tenho a certeza que vou fazer a pergunta que dá título a este artigo, entre dentes para que ninguém perceba.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ir à bola é demais!

Alvalade antes A alvorada tinha um cheiro diferente, o ar era mais intenso, parecia que custava a respirar. E-mails para responder do trabalho em Varsóvia e dos trabalhos de Faro, contabilistas e bancos na ementa da manhã, as chatices pelas quais passa qualquer português que tenha património por mais pequeno que seja. Assuntos familiares para resolver, decisões para se tomar, um encontro de negócios realizado na mesa de um café da Praia de Faro – negócios à algarvia – e o telefonema nervoso do Giga a apressar processos: – Vá, pá, para não chegarmos em cima da hora – disse ele. Era a palavra-chave, o carro para Alvalade ia abalar.

Parou-se na área de serviço de Almodôvar para as primeiras cervejas da viagem, o condutor a seco como manda a sapatilha mas no banco de trás não havia dessas restrições e rolavam as fresquinhas, discutia-se André Martins ou Elias, lembravam-se deslocações passadas e projetavam-se as futuras com a viagem a Bilbao a centrar as atenções. De carro ou de avião? Ainda não se sabe mas isso não é relevante, o que interessa é que vamos, reserva-se o hotel e depois logo vemos como vamos lá ter. O Toni entretanto telefonou, falou duma jogada qualquer que se está a preparar para termos camarote para vermos o Sporting – Ath. Bilbao, coisa de luxo, e disse que não podia ir ao jogo por causa do trabalho. TáAlvalade antes II   bem, da vida de cada um sabe cada qual mas pude sentir que ele estava em sangue para viajar naquele carro. Paciência, fica para a próxima. O Cristóvão também falou conosco ao telefone, esse tem fé até em jogos que estão mais perdidos que a Barca do Inferno, prognostica vitórias épicas, exibições monumentais, - Vais ver que espetamos três e mandamos passar o campo – mas lamentou não poder vir por estar retido no Algarve em trabalho. Pena, o gajo é um companheirão nestas aventuras. O Ruben, outro doente, mais pessimisticamente ligou a dizer que não ia. – Epa, oito horas é muito cedo, não consigo ir. – Mas o jogo é às 20:15! – Ai é? Ah, então assim já posso ir – como se quinze minutos fosse uma diferença gigante. Mais portagens, uma absoluta e indescritível roubalheira, limites de velocidade milimetricamente cumpridos e chegou-se a Lisboa bem mais rápido do que se julgava, sem trânsito na Segunda Circular, as torres amarelas de Alvalade a espreitar entre os prédios até se revelar o templo leonino à descida para o Campo Grande, estacionando o carrinho no parque do estádio, seguro e sereno. Mais uma latinha de Super Bock para atamancar a ansieade, avaliou-se o estado do tempo para perceber se valia a pena levar casacos para o campo e meteu-se pernas na direção d’ O Difícil, restaurante habitual da minha maltinha em dias de jogo, para a refeição da bola: Uma bifana e uma imperial. O Ranheta, outro sportinguista do tempo das cadeiras de pau, juntou-se ao grupo. O Giga e a Ana pediam carnes, eu com zero de fome sentia o aproximar da hora e só me dava para engolir imperiais, lanchei cerveja, estava desejando entrar no estádio ainda que faltassem duas horas para o jogo. Reparámos numa escaramuça no exterior do restaurante, o folclore do costume com a Polícia de Intervenção a fazer duas detenções à nossa frente, corridas para a frente e para trás, cacetadas e povo a procurar entrar no restaurante como abrigo, nada de novo. Por fim fomos para o estádio com meia hora para o jogo começar a tempo de ver as coreografias na entrada das equipas no revado, momento de grande beleza que deixou de ser consagrado nas transmissões televisivas.

Alvalade viveu uma noite de festa, mais de 45.000 sportinguistas a cantar do primeiro ao último minuto num apoio incondicional apropriado ao momento, o dérbi nacional. Cedo no jogo apareceu o penálti de Luisão sobre Van Wolfswinkel e o primeiro momento de ansiedade, a enormidade de tempo entre o apito do juíz, o chuto na bola e a consequência, segundos com a cara enfiada nas mãos, beijos no emblema, figas e rezas, apelos a intervenções sobrenaturais para o desfecho desejado, bola para um lado e guarda-redes para outro. Um cigarro para acalmar os nervos, sem eficácia porque o nervosismo aumenta com o passar do tempo. Estranho todo esse nervosismo porque o jogo estava controlado, as investidas dos rivais perfeitamente manietadas mas os anos que levo de sportinguismo ensinaram-me a acreditar nas vitórias só dois minutos depois do árbitro apitar para o final. Capel ao lado, Izmailov à figura, as oportunidades sucediam-se e eu a pensar que “ainda havemos de lamentar todo este desbarato”. Patrício não tocava na borracha, Polga – o meu ódio de estimação – limpava tudo, Insúa e João Pereira espetavam agulhas nos flancos adversários, Elias enchia o campo e secava o sangue a quem pisasse o seu quadrado, Matías jogava como se tivesse comprado um terceiro pulmão e o intervalo chegava para mais um cigarro de alegado sossego tal como se eu estivesse na minha sala em Varsóvia, uma fantasia porque o tabaco só dá é cabo da cabecinha a uma pessoa.

Veio a segunda parte e mais do mesmo, a bola com os outros, sempre com os outros que felizmente não sabiam o que fazer com ela, não a queriam, a bola atrapalhava, empatava, não dava jeito tê-la e por isso alguém a passou para Van Wolfswinkel e diz “vá, faz golo” mas o holandês achou esmola a mais e desperdiçou. Mais um cigarro e as pulsações a latejar nas fontes, cãimbras nos gémeos, tendões rígidos, Coreografia faltavam as pantufas para eu atirar às paredes e os sofás que eu pontapeio quando vejo bola em casa, o jogo era uma coisa mas eu via outra, enquanto Xandão & cia. enxotavam os tímidos ataques do adversário com tranquilidade eu imaginava Adamastores que tanto batiam até que furariam a linha defensiva do Sporting. Não foi isso que aconteceu, bem pelo contrário, foi o holandês perdulário que escorregou no momento do xeque-mate e o meu jogador, Marat Izmailov, que falhou o golo da Eurosport ao esmagar a redonda na quina de Artur. Patrício continuava com as luvas por estrear, quase que dava para jogar à carta com os apanha-bolas mas a tensão não diminuía e os cigarros eram engolidos a galope. Só relaxei quando o estádio começou a saltar, sentindo a certeza da vitória. Aí rodei a cabeça e percebi onde estava, entendi que aquela vitória não nos fugia, que havia demasiada energia positiva para o desfecho ser outro, que ali, naquele estádio e naquela bancada, tudo fazia sentido e tudo se realizava. Estávamos em Alvalade, como admitir outro resultado?

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Polacos leoninos

Jusko Młynarczyk, Saganowski e Mielcarski foram alguns dos bons exemplos. Grzelak, Ślusarski e Każmierczak, eram de qualidade acima da média. Chmiest, Wózniak e Kieszek revelaram-se autênticos barretes. Eis alguns dos futebolistas polacos que jogaram na divisão principal do futebol português, alguns deles deixando marca profunda na memória dos adeptos. Józef Młynarczyk foi campeão nacional e europeu pelo FC Porto, Saganowski foi goleador no ano em que o Vitória de Guimarães desceu à Divisão de Honra, Grzelak encantou as bancadas do Estádio do Bessa com as suas correrias pelo flanco esquerdo. Falta quem? Ah, claro. Juskowiak.

Andrzej Juskowiak é um dos meu jogadores preferidos na história do Sporting. Avançado elegante e tecnicista, Jusko veio do Lech Poznań para Alvalade em 1992 pouco tempo antes de ter conquistado a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Barcelona e rapidamente se tornou num dos jogadores mais apoiados pelos adeptos mesmo que nunca tivesse confirmado na plenitude todo o potencial que evidenciou nos relvados de Barcelona. Melhor marcador do campeonato polaco, assinou 25 golos em três temporadas com as cores leoninas ficando na retina um fabuloso golo ao Boavista em Alvalade, um pontapé de bicicleta testemunhado ao vivo pelo escriba e que levantou o estádio pelas fundações. Juskowiak seria depois transacionado para Alemanha mas ficou sempre na memória dos sportinguistas.

Aparentemente o Sporting também ficou na memória de Juskowiak, tanto que o ex-futebolista polaco vai dirigir uma escolinha de futebol do Sporting na cidade polaca de Poznań onde atualmente reside. – O meu filho de 11 anos tem o quarto forrado com posters do Cristiano Ronaldo, é o ídolo dele bem como o de centenas de meninos polacos. Aí tive a ideia de falar com o Sporting e criar uma escolinha para jogadores dos 6 aos 11 anos, eventualmente até aos 13 – explicou Jusko. – Quero trabalhar de maneira próxima com o Lech Poznań mas o Sporting terá primazia na contratação dos jovens talentos da nossa escolinha e poderá chamar jogadores para treinos e observações em Alcochete – acrescentou.

A presença do Sporting na Polónia para disputar uma eliminatória da Liga Europa foi o pretexto para Andrzej Juskowiak abordar os dirigentes leoninos com a proposta que foi colhida com agrado pelo próprio Godinho Lopes, a ideia foi apresentada no jogo de Varsóvia e na segunda volta em Lisboa foi dada luz verde para avançar com o projeto. A Escola de Futebol do Sporting na Polónia vai ser uma realidade, os treinadores estão a ser contratados sendo que as captações de jogadores vão começar já no corrente mês de abril. Prevê-se que a inauguração seja este verão e que tenha como convidado especial o melhor produto da cantera leonina – Cristiano Ronaldo.

Como sportinguista é com prazer que vejo o interesse que Juskowiak revelou em associar-se ao Sporting para o seu projeto pessoal, revela carinho pelo clube e inteligência na medida em que a formação leonina é unanimemente apontada como uma das melhores do mundo. E é com muita satisfação que registo a sagacidade dos responsáveis do Sporting ao fazerem esta aposta num país que se pode revelar um mercado interessantíssimo e que está francamente na moda. Muitos polacos vestem camisolas e usam equipamento desportivo do Celtic, simpatia criada desde que o guarda-redes da seleção polaca Artur Boruc assinou pelos bhoys, porque não um dia começar a ver sportinguistas em Poznań? É que não sou só eu nem Juskowiak os únicos sportinguistas neste país

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Enquanto isso, na Ucrânia…

Holodomor A Ucrânia prepara-se para ao Euro2012, constroi estádios, pinta prédios, repara estradas e limpa as ruas. Como tudo o que se faz nas antigas repúblicas da URSS, as coisas são feitas um bocado à bruta e sempre com a ideia de reprimir os prevaricadores de forma inequívoca. A herança dos procedimentos soviéticos ainda corre nas veias de governantes locais e centrais daí que todas as decisões tenham caráter imperartivo e cruel sendo as penalidades agudas, talvez a ameaça dum novo Holodomor paire sobre os habitantes deste países e dos ucranianos em particular, por isso a tendência é de acatar as ordens sem fazer muito burburinho e seguir para bingo.

Prova da natureza pouco humana dos responsáveis ucranianos é a nova determinação de erradicação de animais vadios das cidades do país, concretamente cães sem dono e famintos que deambulam pelas principais artérias das maiores cidades ucranianas. Estes animais representam um perigo para a saúde pública pois atacam as pessoasCães e Gatos para obterem alimento e isso não dá muito boa imagem aos visitantes.   Os presidentes de câmaras municipais têm vindo a usar uma política que visa capturar todos os cães e gatos que não se encontrem devidamente identificados e para serem “eliminados”. A palavra utilizada não augura nada de agradável e uma reportagem do The Guardian confirma as suspeitas: Os animais capturados são injetados com substâncias venenosas ou… incinerados.

Organizações de proteção animal já fizeram ouvir a sua voz bem como o ministro ucraniano do Ambiente Mykola Zlochewsky que já apelou à suspensão imediata do programa alegando a natureza insensível e desumana da  medida, acrescentando que os autarcas que não seguirem a recomendação do Governo serão severamente punidos. Avizinha-se um braço-de-ferro entre o poder local e o Governo Central, mais uma história interessante sobre os intratáveis ucranianos para acompanhar com curiosidade deste lado da fronteira.