quinta-feira, 27 de maio de 2010

Globalização no WC

Num edifício de escritórios onde funcionam diversas agências multinacionais encontrei este aviso afixado na porta dos lavabos. Qual a conclusão que se tira?

WC

Os portugueses fecham sempre a portinha depois de arrear o calhau, eles sabem bem o serviço que armaram q:D

terça-feira, 25 de maio de 2010

Polónia Submersa II

Torun A chuva parou de cair sobre chão polaco, ou por outra, em Varsóvia já não chove há 24 horas. Não sendo este um quadro comum a toda a Polónia, pelo menos permite que as autoridades de proteção civil respirem e pensem nos próximos passos a dar, que contabilizem prejuízos e que planifiquem os passos seguintes no sentido de prevenir casos semelhantes. Nos jornais aparecem entrevistas com responsáveis pelas diferentes bacias hidrográficas que recordam casos passados há 13 anos em rios diferentes e que lamentam a falta de fundos para uma prevenção mais eficaz. Alguns lembram também todos os estudos que foram feitos para intervirem nas zonas mais expostas aos caprichos dos rios e afirmam ter sido manifestada vontade política de solucionar o problema no momento das cheias mas que essa mesma vontade se foi diluindo à medida que o tempo ia passando e as populações retomavam as suas vidas normais, deixando os trabalhos de contruções de represas e diques para os castores. Infelizmente os políticos aproveitam a desgraça alheia para tentarem parecer bem na fotografia e acabam por aumentar a tristeza, como o candidato presidencial Komorowski que afirmou “não conheço nenhuma catástrofe natural que durasse mais que duas semanas” apelando à tranquilidade pois em “10 dias tudo passará”, como se 10 dias nas contas dos que tudo perderam fosse o mesmo que 10 minutos na vida dele que tem tudo o que quer.

Estas cheias foram efetivamente graves e fizeram mais estragos depois de terem arrasado o sul da Polónia, agora foi a zona de Toruń, cidade-natal de Copérnico, quem sofreu com a pujança desmesurada do Wisła e calcula os danos. Em Varsóvia o rio já dá sinais de acalmia e vai baixando o caudal à razão de 2cm por hora, uma prova de que não se esperam mais enchentes.

 

O problema agora prende-se com a recuperação dos diques e dos muros que emparedam o rio em Varsóvia com os ambientalistas sempre na linha Wroclaw da frente dos protestos e manifestações. As margens do Wisła estão empapadas e demasiado fofas para se fazerem quaisquer tipo de obras e os ecologistas pretendem diversos estudos de impacto ambiental (ou um bom cheque à sua ordem, eles também aceitam) antes de se darem por contentes e desmobilizarem. Donald Tusk anunciou um pacote de 2 mil milhões de zlotys para recuperar as áreas e populações afetadas e a Polónia tenta levantar-se de mais um capítulo da sua sofrida história.

sábado, 22 de maio de 2010

Polónia Submersa

Wisła em Powisłe Uma grave cheia tem assolado o sul da Polónia em consequência da copiosa chuva que caiu durante a semana, cheia que já levou a nove vítimas mortais milhares de evacuações e prejuízos que ascendem a dois mil milhões de euros. A cidade de Cracóvia foi grandemente afetada pela precipitação devido à subida do caudal do rio Vístula e todas as zonas ribeirinhas sofreram do mesmo mal, principalmente na zona de Sandomierz, perto de Kielce, tendo sido registadas tentativas desesperadas de agricultores em salvar o seu gado. A chuva não deu tréguas durante dias e fez crescer os receios duma inundação em grande escala em Varsóvia.

Wisła em Solec Na capital, foram tomadas medidas de prevenção como a formação de diques de sacos de areia durante a noite de quarta-feira acautelando a vaga de água que vinha de sul (o Vístula corre de sul para norte) e que iria atingir Varsóvia durante o dia de anteontem. O povo curioso acorreu às zonas próximas do rio na tentativa de observar os trabalhos e o volume do Vístula, um caudal extraordinariamente grande e veloz que é consequência das maiores cheias dos últimos 160 anos. De facto Vístula está furioso, criou inclusivamente uma onda no seu leito e carrega consigo restos da destruição que o sul do país sofreu. Troncos de árvores, pedaços de cais construídos em madeira, vestígios de paliçadas entre outros detritos viajaram por Varsóvia a caminho do Báltico enquanto os animais do Jardim Zoológico de Varsóvia eram transportados para pontos mais elevados da infra-estrutura. Em Praga, na margem Leste, só as copas das árvores de mantêm a descoberto e muitos habitantes de Stara Praga e Saska Kępa já sentem o chapinhar da água nas suas caves e na margem ocidental o passeio ciclista onde asWisła na Trasa Łazienkowska bicicletas podiam viajar entre Żoliborz e o estádio da Legia foi engolido. A superfície da água e o tabuleiro da ponte Świętokrzyska davam a ideia de estarem separados por um palmo. Apesar das romarias de milhares de cidadãos às pontes e margens do rio para testemunharem a ocorrência, o medo de uma situação muito complicada pairou nos céus de Varsóvia mas as águas do Vístula portaram-se bem e as ações de precaução tomadas pelo município foram suficientes para causar danos maiores ainda que a água tenha feito cócegas à Wislostrada, a avenida marginal de Varsóvia. O desfile fluvial segue agora em direção a cidades como Płock, Toruń e Bydgoszcz até desaguar em Gdańsk no mar Báltico.

Com a diminuição da precipitação espera-se também uma descida do nível do rio nos próximos dias ainda que o regresso à normalidade esteja adiado para muitos varsovianos.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mudar para melhor

Cartaz Śródmieście O Município de Varsóvia anunciou um ambicioso plano de limpeza da cidade, concretamente a proibição de afixação de cartazes publicitários gigantescos. É uma situação que se verifica em muitos bairros da cidade, nomeadamente no Centro e nas avenidas mais concorridas da Capital, em que podemos ver painéis a cobrir fachadas de prédios inteiras. O Poder Local chegou à conclusão que era tempo de lavar a cara à cidade e começou a tratar disso, primeiro com a demolição dos mamarrachos que estavam à frente do Palácio da Cultura – dois supermercados completamente deslocados do contexto paisagístico que tapavam a fronte do edifício - e agora com a remoção dos mencionados cartazes.

A população está contente com a decisão pois prefere ter a cidade visível do que tê-la escondida atrás de anúncios publicitários que têm pouco de polaco, parece uma tentativa de devolver a cidade aos cidadãos após osCartaz Rotunda tempos de construção selvática que criou algumas cisões na traça arquitetónica de Varsóvia. O problema de Varsóvia sempre foi alguma falta de identidade própria, em comparação com outras grandes cidades polacas como Łódż ou Cracóvia, devido às marcas que a II Guerra Mundial deixou – uma cidade completamente arrasada que teve de importar habitantes de diferentes pontos do país que não tinham qualquer tipo de sentimento pela terra. Agora Varsóvia tem varsovianos puros e começa a afirmar-se como cidade de alguém, com sentimentos, símbolos e alma própria. A remoção dos cartazes afigura-se como um primeiro passo nesse sentido.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Meninos, Vitinhos, Patinhos… e o Diabo!

Nos anos 90 foram “Os Patinhos” , na década de 80 era “O Vitinho” e no meu tempo tínhamos os “Meninos Rabinos” ainda a preto e branco. Estas eram as curtas filmagens que a televisão portuguesa passava depois do telejornal para mandar os miúdos para a cama, uns com mais piada do que outros, mensagens mais diretas ou mais subliminares mas sempre ternurentas e simpáticas. Os petizes viam os desenhos, lavavam a dentola, fazíam o xixi da ordem e abalavam para a caminha pensando nos dias em que poderiam finalmente ficar acordados mais tempo como os adultos.

Diabel Piszczalka Na Polónia existia a “Dobranocka”, algo como “boa-noitezinha”, com o mesmo espírito: Mandar os putos para a cama. No tempo da PRL (República Popular da Polónia) e durantes alguns anos de democracia não havia Vitinho nem Patinhos, o protagonista era um bicho estranho e feio chamado Diabeł Piszczalka e a diferença entre a mensagem polaca e a intenção portuguesa é como o leitor pode constatar através dos exemplos que deixo aqui à disposição.

Em Portugal cantavam-se cantigas infantis, uma recado simpático para dizer que estava na hora de ir dormir. As crianças gostavam de ver esses curtos programas (eu curtia o “São horas, Meninos” e o meu irmão cantava sempre a música do “Vitinho” antes de vestir o pijama) e iam dormir descansadinhas. Na Polónia, o Diabeł Piszczalka era desajeitado, só fazia asneiras e assustava as crianças com um garfo de dois dentes. Uma forma algo insólita de enviar meninos para um quarto e dormir mas que tem uma certa lógica se percebermos o regime austero que dominava o país naquela altura. Não sei se havia uma relação entre a corrente ideológica e o Diabeł Piszczalka mas eu nunca me lembraria de meter o Diabo da Tasmânia, por exemplo, babando-se e fugindo atrás de moços pequenos antes de mandá-los para a cama.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Perspetiva

Autobus

Um português que more há anos em Varsóvia olha para esta fotografia de um autocarro, diz que “está sujo todo molhado da chuva, há um gajo lá ao fundo todo refastelado” e sabendo que tipo de autocarro é ainda acrescenta de um fôlego que “este é daqueles velhos, barulhentos, os assentos têm as molas todas partidas, as portas não fecham bem e no inverno entra muito frio pelas frestas das janelas”.

Um polaco que more há anos em Varsóvia olha para esta fotografia do mesmo autocarro e diz:

- Está vazio.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Papas e bolos…

Padrófilo Cada vez mais julgo que este espaço está tornado num blogue de reflexão, num olhar que um português deita sobre Portugal mais do que o diário de bordo da viagem dum algarvio na Polónia. Não me alegro que assim seja mas há coisas que se têm vindo a passar no meu país e com as quais não posso pactuar, quem não se sente não é filho de boa gente e eu não sou capaz de ficar de braços cruzados a assistir à anedota mundial que Portugal se está a tornar. Então vejamos.

O País está parado, melhor, a capital do país está quase parada devido aos condicionamentos de trânsito e circulação causados pela visita do papa a Portugal, vias cortadas aos automóveis e transportes públicos, desvios e interdições que certamente dificultaram a vida aos lisboetas e, por consequência, atrasaram-nos fazendo com que trabalhassem menos tempo, logo produzindo menos. Recordo que Portugal luta contra o défice, contra a despesa pública e contra um problema de sub-produção grave que resulta na inferior competitividade em comparação com os seus parceiros da UE.

Prepara-se pouco a pouco a subida dos impostos com o IVA a pular para 22%, mais um sacrifício pedido aos portugueses que vão ficar também sem uma fatia do 13º mês e muito provavelmente com comparticipações nos medicamentos reduzidas. Mas as grandes obras continuam e o emblemático troço Poceirão-Caia vai mesmo para a frente, uma linha de TGV que liga “lado nenhum” a “nenhum lado” e que será usado por zero mil, zerocentos e zerenta e zero portugueses. Ao mesmo tempo foram gastos umas boas pás de euros a confecionar banquetes e a restaurar velharias para que a comitiva do papa se possa regalar com as mordomias que o seu luxuoso spa eclesiástico do Vaticano lhe proporciona.

Um Estado constitucionalmente laico abre descaradamente as pernas ao líder duma instituição que tem vindo a ser unanimemente apontadaVinde criancinhas como das mais hipócritas do planeta, uma instituição cega e surda que encobriu abusos sexuais a crianças em nome dos dogmas com os quais eles manietam os fiéis. Uma instituição que mata os seus seguidores seguindo um discurso que prefere a epidemia à profilaxia defendendo que o “uso do preservativo aumenta o problema da SIDA”. Uma instituição que apenas semeou discórdia, criou cisões que meio mundo paga agora com o sangue que já tinha sido vertido pelas vítimas da Inquisição e das conversões aos “infiéis”.

Um Estado governado por um partido que se diz socialista paga a estadia da corte do papa enquanto as empresas despedem trabalhadores diariamente, os subsídios de desemprego são cada vez mais reduzidos e a idade de reforma cada vez mais elástica. Banquetes e festins, pompa e aparato, o povo sem trabalho e um padre de férias pagas em Portugal, um padre que recusa peremptoriamente os métodos contracetivos mas assobia para o lado quando se fala de pedofilia. A minha avó ameaçava-me com “o velho do saco” quando eu me portava mal, acho que o velho vai ser substituído por um “olha que eu vou buscar um padre!” para meter medo aos meus descendentes.

Vou apagar a televisão e vou até à minha varanda fumar um cigarro. Vou olhar para os blocos de apartamentos que rodeiam o condomínio onde moro e tentar encontrar motivos para escrever sobre a Polónia, com as barracas que o Circo Portugal dá ultimamente tem sido muito difícil concentrar-me nesse tema.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mudar de página

Este fim de semana desportivo teve o desfecho que eu queria, o Portimonense subiu à Liga Sagres. Parabéns aos barlaventinos e à cidade de Portimão que é a minha cidade algarvia preferida atrás de Faro. É de assinalar a segunda promoção consecutiva de uma equipa algarvia ao primeiro escalão do futebol português e aguardo que o Farense consiga também a transição para a II Liga para salvar uma época que tem pouco mais de miseráveis memórias.

A miséria que foi o Sporting, a miséria que foi o Manchester United e a miséria que foi a Legia só me fazem ter mais ansiedade pelo início do Mundial da África do Sul, cujo primeiro episódio se escreve hoje à tarde.

Já estou com saudades de ter gosto (e vontade) em ver futebol.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Publicidade enganosa

Levanto-me todos os dias com uma responsabilidade importante, a de ensinar e explicar a cultura e língua portuguesa a pessoas que têm diferentes motivações para quererem conhecer estes dois aspetos de Portugal. Tenho uma missão na qual essas pessoas confiam e pagam para tal, querem saber como é Portugal, como falamos, como nos relacionamos conosco próprios e com os de fora. O meu trabalho consiste resumidamente em explicar Portugal, traduzir Portugal, mostrar por A + B coisas tão diferentes como a diferença entre dizer “aqui” e “cá” e descodificar expressões como “ter dor de cotovelo”, ou “ficar em águas de bacalhau”. Portugal, o meu país, não é só verbos e substantivos, fado e Cristiano Ronaldo. Não chega saber dizer “bom dia” quando se chega a um aeroporto português, é preciso também saber interpretar o “estou já a sair de casa, estou aí em 10 minutos” que pode levar meia hora. Ser português é uma coisa tão extraordinária que as pessoas têm de aprender a sê-lo, tirarem cursos, estudar este idioma estranho em que uma simples letra como o “E” tem três ou quatro sons diferentes e o “X” pode ser qualquer coisa. O Português não é mediterrânico nem europeu central, não é maghrebino nem caucasiano, é difícil de definir ou descrever porque não encaixa nos estereotipos dos restantes europeus. Não é português quem quer, não é qualquer ser que tem arcaboiço para comer perceves ou inventar mil e um contos da carochinha para enganar as irlandesas no verão. Para isto é necessária uma condição genética que só existe no tal jardim à beira-mar plantado.

Explanar o “Ser Português” é das coisas que mais me deu (e dá) prazer na vida, partilhar o que é nosso, íntimo e pessoal, é uma experiência agradável por verificar que tanta gente remota está interessada nos nossos costumes e faço uso dos melhores adjetivos para caracterizar o nosso povo e a nossa terra. Uma terra de gente pacífica e sem problemas sociais, de gesto afável e hospitaleiro, que come bem e bebe melhor, de bons ares e tranquilo. Com um defeito aqui e ali porque não somos perfeitos, aqui está o retrato destes 10 milhões de cabeças que vivem virados para o mar gostosamente consumido por uma população eslava ávida de saber o que somos. Assim se cumprem os meus dias, assim se esclarece o que é Portugal, a cortina desce depois do aplauso, recolho aos camarins.

bancarrota Chego a casa e sintonizo-me na RTPNotícias onde me chegam novidades sobre os clientes do BPP que continuam sem o seu dinheiro e sem perspetivar reavê-lo. Um economista português defende a extinção do 13º mês e o pagamento parcelar do subsídio de Natal, outro sustenta que o TGV não é prioritário enquanto o Governo justifica a teimosia com a adjudicação consumada de contratos e a obrigação de cumprir o assinado mesmo que seja referente a uma obra de que 90% dos portugueses não irão usufruir. Um político foi confrontado com perguntas incómodas sobre eventuais trafulhices e interrompeu a entrevista intempestivamente não sem que antes gamasse os gravadores que memorizavam os seus depoimentos. Toda a gente sabe o que é Face Oculta, Apito Dourado, Freeport, Casa Pia mas ninguém sabe dizer o nome de quatro rios nascidos em Portugal. A malta agarra-se a mil euros por mês como o Camões se agarrou aos Lusíadas mas a GALP apresenta lucros de 65 milhões de euros só no primeiro trimestre deste ano duplicando o resultado do mesmo período em 2009. Uma deputada quer ir de cu tremido para Paris todas as semanas em primeira classe e conta que seja o Zé a pagar a despesa enquanto o desemprego não baixa dos dois dígitos. Vejo a gasolina subir porque o petróleo sobe mas não vejo a gasolina descer quando o petróleo desce, vejo os preços dessa mesma gasolina subirem no mesmo dia e à mesma hora mas os governantes insistem que não há cartelização dos combustíveis.

Desligo a televisão e vou à varanda fumar um cigarro preocupado. Não com a situação do meu país, por muita solidariedade que tenho com os meus patrícios, mas com receio de um dia ser processado por publicidade enganosa.

Está frio… mas não se está pior do que em Portugal.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Maio, louro maio.

Está bem, já não neva nem temos de vestir casacos grossos para sair à rua. Já não estão temperaturas capazes de gelar as pestanas nem temos de cobrir as orelhas. Mas esta primavera tem tido muito pouco de agradável no que diz respeito ao clima, tão depressa faz um sol intenso como rapidamente as nuvens o tapam e descarregam água em cima de Varsóvia. Não dá para combinar nada porque S. Pedro muda-nos os planos com requintes de sadismo e prova disso foi o churrasco que tínhamos combinado no Parque da Cultura no bairro de Powsin para celebrar os feriados de maio e que foi cancelado devido ao pé-de-água que caiu na hora exata de nos encontrarmos (13:00) depois de termos comprado carnes, um fogareiro novinho em folha mais carvão, acendalhas e parafina, cerveja a montes e batatas fritas. O evento foi anulado porque o solo do parque é erva e terá ficado ensopado, ninguém quer sentar o traseiro em relva molhada e voaram sms entre os meus amigos dando conta das condições do tempo e avisando que a coisa ficava sem efeito. Hora e meia depois da chuva, às 14:30, aparece o sol com uma força ainda não vista este ano por aqui. Imediatamente ocorreu a ideia duma churrascada caseira, na varanda, e daí até ter 20 pessoas a dar ao dente na minha casa foi um pulinho.

A piada da coisa está em vários aspetos, desde a rapidez com que o povo se mobilizou – afinal estavam todos preparados para Chipso parque – à facilidade como apareceram pessoas que não estavam oficialmente convidadas mas que puderam participar mediante a apresentação da senha de acesso (cerveja), passando pelo improvisado ringue de patinagem em que a minha sala se tornou. Só mesmo na Polónia é que acontece uma pessoa estar a grelhar salsichas na varanda enquanto alguns convidados estão estendidos na dita varanda a apanhar sol e, na sala, há raparigas a dançar êxitos pimba e louras a andar de patins em linha. A cena, que em qualquer outra paragem do globo seria reportagem insólita, foi encarada pelos homens da casa com sorrisos malandros e encolheres de ombros acompanhados de bateres de lata em jeito de brinde aos bons momentos da vida.

São coisas que não se passariam na nossa terra, experiências que renovam o sentimento de que vale a pena ter vindo para tão longe. Nem que seja para provar batatas fritas com sabor a kebab, goulash e cogumelos com natas!