terça-feira, 25 de maio de 2010

Polónia Submersa II

Torun A chuva parou de cair sobre chão polaco, ou por outra, em Varsóvia já não chove há 24 horas. Não sendo este um quadro comum a toda a Polónia, pelo menos permite que as autoridades de proteção civil respirem e pensem nos próximos passos a dar, que contabilizem prejuízos e que planifiquem os passos seguintes no sentido de prevenir casos semelhantes. Nos jornais aparecem entrevistas com responsáveis pelas diferentes bacias hidrográficas que recordam casos passados há 13 anos em rios diferentes e que lamentam a falta de fundos para uma prevenção mais eficaz. Alguns lembram também todos os estudos que foram feitos para intervirem nas zonas mais expostas aos caprichos dos rios e afirmam ter sido manifestada vontade política de solucionar o problema no momento das cheias mas que essa mesma vontade se foi diluindo à medida que o tempo ia passando e as populações retomavam as suas vidas normais, deixando os trabalhos de contruções de represas e diques para os castores. Infelizmente os políticos aproveitam a desgraça alheia para tentarem parecer bem na fotografia e acabam por aumentar a tristeza, como o candidato presidencial Komorowski que afirmou “não conheço nenhuma catástrofe natural que durasse mais que duas semanas” apelando à tranquilidade pois em “10 dias tudo passará”, como se 10 dias nas contas dos que tudo perderam fosse o mesmo que 10 minutos na vida dele que tem tudo o que quer.

Estas cheias foram efetivamente graves e fizeram mais estragos depois de terem arrasado o sul da Polónia, agora foi a zona de Toruń, cidade-natal de Copérnico, quem sofreu com a pujança desmesurada do Wisła e calcula os danos. Em Varsóvia o rio já dá sinais de acalmia e vai baixando o caudal à razão de 2cm por hora, uma prova de que não se esperam mais enchentes.

 

O problema agora prende-se com a recuperação dos diques e dos muros que emparedam o rio em Varsóvia com os ambientalistas sempre na linha Wroclaw da frente dos protestos e manifestações. As margens do Wisła estão empapadas e demasiado fofas para se fazerem quaisquer tipo de obras e os ecologistas pretendem diversos estudos de impacto ambiental (ou um bom cheque à sua ordem, eles também aceitam) antes de se darem por contentes e desmobilizarem. Donald Tusk anunciou um pacote de 2 mil milhões de zlotys para recuperar as áreas e populações afetadas e a Polónia tenta levantar-se de mais um capítulo da sua sofrida história.

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