segunda-feira, 30 de março de 2009

A teraz, blogujemy po polsku!

Juntei duas aplicações que podem ser interessantes aos leitores do blogue: Um conversor de moeda, que pode ser encontrado no fundo da página, e um tradutor baseado no Google Translater que está situado na coluna da direita.

O tradutor do Google não está ainda 100% afinado (com a gramática polaca nunca estará) mas é uma importante ajuda para desbloquear a comunicação e uma boa ferramenta de aprendizagem, certamente melhorará a compreensão daqueles que por aqui passam sem dominar bem o português.

Espero que resulte, zapraszam i… powodzenia q;)

Bola Polaca - I

O futebol polaco está outra vez ao rubro! Desta vez temos dois pratos verdadeiramente suculentos: A Taça da Polónia e a Seleção Nacional. Por ora centremo-nos apenas na Puchar Polski – a Taça.

A Taça da Polónia é uma competição menor neste país. Os clubes não prestam muita atenção à prova e preferem rodar júniores e jogadores menos utilizados para que ganhem ritmo competitivo, as assistências nos estádios são baixas e as audiências televisivas não são muito significativas. No ano passado, a Final ganha pela Legia ao Wisła Kraków no maior clássico da Polónia levou apenas 5000 almas ao campo do GKS Bełchatów - que também não leva mais de 6500 :)

Howard-Webb-referee-footb-001 Este ano o patrocinador da prova decidiu inovar e convidou o polémico Howard Webb para apitar a Final que se vai disputar a 20 de Maio no Estádio Silésia. Para quem não se lembra, Howard Webb foi o árbitro inglês que ficou na mira de todos os polacos aquando do jogo Áustria – Polónia do Euro 2008 em que ele assinalou um penalti no último minuto da partida, penalti que foi convertido no empate que sentenciou a eliminação da seleção polaca do torneio. Webb foi zurzido pela imprensa e comunidade polaca espalhada pelo mundo e o próprio primeiro-ministro Donald Tusk confessou depois do jogo que “tinha vontade de matá-lo”. Não obstante, o britânico está na linha da frente para ser o juíz da Final da Taça da Polónia deste ano.

O debate está lançado em torno da qualidade e imparcialidade dos árbitros polacos, o escândalo de corrupção que levou à despromoção de vários clubes, incluíndo o então campeão em título Zagłebie Lublin, está ainda bem fresco na memória dos adeptos e o processo ainda decorre nos tribunais. Como consequência, o Jagiellonia Białystok já sabe que será relegado numa divisão no final desta época ou em duas se acabar nos lugares de despromoção. O melhor árbitro polaco, Grzegorz Gilewski, ele que até está na lista de 38 pré-selecionados para o Campeonato do Mundo de 2010, ameaçou abandonar o país e trabalhar fora da Polónia por ter sido constituído arguido neste processo.

pucharAlguns agentes do futebol, como o treinador do Lech Frantiszek Smuda, estão de acordo com a sugestão avançada devido à aparente falta de garantia em relação à integridade dos árbitros polacos. O Presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Polaca, Kazimierz Stepien, está previsivelmente contra. Mas enquanto as pessoas não se entendem em relação à matéria o povo vai discutindo nas ruas e na televisão o facto do “inimigo nº 1” do seu futebol estar na iminência de pisar solo polaco. A Taça tem agora um interesse que há muito não tinha e já se falou mais na competição na última semana do que numa época inteira. A publicidade está garantida e o patrocinador esfrega as mãos de contente.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Corpos Mlekovita

modelkamolton As mulheres polacas gostam de se produzir, de se embelezarem e de prezar a sua imagem. É pacífico considerar-se a mulher polaca como uma das mais elegantes e bonita do Mundo - quiçá da Europa ;) Não regateiam esforços para atingir os patamares que pretendem e sei de raparigas que acordam duas horas mais cedo do que o necessário para poderem ter tempo suficiente para a maquilhagem. A primavera está aí (apenas no calendário) e os cuidados com a imagem corporal são fruta da época, começam as preocupações femininas com as gordurinhas excessivas e com a celulite que ameaça a exposição das suas carnes durante o verão. É tempo de atacar os adelgaçantes, cerrar fileiras contra os excessos alimentares e fazer dieta usando os mais diversos expedientes. Deixo-vos três exemplos de luta contra o peso protagonizados por três raparigas de Varsóvia:

1 - A Iza vai jogar squash com o namorado 3 vezes por semana... às 22:00;

2 - A Karolina fez uma dieta especial que consistia em comer couve cozida nas três refeições diárias, incluíndo pequeno-almoço;

3 - A Ewelyna vai para a piscina às 6:30 da manhã e faz natação e banhos turcos, comendo uma saladinha de milho como desjejum;

Métodos extremos, à polaca. Eu admiro profundamente a força de vontade destas miúdas e tiro-lhes o chapéu, por muito gordo que eu estivésse ninguém me tiraria de casa às 10 da noite no meio do frio para outra coisa que não fosse copos. Ainda bem que assim são, preocupadinhas com a silhueta. Nós agradecemos.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Munines em Varsóvia

O Giga, Farinhó e Marguilho chegaram a Varsóvia anteontem. Têm sido camionetas de rir, daí que o blogue tenha ficado prejudicado.

Deixem lá os moços abalarem para Faro no domingo que tudo voltará à normalidade, especialmente os meus abdominais e as minhas horas de sono :D

Para já, sempre posso desaconselhar Red Bull com banana como pequeno almoço, isso mete o estômago duma pessoa em carne viva.

terça-feira, 24 de março de 2009

Ensaio sobre a Cegueira

Estou a ver “O Dia Seguinte” e os argumentos que cada comentador esgrima para comentar a final da Taça da Liga do último sábado.

Sílvio Cervan invoca dados avançados pelo jornal Record pela pena de João Querido Manha. José Guilherme Aguiar tranquiliza-se: “Ah, esse artigo é isentíssimo!”

Diria que é o mesmo que eu citar o “Mein Kampf” para justificar um tiro dado num judeu polaco.

domingo, 22 de março de 2009

Roubo, segundo o dicionário

do Germ. raubon

v. tr.,
    subtrair violentamente;
    furtar;
    tirar;
    raptar;
    plagiar;

v. refl.,
    esquivar-se.

lucilio(2) Ontem, no Estádio Algarve (e não Estádio do Algarve como alguns profissionais da comunicação social estupidamente insistem), assistiu-se a exemplificações de cada uma destas definições: O furto, o plágio, a subtração violenta e o mais grave de todos: Esquivaram-se.

Só um teórico lírico que nunca viveu por dentro um balneário de futebol (e eu tenho 20 anos disso) censurará a reação de Pedro Silva dentro e fora das quatro linhas. Não é correto mas no lugar dele eu faria o mesmo, meterem o dedo no cu dum gajo daquela maneira dói muito.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Aculturação

Comecei o dia como nos outros dias de inverno polaco, enfiado num grosso sobretudo e enrolado no cachecol que me protege a garganta inflamada que trouxe de Praga. Sacudi os que queriam meter-se no mesmo metro quadrado de metropolitano que eu ocupava e iniciei o dia de trabalho no escritório duma seguradora a discutir eutanásia em inglês. Um tema adequado a um dia que se quer ainda de recuperação da grandiosa budêra que apanhei na quarta à noite.

wawa_sezamO elétrico levou-me ao centro da cidade, à estação do costume que fica mesmo junto ao Palácio da Cultura. O imponente edifício deu-me uns bons-dias muito graves e, por entre a névoa matinal, os ponteiros do seu relógio apontam-me a direção que devo seguir, para a escola. Antes ainda, uma luva branca estendeu-me o Metro para que eu conheça as frescas da cidade, do país e do mundo. Diz que o Mickey Rourke esperou 30 anos para ter um papel como o do "The Wrestler" mas não gosto do aspeto dele, está inchado e acusa no rosto a erosão dos excessos que viveu.

Passei pelo Sezam para comprar folhados de salsicha e iogurtes para o pequeno-almoço, vi senhores de idade a beberricar chá quente e uma velhinha de luvas rotas a vender flores. Gostaria de ter alguém a quem pudésse oferecer flores para comprar um ramo e poder dar alguns zlotys a esta senhora sem que parecesse esmola, porém entrei no supermercado e fui às compras. A senhora da caixa pediu-me trocado e como eu não tivésse propus-lhe que pagásse com multibanco. Este diálogo saíu-me num polaco tão puro e escorreito que até a mim surpreendeu. Uma miúda de blusa rosa justa às finas ancas e sorriso louro riu-se das minhas atrapalhações com os sacos de plástico e jornal, saí da loja e sorri também à senhora das flores. Ela virou-me a cara.

Cheguei à escola, liguei o portátil, e bebi o iogurte. Li as notícias em  polaco, em 100 coisas escritas percebo 40 e das 60 novas consigo aprendchinyama_choragiewka_470er 3 ou 4. Já não é mau. Cheguei à parte desportiva e verifiquei que a Legia joga hoje à noite com o Górnik Zabrze e que o Chinyama já está recuperado. O jogo é fundamental para a Legia continuar na perseguição ao Lech que está em 1º com 3 pontos de avanço. Passei os olhos pelos e-mails mas não havia nada de interessante, regressei ao jornal polaco por 2 minutos antes de levantar a cabeça e perguntar a mim mesmo:

Mas porque é que eu estou preocupado com a recuperação do Chinyama?!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Kac (cáts), ou como os polacos têm nomes bonitos para coisas feias

OLYMPUS DIGITAL CAMERA         Os polacos gostam de juntar os amigos em casa para tomar uma ou duas bebidas antes de saírem à noite para os copos. Contudo, o conceito de “uma ou duas bebidas” deles pode ser algo como deitar abaixo duas garrafas de vodca com uma de Red Bull.

Como consequência, hoje tenho uma ressaca que atinge o grau IV na Escala de Mercalli. Felizmente tenho leite em casa e existem os Kull of Krameria (viva o produto nacional!) para me regenerar. Pau nos cornos, boraaaaaaaaaa!

ps – Viver na Polónia é uma experiência apenas recomendável a profissionais devidamente treinados. Não tentem isto em casa.

terça-feira, 17 de março de 2009

segunda-feira, 16 de março de 2009

Praha

BXK23869_praga-71800 VIsitar Praga (CZ) é sempre um prazer imenso. Calcorrear a sua cidade velha, espreitar os recantos e pátios que se escondem dos mapas, provar os deliciosos knedliky regados com a sempre saborosa Budvar e passear nas suas lindas ruas cheias de história. Praga é como uma mulher bonita que não cansamos de observar. Não é sexy nem provocante como Varsóvia mas tem aquela beleza singela e tranquila que nos deleita como uma miúda de olhos meigos.

Praga também não é vibrante nem louca como Varsóvia, é bem mais calma e serena do que a sua prima da Polónia. O seu rio, Vltava, é mais elegante do que o agreste Wisła apesar de mais curto e de não ser exclusivamente nacional. As suas cores são mais descontraídas e alegres do que o rigoroso cinzento da capital polaca e, apesar de termos a clara noção de que estamos numa cidade da Europa dita de Leste, não nos cheira tanto a comunismo como em Varsóvia. O seu idioma é mais suave e agradável do que o polaco. Se Varsóvia é a prima afastada de Praga, decerto Cracóvia é prima-direita.

Foi mesmo uma prima-direita que me levou a Praga desta vez. Todos os pretextos são bons para rever a capital da Boémia (oh, que designação tão adequada!). A Diana está lá a fazer Erasmus (só no meu tempo não havia essas benesses!) e a família juntou-se para uma visita e passeios para mais tarde recordar. Praga continua linda, a Marcela, minha eterna paixão praguense, continua deslumbrante, a cidade continua a convidar através do seu encanto e nem os preços me conseguem afastar dela.

Quer dizer, há coisas que são bem menos caras (e melhores) em Varsóvia. Já viram o preço a que está o produto?

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sexta-feira, 13 de março de 2009

Uma crença, uma fé!

Quem me conhece sabe que eu não sou daqueles que provocam os adeptos dos clubes rivais na hora das suas derrotas. Sou doente pelo Sporting mas não regozijo com os fracassos do FC Porto e dos outros, muito menos quando estes dois clubes (ou quaisquer outros) representam as cores de Portugal no estrangeiro. Foi assim que cresci, foi dessa forma que o meu avô, encarnado empedernido, me ensinou aquando da derrota numa final da UEFA contra o Anderlecht. Reconheci-lhe razão nos seus argumentos e a partir desse momento passei a ser de todos os clubes portugueses que defrontássem equipas estrangeiras.

As duas formidáveis cabazadas alemãs, verdadeiramente humilhantes ao contrário que diz o nosso ainda presidente, abateram a nação sportinguista e julgo que os leões andam demasiado tristes para responder às provocações com que os milhafres se encarregaram de pulverizar a população verde-e-branca. Nada que não fosse esperado, é parte do folclore típico destes momentos. Mas há coisas que eu não posso tolerar.

Primeiramente, não tolero, não concebo nem admito que filho da puta nenhum me venha incomodar com as derrotas do meu clube porque quando uns levaram 5 dos gregos ou 7 dos galegos foi para o lado que melhor dormi, não era o meu clube, não era a minha desgraça não tinha nada a ver com isso. Deixei os meus amigos carpirem as suas mágoas, respeitei a sua dor porque sei o que dói no osso ver o clube do coração vexado. A mesma coisa quando o FC Porto perdeu por 4 bolas contra o Arsenal, não varejei os amigos portistas porque sei que mais tarde ou mais cedo o feitiço vira-se contra o feticeiro. Nunca provoquei quem quer que seja, portanto não admito que seja provocado.

Segundamente, acho uma piada do caraças alguns simpatizantes do clube encarnado fazerem anedotas acerca da derrota do Sporting, clube que até ganhou sem apelo nem agravo a última partida disputada entre as duas equipas e que, na última década, até ganhou mais jogos do que o adversário para não mencionar a ratada que tem dado ao rival no que diz respeito a títulos conquistados no mesmo período de tempo. É um exercício patético este de transferir os êxitos dos outros e transformá-los em sucessos próprios. Reconhecem-se melhor no fracasso/sucesso alheio do que nas suas próprias façanhas. É muito infeliz, ser tão poucochinho, ao ponto de rir de alguém que perdeu uma luta alheia em vez de valorizar os seus triunfos. Será por serem tão reduzidos, tão insuficientes, tão nulos?

Seguro que não somos o maior clube de Portugal, certamente não somos o melhor clube de Portugal, mas decididamente seremos o melhor povo de Portugal porquanto sabemos manter a dignidade nos momentos difíceis e a serenidade nas vitórias. Caminharemos de cabeça bem erguida e de juba altiva pois somos o Leão que se levanta quando outro cai. Não nos confundais! Não rasgamos cartões nem boicotamos assembleias gerais. Não temos ex-presidentes bêbados à porrada com prostitutas ou foragidos à justiça. Não somos 6 milhões de Barbas ou de Diabos.

Somos o Sporting Clube de Portugal, o clube mais distinto e mais laureado do país! Façam o favor de me deixar a cabeça da mão.

Saudações leoninas, Sporting SEMPRE!

sporting1

quinta-feira, 12 de março de 2009

Estados de Espírito

Há coisas que não nos incomodam até darmos por elas. A partir do momento em que nos apercebemos que elas existem, penetram no nosso íntimo desestabilizando-nos, perturbando-nos e levando-nos à mais primária forma de irritação. Coisas tão fúteis como o toque do carro do Family Frost, a buzina da furgoneta das hortaliças, o vizinho do 3º J que tem os olhos sempre esbugalhados quer seja de manhãzinha ou ao fim da tarde, o intenso aroma da água de colónia de 5ª categoria que aquela rapariga arrasta consigo deixando um lastro de peste atrás de si, o tipo chato como a potassa que te espreme num abraço demasiado amistoso e pergunta-te 15 vezes “como é que estás, tá tudo bem?”. Estes são exemplos de coisinhas idiotas, simples e corriqueiras que fazem parte do quotidiano de cada qual sem que tenham grande peso no devir do dia. Chega um momento em que temos de dizer basta. Basta de olhar para a tromba feia do vizinho que parece andar sempre ressacado ou com uma broa das antigas independentemente da hora do dia. Basta de snifar o fedor da chavala que prefere fazer como os espanhóis e lavar-se com perfume do que tomar banho. Basta de ser acordado cedo aos domingos com o toque chato do “la cucaracha” da Ford Transit do sr. Manuel mais as putas das nabiças e abóboras meninas que ele nos quer vender. Basta de nos incomodarem, de nos impingirem, de se meterem na nossa tranquilidade e na nossa vidinha.

O mundo transformou-se num gigante anúncio publicitário em que toda a gente quer fazer passar as outros a ideia de que há coisas de que temos falta, mesmo sem termos qualquer necessidade de tê-las. Alguns chamam a isso marketing, a arte de convencer o consumidor a comprar algo de que ele não precisa. O consumo dispara, o Homem entra na espiral da eterna insatisfação, quer o que não tem e tem o que não precisa ou o que já não deseja. Espreita-se a casa do lado com curiosidade e inveja se a tv do vizinho tem um ecran com mais polegas, se o pc dele tem um cpu mais veloz, se o carro dele tem mais cavalos ou se a namorada dele usa um soutien 38. É o Big Brother global, o voyeurismo do séc XXI no seu melhor e um exemplo cabal desse comportamento está patente nos hábitos modernos de comunicação, como os portais de perfis pessoais que abundam na net do género do WAYN, hi5, Facebook.

Resisti a essa febre, muitos dos meus amigos já estavam registados no hi5 e perguntavam-me quando iria também aderir à ideia. Não achava piada ao conceito de ter a minha personalidade e intimidade exposta à saciedade e só muito tarde anuí e decidi criar o meu perfil com algumas informações sobre me, myself and I. Nada de revelações chocantes e apenas algumas fotos de circunstância. Esse gesto acabou por tornar-se um hábito e uma tradição diária, ver quem me visitou, responder ás mensagens e pedidos de amizades, actualizar o estado (de espírito), dizer aos outros o que se estava a passar comigo. Depois veio a mudança para a Polónia e um dever moral de comunicar com todos os que deixei em Portugal. O relato das diferenças entre Faro e Varsóvia e as experiências por certo interessantes da minha vivência em terras polacas são importantes para a minha família, amigos e para todos os que consultam o espaço para os fins mais diversos. Mais um veículo de divulgação sobre a minha pessoa, mais uma forma de dar a conhecer ao mundo o que ando a fazer, mais um olho em cima de mim com a atenuante de ser eu quem controla esta camera e de só passar a informação que eu quero.

Nas frequentes visitas que faço a blogues amigos ou de referência encontrei uma nova ferramenta que se utiliza para comunicar em tempo real, o twitter. Informei-me das suas capacidades e instalei o referido software, estudei as potencialidades do programinha e tratei de actualizá-lo com os passos do meu dia-a-dia e respectivas amizades. Há dias o programa mandou-me uma mensagem dizendo que fazia tempo que não o actualizava e que os amigos que me seguem queriam saber o que se passa comigo. Essa mensagem fez-me reflectir.

Será que é através do twitter, do estado do hi5 ou do Facebook que os meus amigos vão colher informações sobre mim? Será que eles já não mandam e-mails, sms ou telefonemas para perguntar como estou? Eu quando quero saber deles escrevo-lhes, telefono-lhes, ligo pelo skype, porque é que tenho de actualizar informação que por vezes nem sequer existe? Haverá alguém no mundo que tenha todos os dias tão diferentes uns dos outros que tenha sempre razões suficientemente interessantes para actualizar diariamente um blogue, um twitter, um Facebook ou um hi5? Não tenho direito a ter um dia... “normal”? Paparazzis informáticos?

Às vezes olho para os perfis de malta amiga / conhecida no Facebook e vejo coisas do tipo “Kasia is happy”, “Paulo is working a lot” , “Jan reading a good book”. Além de, por vezes, notar o completo desrespeito pelas mais elementares normas gramaticais, constato um vazio enorme de boas ideias e razões plausíveis para escrevinhar três ou quatro coisinhas com trambelho e que realmente transmitam uma mensagem útil ao mundo. Dá-me vontade de escrever-lhes sugerindo uma corda em volta do pescoço, um salto para o rio (ou para a Ria) de pés e mão atados por correntes ou um duche de napalm para pôr um fim misericordioso àqueles “estados” de caca.

A minha vida não é tão rica assim e não sou tão célebre para que me estejam sempre a acontecer coisas do arco-da-velha passíveis de serem propagandeadas aos sete ventos. Se forem consultar o meu Facebook ou hi5 constatam que passam-se dias sem serem actualizados porque não há nada de relevante para contar ou porque o que há de relevante para ser contado está escrito no blogue. Assim sendo, seguindo a coerência que a minha consciência determina, vou encerrar a minha conta no twitter. Não acho interessante dizer que hoje acabou-se o champô e tive de lavar a cabeça com Super Pop, que os flocos de neve estão a cair com uma inclinação de 30º ou que acordei com um torcicolo no dedo mindinho do pé. Quem quiser saber de mim já conhece os meios que utilizo para comunicar, como este blogue que tão prazeirosamente preparo para os leitores. Ou então telefonem e combinemos uma cervejinha, a minha hibernação já terminou.

terça-feira, 10 de março de 2009

O Blogue Errou!

Através da peritagem dum amigo especialista em publicidade e Photoshop, concluiu-se que a imagem do post abaixo é uma montagem. Há testemunhas que viram a montra ao vivo em Faro e confirmam que este cartaz malandro nunca existiu. É o resultado duma brincadeira (de bom gosto, acrescento) bem esgalhada e que correu a internet do mundo inteiro.

Tal como o boato do PROGESTEREX E ROHYPNOL, as promoções de reencaminhamentos de e-mails e a sereia do tsunami, este é um boato no qual o "mishanapolonia" caíu e que resultou em desinformação aos seus leitores. Pelo facto, as minhas mais sinceras desculpas.

Mas convenhamos, era burrice a mais para ser obra de algarvio!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Poniedziałek

Varsóvia acordou chorosa. A chuva pequena que molha as pessoas entristece a cidade e afecta o humor, não tenho muita vontade de circular nas ruas da capital polaca e refugio-me em casa à espera que a melancolia passe.

warsaw-epa_88522a Varsóvia não tem razões para se sentir triste. O fim de semana foi muito saboroso e com a vantagem de ter tido um formidável jantar de portugueses (um cozido levado da breca preparado pelo chefe Costa. Saravá, amigo!) regado com vitórias no futebol indígena e prolongado com um serão de copos e música até às tantas da matina. Até a Legia quis participar no ramalhete da alegria e goleou o Odra por 4-0 para satisfazer as suas gentes. O Dia da Mulher levou flores aos quatro cantos da cidade espalhando sementes de amor e respeito pelas mulheres polacas, a minha irmã sempre me liga neste dia para recordá-lo mas este ano esqueceu-se.

Não está frio, não me posso queixar disso, nem há vento para me irritar. Estão 2 ou 3 graus e até dispensei as luvas para o trabalho desta manhã. No entanto há algo de triste nesta manhã de segunda-feira que me agita por dentro, um palpite estranho e desagradável de que algo mau irá acontecer. Não consigo explicar ou definir esta sensação nem afastá-la. Está presente e não arreda pé. As gralhas ladram coisas feias do alto das árvores desfolhadas, um avião invisível cruza o céu espesso coberto por uma única nuvem uniforme que vai de Gdańsk a Bielsko-Biała, a neve entretanto derretida descobre canteiros de relva parda que pedem primavera. Olho em torno de mim procurando algo com que me identifique mas está complicado, anda um quebranto no ar que até arrepia.

Isto hoje tá malino. Como dizem os velhotes do Largo da Palmeira, "há dias cabrões". Parece que esta segunda vai ser um deles...

PS - Entretanto recebi um abraço de "good vibes" desde Vancouver. Excellent timing, Fatinha! Devo-te 2 pastéis q:)

quarta-feira, 4 de março de 2009

Faro no Seu Melhor

Lembram-se daquela rubrica "Portugal no Seu Melhor" que apreseSem títulonta(va) as maiores baboseiras do nosso país? Eu sempre me ri bué com as calinadas que esse pessoal descobria, também porque a maior parte delas se passava noutras paragens de Portugal que não no meu ALLgarve. Daí que me divertia imenso com as burrices dos não-algarvios. A única barbaridade que pode envergonhar o Algarve é o Zezé Camarinha mas ainda assim esse está em Portimão e não afecta a fauna da Ria Formosa.

Como o peixe morre sempre pela boca, eis que me chega à mão uma pérola colhida na Rua de Sto. António. O coração do comércio da cidade (não considero o Forum como fazendo parte geograficamente da cidade) não se viu imune à alarvidade gramatical que grassa pela "noça nassão".

A não ser... que esta seja uma promoção a contar com o dia da mulher, compramos um soutien para a pomba e ainda damos um tirinho na empregada de balcão. Se assim for, é uma ideia geni(t)al!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Bora, malta!

26062008(001) Há cada vez mais portugueses em Varsóvia, ainda na noite de sábado (depois de ter visitado o bar mais doido da cidade) estava na estação à espera do metro e começo a ouvir frases perdidas proferidas num sotaque bem familiar. Escuto com mais atenção e perco as dúvidas, são mesmo tugas. Todos comidos do álcool e enrolados no banco da estação, esperam pelo comboio para irem na mesma direção que eu. Por estar acompanhado, faço por não ser notado e escondo o rosto latino para que não se levantem suspeitas escusadas.

O percurso é curioso, os tugas espalham-se pela carruagem junto dos seus amigos estrangeiros (erasmus? certamente não eram polacos) e divertem-se em inglês. Um dos meus patrícios volta-se para um amigo e descarrega o dicionário de vernáculo de A a Z em jeito de professor de ordinarices. O amigo sorri e repete os palavrões ignorando o meu rir, os restantes passageiros enfiam-se nos ombros e aumentam o volume do leitor de mp3.

Já no tal bar que mencionei acima foi-me apresentado um português  amigo dum aluno meu. Dá-me a impressão que os meus 06082008(002)compatriotas vão descobrindo a Polónia e a sua capital em particular, cada vez vou ouvindo mais o idioma de Pessoa e Amado (para fugir ao cliché-Camões) nas ruas de Varsóvia e fico encantado com a sua presença. Só espero que todos contribuam para a excelente imagem que os portugueses têm nesta terra. É que para construir uma reputação são necessários centenas de pessoas em dezenas de anos, para dar cabo dela basta um par de pessoas num punhado de minutos.

Boa sorte, cambada, e bem-vindos à melhor pior cidade do Mundo!