domingo, 30 de dezembro de 2007

Misha has left the bulding

Amanhã vou para Cracóvia passar o ano. A cidade comemora 750 anos sobre a sua fundação, tem um especial fascínio que atrai-me constantemente e penso que devo prestar-lhe tributo escolhendo-a como destino da minha passagem de ano.

2007 foi o ano da mudança para mim, como todos sabem. Mudei radicalmente de estratégia, de pensamento e de atitude perante a vida. Já há alguns anos tinha sofrido um abanão (em 2000, por exemplo. Lembras-te da nossa conversa, Parceira?) mas nunca com o impacto e dimensão do acontecido em Outubro. Deixei casa, carro, (bom) emprego, família e incomparáveis amigos para perseguir um objectivo que é tão simples de saber como díficil de alcançar: A felicidade.

Não sei se o conseguirei no ano vindouro. Não sei se 2008 será um ano de sucesso ou o ano do regresso a Faro com o rabo entre as pernas. Mas o que sei é que tenho força e fé para levar o sacana do barco a bom porto e macacos me charinguem se eu não honro o meu país e a minha cidade nesta terra, construíndo algo de positivo e que permita-me orgulhar do passo que dei.

Brindo a todos os visitantes e apoiantes da minha aventura. Este é o meio pelo qual posso agradecer a todos pelo apoio e carinho que têm dispensado ao "último czar dos Algarves". Daqui envio beijinhos e um abraço "do tamanho do Algarve" para:
  • A minha Família (Necos, Pelé e Peter incluídos)
  • Os "Água na Boca"
  • O povo do Liceu - do 11º ano e da AE
  • Os mânfios do Rogerinho
  • Os "Nojentos", Micromania, Shop Lucas e todos os amigos feitos nesses círculos
  • O painel do Zé Maria Grand Beach Bar & Resort :)
  • O grupo da Escola do Carmo / Largo da Caganita
  • 11 Esperanças e SC Farense
  • Farmácias Alexandre e Caniné
  • Juve Leo Faro / Algarve
  • Camaradas, amigos, palhaços deste circo que é a Blogosfera
  • Todas as mulheres com quem vivi momentos de eleição e memória.

Saúde e sorte é o que desejo para todos. Tenham um óptimo 2008.

sábado, 29 de dezembro de 2007

Montanhas em monte / Decepções a montes

Na sexta-feira fui arrastado pela minha Maria a Bielsko-Biała, terra dum guarda-redes já aqui mencionado, para que eu pudésse ver as montanhas e começar a familiarizar-me com a neve e pistas de ski. A viagem não foi grande pois a dita cidade fica a apenas 35 km de Tychy e chegámos com rapidez ao destino.
As montanhas de Bielsko não são muito altas, rondam os 1000 m de altitude. Existe um teleférico que transporta-nos em metade da subida e a única pista de ski no monte Szyndzielnia é a ideal para um bicho da praia aprender as manhas destes desportos do frio. Vou ter de investir uns patacos e comprar um fato próprio e um par de skis para desfrutar desta cena.
A máquina fotográfica estranhou os -6º C e recusou-se a trabalhar em tão violentas condições. Eu levei o tempo todo a barafustar com o frio e só acalmei-me perante um prato de bigos e uma cerveja morna. Regressarei certamente a esta estância com esperança de documentar as minhas primeiras aventuras em desportos de inverno.

Mataram Benazir Bhutto e com ela muita da esperança numa solução pacífica e democrática para o problema do Paquistão, uma potência nuclear que não pode ser negligenciada. Sabe-se lá agora como será o futuro naquela zona sensível do Planeta.

Este facto deixa-me muito apreensivo sobre o futuro da Humanidade. A uma Mulher mataram-na por querer ao seu povo. Nós todos andamos cá apenas meia-dúzia de anos, ninguém fica para sempre. Porquê tanta intolerância?

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

À vitória, Farense, à vitória!


Seja em que escalão for, seja contra quem for (mesmo contra o Sporting), seja onde for, o Farense é o meu clube do coração e onde tive a sorte de acabar como jogador, celebrando uma subida de divisão.

Torço para nova subida, para a 3ª div. já este ano. Com o Baranito e Edinho como novos reforços ficaremos mais perto do objectivo. E o Brasa está a jogar a montes, já não era sem tempo de ele mostrar o que realmente vale.
Força Farense, alé!

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

O Natal na Polónia


Há muito para dizer sobre o Natal da Polónia, tanto há que não existe espaço suficiente para descrever todas as tradições e rituais deste país nesta quadra. Posso, porém, enumerar alguns constumes silesianos.

Sábado, depois do almoço, carreguei a chata com os presentes e zarpei para sul em direcção a Tychy onde viémos passar a quadra natalícia com a família Krupa. 4 graus negativos (sem neve) esperavam-nos à chegada e o cheirinho a bolos que vinha de dentro de casa convidava-nos a entrar o mais depressa possível. Percebemos imediatamente a razão do agradável aroma quando vimos os pais da Iza de avental, atarefados na preparação de 2 ou 3 bolos diferentes. Era uma das tradições da família.

Na Polónia os presentes ficam debaixo da árvore de Natal, tal como em Portugal. Tradicionalmente o jantar de Natal é composto por 12 pratos diferentes. Sim, 12 especialidades diferentes que vão desde variadas apresentações de peixe, porque não se come carne na véspera de Natal, até às milhentas sobremesas como bolo de farinha de papoila que é muito popular neste país. Os 12 pratos não são seguidos religiosamente por questão de logística mas põe-se sempre um lugar a mais na mesa para o "convidado inesperado" que poderá ser uma visita de última hora, um familiar que resolve aparecer ou mesmo um sem-abrigo que não tem onde passar o Natal e passa, desta forma, a Consoada com uma ceia apropriada. Um gesto próprio de um povo habituado a sofrimento e privações.

São feitas leituras de passagens bíblicas ou dão-se explicações acerca das comidas antes da refeição. Existem hóstias, uma para cada comensal, que têm uma utilidade interessante. Cada pessoa oferece a sua hóstia à outra que parte um pedacinho ao mesmo tempo que formula-lhe um desejo. No final dos votos, ambas as pessoas beijam-se (homens inclusivé) e tomam os pedaços de hóstia. O gesto é repetido por entre todas as pessoas para que todos transmitam votos de Natal a toda a gente. Como algarvio e filho de Faro, desejei a todos o dobro do que desejam-me, muita saúde e sorte!

Após dar graças pela comida na mesa inicia-se o jantar. Como disse, a carne não tem lugar na mesa de Consoada sendo substituída pela carpa frita com batatas cozidas e couve. Vinho caseiro para acompanhar e abrir caminho para as infindáveis sobremesas que se seguem. Um irmão da Iza chega com a sua esposa e filho à hora do chá, servido no final e que é coisa habitual na Polónia.

Os presentes são distribuídos após o chá, sem ordem aparente nem horário específico. São entregues simplesmente em mão por quem estiver mais próximo da árvore de Natal. A festa é comum entre velhos e novos e os agradecimentos são feitos ao Menino Jesus e não ao Pai Natal. Este não tem muita tradição na Polónia sendo apenas uma figura secundária na celebração do Natal. Os polacos exortam o nascimento do Menino Jesus enquanto o Mikołaj (São Niculau, nome oficial do Pai Natal) tem o seu tempo próprio noutra altura do mês. Fiquei a saber que na América não se retiram os preços dos presentes de Natal para que, se não se gostar da prenda, se possa trocar por algo do mesmo preço ou mais caro. Tem algum jeito?! Cada vez gosto mais da cultura americana...

Finda a cerminónia das prendas cantam-se cânticos de Natal. O sr. Krupa toma o seu lugar no piano e toca algumas melodias natalícias que são cantadas por toda a família, tornando o ambiente de casa verdadeiramente harmonioso. Perto da meia-noite é hora de sair de casa para assistir à Missa do Galo, coisa a que falhámos por estarmos entretidos a ver a festa luso-polaca do ano passado, em Faro, cujo dvd finalizei in-extremis durante a ceia de Natal deste ano e que foi a minha prenda de Natal à família. Por esse facto vamos todos esta tarde à igreja pelas 17:00.

Hoje, dia de Natal, serviu-se um pequeno-almoço mais consistente. Salsichas, fiambre, salame, ovos cozidos, muito pão e manteiga, carpa do dia anterior, chá e bolaria de sobra para acompanhar uma conversa mais descontraída. Os avós da Iza juntaram-se a nós, isso permitiu-me falar de bola com sr. Stawowy, antigo futebolista profissional da 1ª liga polaca, e discutirmos as sortes de Portugal e Polónia nos grupos do Euro2008.

Agora faz-se uma pausa nas comezainas. Assiste-se à mensagem televisiva do papa enquanto se espera pela hora da missa e pela refeição principal do dia. Eu partilho este bocado de vivência convosco e arranco imediatamente para o quarto, bater uma pestana. Comi tanto que só me apetece amalhar-me como os gatos.

Feliz Natal - Wesołich Świąt
ps - Eu a sair do computador e entra a mãe da Iza perguntando se quero um prato de sopa de beterraba. Qualquer dia rebolo!

sábado, 22 de dezembro de 2007

Férias!

Após vários dias começando a trabalhar às 7:00 e terminando às 19:00 eis-me de férias! Vou daqui a um par de horas para a Silésia passar o Natal com a família Krupa e decidir finalmente onde ir na passagem-de-ano.

Cracóvia oferece uma festa com nomes diversos, entre eles Lou Bega, Boney M e Shakin Stevens. Música que não se ouve há 10 anos (pelo menos) mas que num contexto de copos e palhaçada assenta perfeitamente. É para esse lado que estou voltado mas tudo depende do tempo.

É que Katowice vai andar entre os -2 e -6ºC durante os próximos dias e sendo Cracóvia das cidades mais frias da Polónia, não sei não...

Palpita-me uma noite de fim de ano em caselas, ensopado em vinho caseiro, a dar vivas ao Sporting e a maldizer o clima polaco. Ou vice-versa.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Polónia Europeia - Dia 0

Não deve existir neste planeta um tipo mais bruto que um polaco com mais de 50 anos. "Bruto" com a conotação que a palavra tem em Faro, significando algo como marrão, sagorro, carneiro. O termo "civismo" não tem qualquer significado para esta espécie de gente, pelo que os seus comportamentos são desprovidos de qualquer sensibilidade ou sentido de respeito pelo próximo.
Estou a falar dos polacos acima de 50 anos, note-se bem, porque as gerações seguintes são muito mais civilizadas.

Há dias vinha do trabalho com uma colega e ia apanhar o metro. Uma das cancelas estava avariada e um homem batia com violência o seu passe no sensor da máquina esperando que ela desse-lhe acesso. A Rita explicou em polaco que aquela cancela não estava boa. O tipo bufou para a cancela seguinte e passou sem sequer olhar para ela, quanto mais agradecer.
Nos elevadores é impossível esperar um "bom dia" ou um "obrigado" se aguentamos ou abrimos a porta para eles passarem. Homens e mulheres, se forem entrados na idade, sacodem o casaco para cima de nós e seguem como se nada se tivésse passado.
Filas de supermercado é um conceito muito vago. Se olharmos um segundo para as pastilhas elásticas temos logo uma cabeça grisalha vinda do nada à nossa frente, empurrando as compras do cliente anterior que estão no tapete rolante.
Nas passadeiras de peões da Baixa, onde trabalho, há imensa gente à espera do sinal verde e todas as probabilidades de sermos atropelados por um polaco que caminhe em sentido inverso. Não se conte que eles desviem-se um milímetro que seja pois seguirão em frente, sagorros, levando tudo o que se lhes atravessar no caminho, qual manada de rinocerontes eslavos em fuga.
Um português é alegre por natureza e é natural que assobie enquanto ande na rua, especialmente se estiver ouvindo música nos fones. Esse mesmo português será automaticamente verberado se cometer o deslize de assobiar Pedro Abrunhosa ou Xutos enquanto espera pelo elétrico. Dentro do elétrico, então, provavelmente o tuga será posto na alheta.
E nem pensar em conversar com um patrício na via pública. Falar alto? Gesticular? Rir em voz alta (e logo eu...)? Gajas, bola, carros, gajas, copos, telemóveis, frio, dinheiro, gajas, filmes e gajas são temas para se discutirem em volume de biblioteca / igreja. Os latinos são uns alarves, falam bué e perturbam a "ordem" pública.

Explicações?

A Polónia terá o pior Serviço ao Cliente que conheço. As pessoas não têm o mínimo senso ao atender o cliente; é tudo às três pancadas, com uma antipatia e umas trombas parecidas às nossas na final do Euro2004. A Iza perguntou por 3 vezes o preço das laranjas no supermercado e ninguém se dignou a pesquisar, os funcionários apenas respondiam "não sei" e arrancavam.
O eventual serviço de apoio ao consumidor é inexpressivo (que saudades da DECO), a figura do livro de reclamações não existe. O cliente é constantemente enrolado e não reclama porque é considerado falta de educação, ficando a remoer a insatisfação pelo serviço prestado e recalcando o grande escabeche que qualquer lusitano faria numa repartição pública se tivésse um grama de razão do seu lado.
Também não têm grandes motivos para rir facilmente. O pai da Iza contou-me episódios da vida polaca no tempo do que mediou o stalinismo à perestroika que são de arrepiar, experiências que podem ajudar a perceber a razão da rudeza desta gente. As privações, denúncias, perseguições, carências e uma História cheia de invasões e atrocidades contra o seu povo e cultura são feridas que ainda não cicatrizaram nestes polacos endurecidos pela vida.

No instante em que publico este artigo a Polónia entra ao Espaço Schengen. Ouve-se fogo de artifício e festejam-se nas 7 ex-fronteiras deste país (Alemanha, Rep. Checa, Eslováquia, Ucrânia, Bielorrúsia, Lituânia, Rússia - Kalinegrado). Na TV os jornalistas dizem "Polska jest w Schengen" com emoção. Bebe-se champanhe e tiram-se fotos. Bandas tocam a "Ode à Alegria" de Beethoven. O momento é histórico, faz-me lembrar a queda do Muro.

Que seja um novo começo para a Polónia e que as esperanças deste povo convirjam nas minhas pois a Polónia precisa tanto da Europa como os europeus precisam da Polónia. Powodzenia, Polska!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Cine Algarve

No sítio do Moinho do Sobrado (séc. XIX: actualmente o Grupo Naval de Olhão), havia antigamente uma casa, onde aparecia à janela, noite fora, uma formosa mulher vestida de branco. O único que se atrevia a andar por aquelas bandas à noite era um sujeito de meia idade - o compadre Zé - que se embriagava e adormecia na rua, sem receio. A mulher de branco aproximava-se do bêbado, fazia-lhe meiguices e até se sentava a seu lado. O compadre Zé contava a sua história sem convencer ninguém a deslocar-se ao local para a comprovar.

No entanto, o compadre Zé tinha um amigo mais jovem que se iria casar brevemente. Aproveitando-se do evento, promete ao amigo oferecer-lhe um seu terreno como prenda de casamento, caso ele tivesse a coragem de o acompanhar a ver o fantasma. Este, transido de medo, lá foi à aventura, atendendo ao grande jeito que lhe fazia a prenda. Sentou-se numa pedra, junto ao Moinho do Sobrado, e esperou pelas doze badaladas. Nesse momento surge da porta do Moinho uma mulher vestida de branco até aos pés. O vestido terminava numa bainha esfarrapada, a cobrir-lhe os pés descalços. A mulher aproximou-se com a face envolta num véu e uma flor nos cabelos loiros. Julião, assim se chamava o amigo do compadre Zé, pergunta-lhe quem era e donde vinha.

- Sou a desditosa Floripes - respondeu, numa expressão triste.

- O que faz por aqui?

- Sou uma moura encantada. Quando a minha raça foi expulsa da província, viu-se o meu pai obrigado a partir, sem poder prevenir-me. Eu tinha um namorado que também fugiu e aqui fiquei sozinha, à espera a cada momento que o meu pai me viesse buscar. Numa noite em que esperava, vi ao longe a luz de uma embarcação. A noite era de tormenta e o barco escangalhou-se de encontro aos rochedos. Não era o meu pai que ali vinha: era o meu namorado, que foi engolido pelas ondas. Soube o meu pai deste funesto acontecimento e vendo que não lhe era possível vir buscar-me, encantou-me de lá.

Julião, penalizado com a triste história, logo pensou em oferecer-se para salvar a moura e perguntou:

- Existe algum meio de a salvar?

- Há sim - respondeu a moura.

- Que meio?

- É necessário que um homem me dê um abraço, à beira de um rio, e me fira no braço contíguo ao coração. Logo que tal aconteça, irei de imediato para junto dos meus familiares. Mas existe uma dificuldade.

- Que dificuldade? - perguntou Julião, quase resolvido a ser o seu libertador.

- O homem que me abraçar e me ferir terá de me acompanhar até África, atravessar o oceano com duas velas acesas e casar comigo à chegada..

- Isso é que eu não poderei fazer. Já tenho casamento marcado com a minha Aninhas.

- Então continuarei novamente encantada – respondeu a moura soluçando – Até agora, ninguém se atreveu a tanto sacrifício!

A moura continuou o seu encantamento durante muito tempo ainda, sentada no cais com os pés na água, esperando o seu pai voltar de África. Era por vezes vista no cais, sempre de noite, a conversar com um menino de olhos grandes e com gorro encarnado. Seria o menino algum mouro que ali também ficou encantado? Ninguém sabe responder...

Alguns olhanenses mais antigos acreditavam tanto nesta lenda que diziam que a Floripes era vista também durante o dia a fazer compras em lojas, onde pagava com uma moeda de ouro e sempre desaparecia sem receber o troco. Ainda hoje, quando alguém por qualquer razão não recebe o troco, se diz "és como a Floripes, não queres a torna!".

A Floripes foi também a personificação do medo do transcendente. Quando se quer acautelar alguém, ainda se diz "vê lá se te aparece a Floripes!".

retirado daqui


Pessoalmente, lembro-me vagamente deste conto sem nunca ter aprofundado os estudos para saber mais. Porém os gajos do Desunited noticiaram que estreia amanhã, em Portugal, um filme sobre esta lenda. Um trabalho sobre a cultura algarvia, neste caso de Olhão, com sotaque genuíno e que merece ser divulgado por ser inteiramente produzido e protagonizado por algarvios. Melhor dito, por "fis d'Olháo".



Numa altura em que o cinema português se divide entre as inenarráveis xaropadas de Manoel de Oliveira / João César Monteiro e as insípidas aproximações ao mainstream de Hollywood, tipo "O Crime do Padre Amaro", "Floripes" é uma obra a não perder pelo interesse do tema e pela qualidade que parece ter. Alguém que me arranje o dvd, por favor.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O esplendor de Portugal

O Restaurante Portucale, do Manel e do Zé Costa, foi no sábado palco da minha primeira reunião de portugueses radicados em Varsóvia. Nada que se pareça com as colectividades de emigrantes espalhadas pela Europa que são, perdoem-me a franqueza, un tanto ou quanto chungas. Estes compatriotas são tugas da nova leva, modernos e com uma forma bem mais subtil de estar na vida. Pessoal cosmopolita, casais mistos, globalização presente em todos os gestos, percebe-se perfeitamente que estão adaptados quando falam das ruas de Varsóvia como se falássem de Lisboa, do Porto ou de Faro.

Criou-se um lobby algarvio pois conheci uma miúda de "Vilarreá" de Sto. António que até é irmã dum gajo que jogou à bola contra mim (Salsinha). Conheceram-se pessoas muito interessantes, com experiências para transmitirem-me e ajudas importantes que prontificaram-se a dar-me. Falou-se em polaco, inglês, português e em algarvio pois a Sónia abriu o livro com o sotaque da Vila e eu tive de ripostar com a pronúncia da Escola do Carmo.

Pastéis de bacalhau, croquetes, carne de porco à alentejana e o bacalhau com natas, a minha escolha, foram aprovados por unanimidade. Deu para ver os dois jogos grandes da jornada, para trocar contactos com os patrícios, para descobrir que alguns deles moram na mesma rua que eu e para confirmar que Portugal, afinal, não está táo longe.

Sim, claro. Fomos para os copos. Mas isso é outra música...

sábado, 15 de dezembro de 2007

Há dias assim

1-Recentemente abateu-se uma senhora neura em mim. Uma rabugice que impede-me de preparar o trabalho convenientemente, de escrever o meu blogue, de consultar o e-mail, de estar disponível para o mundo. Disseram-me que o problema poderá ser da pressáo atmosférica que é muito baixa nesta altura do ano e que afecta o humor das pessoas, causando violentas dores de cabeça às pessoas entre outros sinais de desconforto. Como considero que dores de cabeça é coisa de nulher (nunca ouvi um homem dizer "ai, dói-me a cabeça!") e nunca ouvi falar de pressáo atmosférica mais a respectiva influência no estado de espírito das pessoas, resta-me levar este período de menor inspiração da melhor forma possível e aguardar com serenidade que ele passe.

Sempre ouvi dizer que "há dias cabrões", não há de ser nada.

2 - Colega da blogosfera lusitana e ilustre jornalista destacada em Pequim cujo blogue podem visitar nos links aqui divulgados, a minha amiga Maria João Belchior teve um pequeno/grande acidente que condiciona a sua escrita. Felizmente o raciocínio continua arguto, para seu bem e nosso deleite, e continua a presentear-nos com deliciosas estórias e preciosos artigos sobre a vida da (e na) China. As melhoras, miga. Feliz Natal e se não for pedir muito, um abraço ao António.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Jogada de mestre

Andei aqui a ganir com a falta de Halibut há umas semanas atrás, recordam-se? Pois bem, houve um casal de alminhas caridosas que lembrou-se de expedir uma bisnaga da valiosa pomada para cá causando-me surpresa indescritível. Como se não bastásse, os meus manos da Linha do Estoril (bem mais chique que dizer que moram na Abóboda) fizeram o creme acompanhar-se por outros artigos de primeira necessidade que passo a mostrar:




1) Uma garrafinha de leite Ucal porque não há outro igual. O leite polaco é bem bom (e eu sou um perito na matéria) mas ainda não encontrei leite achocolatado. O povo aqui prefere litradas de chá ou baldes de café mas eu sempre fui menino de copo de leite, o café puro sempre lixou-me o vasilhame. Um Ucal e um croissant misto, o meu pequeno-almoço da Baixa de Faro!

2) Um SG Gigante. O pouco que fumo é Marlboro Lights (tabaco de puta, eu sei) mas um Gigante é o puro sabor lusitano. O verdadeiro espírito e imagem de marca dum Manel de grandes bigodaças a mamar minis, a bela tattoo "Guiné 67 Amor de Filha", o fio de ouro com o cérebro da corvina ao peito, a mão manhosa tocando no rabo da cunhada, dentes em obras, galhardete do benfas no Renault 5 e a imagem de Nossa Senhora no tabliê, dobrada com feijão branco ao jantar, Pedras Negras tinto pra empurrar, a unhaca da higiene pessoal a pinicar o olho enquanto o Prof. Marcelo debita sugestões que ele nunca irá seguir mas a que assiste com regularidade para presumir que é culto. SG Gigante, sabor de Portugal.

3) Nestum mel. É como o doce da Raquel: É mel, é mel! Comecei por ser apreciador do de figos, passei para o de chocolate que alternava com o de arroz religiosamente antes dos treinos. Experimentei o de maçã e o de alperce (havia também, no meu tempo, o "rico em proteínas" e o de amêndoas) sem conseguir gostar deles. O Nestum mel, apesar de ser o mais célebre, nunca fui muito da minha predilacção mas vou sempre a tempo duma aventura radical. Tenho amigos que começaram a fumar borras já com 30 anos, que mal faz começar a comer Nestum aos 34?

4) Uma farinheira de Arganil. Arganil é terra baril. O Barril é uma praia perto de Tavira onde há festas da espuma ao ar livre. Se comeres muitas farinheiras sai-te espuma pelo às de copas. Se fizeres cocó ao ar livre podes ser picado por um besouro no às de copas. No Barril não há besouros. Na Ilha de Tavira há besouros. Tenho saudades da Ilha de Tavira. E do Barril, que é baril como Arganil.

5) Um tubo de Halibut. Já não vai haver mais borbulhas nem rabinhos assados nesta casa q:9

6) Um postal de aniversário. Dedicatórias, votos e a promessa duma caneca das Caldas no próximo ano. Charinga-te, mano grande!

Nem calculam o bem que me soube receber estas prendinhas. Nem eu calculo o bem que me vai saber o pequeno-almoço de amanhã. Obrigado, cabrões! q:D

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Nozes a quem não tem dentes

Ainda entrevistas de ex-sportinguistas.

Jardel fala da sua vida na Austrália ao serviço dos Newcastle United Jets e compara a cidade de Newcastle com a sua Fortaleza natal devido à proximidade com o mar que possibilita-lhe pescar todas as tardes.

Quando foi perguntado ao bi-bota de ouro, vencedor da Taça Uefa e Supertaça Europeia, qual o momento mais alto da sua carreira ele responde, passo a citar:

“2002” he says without hesitation. “When I played for Sporting Clube de Portugal, we became Champions that season, and I was awarded the European Golden Boot. It was a very special time for me so I must choose that to be my favourite.”

E pensar que na época seguinte ele deu cabo de tudo... Até onde poderia ir uma equipa que tivésse o tridente JVP-Niculae-Jardel? Dá vontade de dizer: "Ó Jardel, vai cagar!"

Bom, é melhor mas é eu voltar ao trabalho.

Need for speed

Soube que o Ginjeira morreu assim. Um típico gajo porreiro, bom moço, da maltinha do meu tempo de Liceu, sempre disposto a uma boa gargalhada e de falar de carros. Tantas vezes conversei com ele no Columbus que arrepia-me saber que ele entrou por uma casa adentro e ficou encarcerado enquanto o carro ardia...

Isto leva-me a pensar que a minha cidade já não é a mesma. Não que ela tenha mudado mas porque as pessoas mudaram bastante.

Sinceramente, desconhecia que o Ginjeira era piloto. Poderia possuir uma sensibilidade mais apurada para manhas e truques dos automóveis e é isso que me deixa perplexo. Como foi possível? O que terá realmente acontecido?

Tá tudo maluco... Calma, meu! Ao fim e ao cabo ninguém fica cá, pra quê tanta pressa?

domingo, 9 de dezembro de 2007

Postais da Polónia - 1

O Palácio da Cultura e do Conhecimento (Pałac Kultury i Nauki, abreviado PKiN) é o cartão de visita de Varsóvia e desperta sentimentos distintos entre os polacos desde o primeiro instante da sua controversa história. Uns pensam que o edifício é feio, um símbolo dos negros anos do domínio comunista soviético e que destruíu a estética arquitectónica da cidade, enquantos outros consideram-no um ex-líbris da cidade e da cultura varsoviana, um ícone indissociável da cidade como a Torre Eiffel estará para Paris ou o Big Ben para Londres. O PNiK também é conhecido por pajac (lê-se páiats), palavra polaca que significa palhaço, cretino, idiota e que tem sonoridade parecida a pałac (lê-se páuats) que quer dizer palácio. O 30º piso oferece uma panorâmica soberba sobre Varsóvia e é motivo de anedota pois os varsovianos costumam dizer que "as melhores vistas de Varsóvias são aquelas de onde não se vê o Palácio".


O edifício mais alto da Polónia era inicialmente designado por Palácio da Cultura e do Conhecimento Josef Stalin mas após a morte do ditador e consequente substituição por Nikita Kruschev, todos os símbolos stalinistas foram removidos do palácio, tais como todas as alusóes ao seu nome e a habitual estátua de culto ao líder vermelho.

Actualmente o Palácio encerra um complexo de galerias, cinemas, livrarias, teatros, museus, escritórios e uma grande sala de congressos e concertos, a Sala Kongresowa. Os seus mais de 230 m de altura servem também para retransmissão de sinais de TV e rádio enquanto 3288 divisóes estão espalhados por 42 andares ocupando uma área de 123.000 m2.

A sua construção iniciou-se em, 1952 e estendeu-se por 3 anos seguindo planos elaborados na União Soviética e levada a cabo por 3500 trabalhadores exclusivamente oriundos daquele país, dos quais 16 morreram em acidentes de trabalho. A arquitectura do edifício é similar à de muitos arranha-céus de Moscovo e foi inspirada na Universidade Estatal de Moscovo apesar de ter alguns elementos polacos recolhidos em observações levadas a cabo pelos arquitectos soviéticos em observações pela Polónia. O Palácio foi uma suposta oferta de Estaline ao povo de Varsóvia que "puderam" optar entre o metropolitano e um palácio. O povo escolheu o metro, Estaline deu-lhe um palácio. Surpresa? Claro que não.

Estaline não viveu o suficiente para assistir à inuguração do Palácio e certamente deu voltas no túmulo quando os Rolling Stones actuaram no em 1967, o primeiro concerto rock duma banda ocidental num país da Cortina de Ferro.

Contudo a retirada das tropas soviéticas e posterior desmembramento da União em 1989 contribuiram para a diminuição da conotação negativa do Palácio. Também no passado recente foram erguidos em Varsóvia arranha-céus de dimensóes comparáveis ao PKiN que harmonizam a integração do edifício na paisagem. Em 2000 quatro relógios de 2 metros foram acrescentados a cada uma das faces so Palácio tornando a sua torre como a mais alta do mundo até 2002 quando na NTT DoCoMo Yoyogi de Tóquio foram colocados relógios.

Já visitei a Sala Kongresowa quando a gala da Radio Wawa ali teve lugar, fez-me lembrar o Coliseu dos Recreios em tons de vermelho. Ainda não tive oportunidade para subir ao Palácio mas assim que consiga trarei ao blogue imagens captadas. Devem ser estrondosas! Por enquanto vou deliciando-me a contemplá-lo na Baixa de Varsóvia, todos os dias, quando vou trabalhar.

Prá posteridade

Alguns muninos passaram por Varsóvia em trânsito para Cracóvia. Esta é a foto de família, tirada na "minha" estação do metro a 2 min de casa (a pé, note-se!).


Até tenho estado a gostar de viver em Varsóvia, mas Cracóvia é outra frescura.

- Pede lá aí duas prá gente, boy!

Ganda Brélio, em Fevereiro quero-te aqui juntamente com a Turma. Luanda não termina numa semana q:)

sábado, 8 de dezembro de 2007

Por qué no te callas?!

É de uma falta de carácter - diria, é de uma grande lata - vir para a praça pública fantasiar bodes expiatórios responsáveis por uma explosão que nunca se verificou, apesar das inúmeras oportunidades que foram-lhe dadas para poder afirmar-se como grande talento do Sporting e da nossa Selecção.

Carlos Martins nunca aproveitou a tolerância e o carinho que os adeptos sportinguistas lhe dispensaram enquanto acreditaram que ele queria ser, realmente, um grande jogador de futebol. Nunca levou a sério as suas responsabilidades enquanto profissional de futebol, ainda por cima representando um dos Grandes. Não aceito, portanto, a encomenda que ele resolve colocar na imprensa, disparando para todo o lado mas nunca assumindo que falhou sempre quando apostaram sucessivamente no seu potencial.

Não vou referir as noitadas no Buddah-Bar em Lisboa ou em Coimbra, isso já é do domínio público. Não vou lembrar a expulsão estúpida no Restelo que custou-nos pontos preciosos na luta pelo título do ano passado (recorde-se que ficámos 1 ponto do campeão). Não vou recordar os alheamentos (ressacas?) durante os jogos em que mais precisámos do seu talento.

Vou apenas somar a todos estes factos um que é ilustrativo da sua postura de vida: Após a transferência para Huelva Carlos Martins resolve procurar casa em... Faro. Sim, em vez de habitar na cidade onde trabalha ele prefere efectuar 300 km / dia em deslocações casa-trabalho-casa. Em Huelva as coisas correm bem. A culpa era dos médicos e do treinador, dos adeptos e das condições do relvado, da ex-mulher do Hugo Cunha ou do whisky marado que o Pinilla partilhava com ele. De tudo e de todos, mas não dele.

Agora que o Sporting está a atravessar um mau momento é fácil vir bater no Leão, chamar-lhe nomes, maldizer e zombar. Mas cuidado, Carlos. O peixe morre sempre pela boca e tenho cá para mim que serás outro Dominguez ou Dani porque pau que nasce torto nunca se endireita.

Tem juízo, mó!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Superamendoins

Estes gajos não têm mais nada que fazer senão lançar temas interessantes no seu espaço. Ainda há dias estávamos a falar da Vila Xurupita e dos Manuais do Zé Carioca, do Prof. Pardal, do Escoteiro-Mirim, da Vovó Donalda, do Peninha, do Gastão...

E eu, em vez de estar a preparar o bules para amanhã, ando aqui entretido. Está a ser a minha desgraça, não consigo largar o pc!

Obrigado pelas missivas no post anterior. Ter passado o primeiro aniversário longe do povo amigo não foi vida fácil mas as mensagens enviadas (e os e-mail, sms, toques no hi5 e no msn) deram uma força fixe. Bem-hajam, Amigos q:)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

5-12-1973: Once upon a time in Faro

Há uns anos atrás é que isto tinha piada. A festa começaria logo hoje com a família junta na casa da minha avó para desbastar centenas de pastéis de bacalhau e empadas que ela fazia quando abastecia metade da cidade de Faro. Cantorias e anedotas, comida que nunca mais acabaria, vizinhos que entrariam, outros que não sairiam, a Rua do Alportel em alvoroço de manhã à noite, eu a faltar ao treino para estar a horas do jantar, comprariam-se grades de "Fruto Real" no supermercado do Lopes, a eterna conversa de "O Sá Carneiro morreu, faz hoje anos. Lembras-te, Nuno?", o feijão com massa, o meu avô tiraria a placa para atazanar a minha avó que devolveria-lhe a brincadeira com um tacho na pinha, a D. Maria guardaria um mil-folhas para mim, o presépio montado (e que grande seria), pasodobles e corridinhos, o Mijica Leiteiro queixaria-se do barulho, o Orlando Chupa puxaria novamente fogo à casa no Largo da Caganita, a malta jogaria aos centros na rua, seria um fandelir.

Há 3 anos que não é a mesma coisa devido à natureza efémera das pessoas pois a minha avó não faz mais anos. O meu aniversário, dia 5, era antecipado em 24 horas como se fosse a antestréia duma peça de teatro. Eram dois dias de festarola pegada, mesmo após o peso dos anos terem empurrado a Laurinha para a cadeira de rodas. Corrijo -após terem empurrado-lhe o corpo porque a mente lúcida manteve-a até à última, recordando tanto os momentos de hilariante graça como expondo embaraços do meu avô.

Há 3 anos que não tenho sido tão efusivo na celebração do meu aniversário. Eram sobejamente conhecidas em Faro as minhas jantaradas no Chalavar (há DVDs dessas jantas) e no mês de Dezembro era comum perguntar-se onde era a passagem de anos e a festa de anos do Soviético. Penso que perdi um pouco a vontade de estar alegre nessa altura, a chama não era a mesma. Sem os sorrisos da família no dia anterior a coisa não resultava.

Pois... Como aqui já passa da meia-noite posso dizer que hoje é o meu aniversário, o primeiro fora de Faro. Não faço ideia de como irei comemorar mas será naturalmente com a Iza algures a 3000 e tal km do meu povo e homenageando a minha avó. Pode ser que as nuvens dêm-me um presente e afastem-se por um instante para que ela possa ver-me a brindar por si.

À tua, Laurinha. A âncora da nossa família.

Zerocentos e zerenta e zero

O saudoso Vítor Correia dizia: "Desde que vi um porco a andar de bicicleta passei a acreditar em tudo!"

Eu passei a acreditar em quase tudo quando vi esta grandessíssima barraca na televisão.

Agora saíu uma zerada * na lotaria. Quem ganhou o prémio? Ninguém!

Mas isto anda tudo variado da marmita ou é impressão minha?

*info retirada daqui.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Acaba já...

Com o Geraldo em Poznań, o Tiago e o Fernão em Cracóvia, já somos 4 tugas na blogosfera polaca. Se aparecer mais um faremos equipa para dar um tareão de bola a estes gajos.
Porquê? Vocês não estão conscientes das risotas que desperto aqui quando digo que sou português. Tudo por causa deste tipo!
O Pintassilgo é que dizia bem, lá em Monte Gordo: "Jogas aonde, mó?!"

domingo, 2 de dezembro de 2007

Andrzejki - Dia de Santo André


O dia 30 de Novembro é dia de Santo André, o santo patrono da Escócia, Grécia e Rússia, mas que tem um significado muito importante na cultura polaca.

No primeiro dia de Dezembro inicia-se o "advent", um período de reflexão e introspecção que dura até ao Natal. Nestes dias as festas não são tão vigorosamente vividas e as pessoas procuram ser mais comedidas em eventuais comemorações como aniversãrios, casamentos ou efemérides do género. Devido à existência deste período de tempo mais sereno, o último dia antes do início do mesmo é aproveitado para valentes borgas ou manifestações culturais de outra ordem. Os "Andrzej" deste país reúnem em casa amigos para festejar o dia do seu nome, após o que saem todos à rua para assistir aos mais diversos espectáculos oferecidos em toda a Polónia ou apenas para beber copos. Cumprem-se algumas tradições, como derramar cera de vela fervente num pote de água fria pelo buraco duma chave e teorizar sobre a forma que a cera ganha depois de solidificada na água. Normalmente essas teorias incidem sobre os possíveis casamentos de jovens ou acontecimentos relacionados com o trabalho.

Este ano o "Andrzejki" calhou numa sexta-feira, curiosamente enquanto alguns "muninos" passeavam-se alegremente pela mágica Cracóvia depois de terem feito escala em Varsóvia, vindos directamente de Old Trafford, para darem-me um alô e jantarmos juntos. Na sexta fui largado pela Iza em Katowice e apanhei o comboio para Cracóvia onde já me esperava a turma liderada pelo grande Giga. O Artur queixava-se do frio, o Rui tinha a vasilha desfeita desde Inglaterra mas tudo isso foi aliviado com uma generosa oferta da Burn efectuada assim que entrámos na rua Floriańska. Botámos a garrafa abaixo e fomos directos à noite, animada como sempre nesta terra. O plano era experimentar bares e discos diferentes pois, somando todas as visitas a Cracóvia, só conheço 2 ou 3 sítios. São os bons, para quê inventar?
A noite começou no Prozak e acabou... no Prozak. Foi mais uma vez 5 estrelas (alguma vez não será?!) para não dar cabo da impressão que tenho da cidade. Cracóvia é de outra galáxia e os "boys" foram mais uma vez parte das suas estrelas.
E eu cumpri a tradição do meu país adoptivo. É prá festa? Buga prá festa!
PS - A Iza encontrou o Sporting - U. Leiria no Polsat Sport e pude papar o joguinho refastelado no sofá. Foi o que precisava para pôr uma cruz no meu clube, decretei um mês de embargo ao Sporting na minha casa. Como se diz na minha terra, "o que é demais é demasiado!"