domingo, 30 de novembro de 2008

Solidariedade

Sexta-feira apareceram cá uns patrícios amigos duma colega minha, envolvidos numa acção profissional. Combinámos um jantar na Baixa também para dar-lhes a mostrar alguma coisa da noite de Varsóvia. Apanhei o metro como de costume e dirigi-me para o Centro da cidade, a carruagem estava à pinha de gente preparada para a diversão nocturna. Não os invejei pois não fiz planos para borgar naquela noite porquanto pensava apenas em jantar com estes novos amigos e aturar-me para a cama o mais rapidamente possível. Indiferente ao barulho feliz da multidão, fechei os olhos e dormitei.

Perto da estação Pole Mokotowskie começa a sobressair um som diferente dos demais, mais harmónico e agradável que se aproximava da minha posição. Era o som duma gaita de beiços que emergia do tagarelar polaco e ia silenciando as pessoas à medida que se impunha no ar. Achei curioso o contraste entre o som melancólico duma harmónica e a barulheira frenética da noite citadina e aguardei que o tocador se revelásse. Quando os passageiros se afastaram para dar passagem à gaita, um velhinho surgiu, o responsável pela melodia.

O velhinho estava bem vestido, de unhas limpas e tinha o rosto perfeitamente escanhoado aparte do seu bigode branco e bem tratado. Levava a gaita na mão direita e estendia o braço esquerdo em cujo pulso se pendurava um saco de plástico com revistasuntitled. Na máo esquerda, trémula, um copo de café onde repousavam algumas moedas, sinal de que o senhor estava a pedir  esmola.

Ao olhar para aquele senhor, que apesar de aparentemente passar necessidades não deixa de se apresentar asseado ao mundo, lembrei-me do meu avô. Este senhor também será avô mas terá menos hipóteses de dar as coisas boas que o meu me deu. Lembrei-me das caixas de Mars e KitKat que ele tinha para mim e para o meu irmão se nos portássemos bem, do extraordinário feijão guisado que me empanturrava nas tardes de Inverno, das boleias para o Ciclo ou Liceu que ele nunca me negou, da corrida que ele deu a um puto mais velho que me tinha batido na Alameda, das pizzas de 3 andares que ele cozinhava e, como esquecê-lo?, do Mini Metro que ele me emprestou N vezes quando tirei a carta de condução.

Não retirando o mérito e o empenho com que as pessoas constroem o seu futuro, a sorte beneficia uns e encolhe os ombros a outros. Esse é um pensamento que transporto comigo todos os dias, hoje estamos bem mas amanhã não temos muita certeza. O futuro assusta-me, sempre me assustou e sempre tive dificuldades em lidar com projecções a longo prazo. O mundo é cada vez mais um sítio selvagem e injusto para se viver e este tocador de gaita terá certamente estórias para contarr a esse respeito.

Fiquei fulo comigo por não ter tido sequer um zloty para dar àquele dziadek. Para expiar o pecado, pedi emprestado à Sónia um livro de Manuel Tiago para ir lendo e aprendendo mais alguma coisa sobre solidariedade. Um dia, quem sabe, teremos de agarrar na gaita e tocar a melodia da nossa vida a alguém que se comova conosco.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Now you see me, now you don't

Varsóvia, 12:30

Temperatura: 13º C

Varsóvia, 16:30

Temperatura: 3º C

O sol anda a gozar comigo. Fdp...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Atão na sabes?...

O European Social Survey aponta os portugueses como o povo mais "tristonho" da Europa, em par com a Bulgária e Ucrânia.

É interessante concluir que Portugal tem tanta esperança no seu futuro como países muito menos desenvolvidos e que nunca se distinguiram em termos de obra realizada, empreendorismo ou progresso. Há muitos motivos - mais que acertados - que podem explicar a descrença dos portugueses, desde a melancolia genética de todo o lusitano até à manifesta desilusão na classe política que nada fez para melhorar efectivamente as suas condições de vida, passando pela eterna condição de "coitadinhos" com que enfrentamos os desafios mais audazes. Muito modestamente apresento 16 razões para tamanha angústia.

  • 5 razões em Alvalade
  • 5 razões no Pireu
  • 6 razões no Brasil

Posto isto, vou dormir. Dobranoc!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Pássaros do Norte

Com as primeiras neves (precoces, diria) da estação, a paisagem de Varsóvia modifica-se. O branco frio substitui o verde fresco dos jardins e cantos da cidade, não vemos mais regatos a cantar melodias àqueles que passeiam nas suas margens pois as suas águas emudeceram congeladas. Não há mais minissaias para alegrar a vista se bem que algumas polacas continuam corajosamente a exibir o pernil indiferentes à agrura do termómetro. Os óculos de sol ficam sempre em casa, tapamos o pescoço, os eléctricos e autocarros já só abrem as portas se carregarmos no botão.

Por todo o lado vê-se o frio. Nos toldos de chapa dos quisques onde os pingos gelaram e ficam suspensos no ar como uma estalactite urbana. A população parece outra, parece que as pessoas que moravam cá no Verão foram-se embora e apareceram os inverneiros no seu lugar. Os inverneiros não têm paciência, não sorriem, não são expressivos. São seres tristes e que entristecem os outros. Mas existem outros habitantes de Varsóvia que mantêm-se nos seus postos indiferentes à estação do ano: os corvos.

24112008 Varsóvia tem o corvo em monte e quando eu falo de corvos refiro-me à espécie de pássaros negros que são corvos, que são da família dos corvos ou que nem são corvos nem da família mas parecem-se muito com corvos como as gralhas. Estes passarões meteram-me um bocado de medo nos meus primeiros tempos nesta terra, eles pulam por cima da neve em busca de alimento e atiram um pio metálico se nos aproximarmos demasiado deles. Fitam-nos com o seu olho gordo e cinzento junto dos quiosques das zapiekankas e atacam à falsa fé se eventualmente deixarmos cair um pedaço de cebola ou migalhas de batata frita.

O canto destes corvos e gralhas é manifestamente desagradável. Empoleiram-se nos candeeiros da cidade ou nos tapumes das obras e ladram a quem passar perto, como que mandando passo rápido às pessoas, fazendo-as circular, mantendo a ordem na cidade. A música destas aves é amarga, combina com o cenário de Varsóvia no Inverno e avisa as pessoas que o tempo não está para brincadeiras. Todos os dias cruzo-me com estes típicos animais, eles despacham24112008(001) -me sempre com dois ou três pios àsperos e afocinham na neve à procura de minhocas ou pão perdido. Não perdem muito tempo comigo pois não têm interesse nenhum em socializar com alguém que não lhes irá acrescentar nada às suas vidas. Eu entendo-as e respeito a sua atitude. Afinal, há tantas pessoas como eles nesta terra...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Rufam os tambores ao longe

Voltam a pairar nuvens negras na Europa Central após o incidente verificado na Geórgia. A comitiva do presidente da Polónia Lech Kaczyński foi atingida a tiro ao passar junto da Ossétia, quando regressava a Tbilissi depois duma incursão pelo interior daquela república do Cáucaso.

O presidente da Geórgia Mikhail Saakashvili comemorava o 5º aniversário da Revolução que o guindou ao Poder e, sofrido o ataque, informou o seu homólogo polaco da presença de tropas russas estacionadas naquelas posições fazendo postos de controlee a suspeita de fogo russo sob o comboio presidencial surgiram de imediato. É inevitável recordar as tensões criadas entre Moscovo e Varsóvia aquando da intenção da Polónia em querer instalar um 610x escudo americano anti-mísseis  e do frontal apoio que o presidente polaco prestou ao congénere georgiano durante o conflito de Agosto.

As recentes afirmações de Medvedev ao declarar Mikhail Saakashvili como "um cadáver político" contrariam as idéias que se tinham criado duma apaziguação no Cáucaso, os ânimos estão aparentemente bem exaltados e a chuva de chumbo que Kaczyński sofreu são prova de que a paz está longe. Por seu turno, polacos e georgianos apontam claramente a Rússia como responsável por este incidente ao assinalarem que os soldados envolvidos no tiroteio "falavam russo", língua que os ossetas também falam. Para além da versão oficial, há uma outra. Os tiros, de acordo com esta segunda versão, terão sido disparados para o ar, por milícias ossetas.

Do que não restam dúvidas é da acção de pressão psicológica constante que o Kremlin faz sobre os países do seu antigo quintal, Polónia incluída.

domingo, 23 de novembro de 2008

Trevas

Por muitos motivos, alguns daqueles largamente divulgados neste espaço, viver e trabalhar nesta cidade é um desafio constante às capacidades de resistência psicológica, adaptação a um clima ríspido, coabitação com pessoas agrestes, disponibilidade para aprender um idioma inventado pelo Demónio na perspectiva de se alcançarem mais e melhores oportunidades de trabalho que permitam atinigir um razoável patamar de qualidade de vida. É mesmo isso que torna a vida na Polónia tão interessante e viciante.

Já cai neve em Varsóvia, o famoso "manto branco" cobre a capital polaca uniformemente e significa que o Inverno está a curta distância. A luminosidade é escassa e por volta das 16:30 já é noite cerrada. É preciso aprender a andar, equilibro-me nos degraus das ruas para evitar espalhar-me ao comprido se eventualmente escorregar na fina camada de gelo que se forma nos passeios. Barafusto cada vez mais com o frio que me penetra nos ouvidos e vou ponderando cada situção que me obrigue a sair de casa e enfrentar o clima continental qwawaue já se abateu na Polónia. Recupero as imagens do último Fevereiro e antevejo pontapés em tufos de neve para aliviar a depressão.

Como remate para uma semana de grande borga, fui convidado para comparecer no aniversário dum dos bares mais badalados de Varsóvia, o Lemon. Apesar de rotíssimo pela exigência da semana, o briol que faz e embora tenha jogo daqui a três horas, a possibilidade de provar um pouco da alta roda varsoviana não deixa de ser atractiva e 4-quatro-4 convites em meu nome para tal evento não são de desperdiçar. Tá mesmo à conta - um para mim, outro para o Giga e dois para as nossas acompanhantes. Pronto, lá vou eu ter de passar a ferro e preparar a roupa. Pronto, lá vou fazer a barba. Pronto, lá vou eu pôr gel no cabelo e...

Epa... Que diabos vem a ser isto?? Já? A sério, é mesmo verdade? Não pode ser, ainda não está na altura! Tive de vir para este país para que isto me acontecesse?? Nããããããão!!!!!

Um cabelo (de reflexo) grisalho. A partir daqui é a andropausa, o alzheimer, a próstata, a hipertensão, a gota, a algalia, a colostomia, o fim.

Será que vais mesmo dar fim de mim, Varsóvia?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Querido Diário,

Po raz piąty w tym tygodniu!

Querido Diário,

Hoje é sexta-feira. Consegui adiar/cancelar os compromissos que tinha para a manhã de hoje e em boa hora o fiz pois consegui dormir 8 horas muito necessárias em virtude da extraordinária cadela que apanhei ontem com o Giga no Klubu. Durante a tarde fiz os serviços mínimos e agora preparo-me para ir jantar com o pessoal mais uma vez.

Estou preocupado comigo próprio, Diário. Tenho comido mal, bebido bastante, dormido misérias e em localizações cujo nome me custa a pronunciar. As pessoas dizem-me que estPicture_091ou com bom aspecto mas o estômago arrepia-se só de ouvir dizer Tyskie. Mais daqui a pouco terei de fazer a imperiosa visita às tremendas sextas-feiras do  Opera para que o roteiro nocturno de Varsóvia que preparei para o moço fique com mais uma etapa cumprida. Ele até já foi mais cedo para o Centro pois conheceu uma miúda que o levou logo na primeira noite para o Platinum e quer trabalhar a canita.

Por isso não sei o que fazer hoje, Diário. A alma pede mas o corpo rejeita. Tem sido uma borga pegada que começou na noite de segunda e perdurará mais duas noites, resisitindo à solução fácil dos "redbulls" da vida. Tenho a sensação de estar a viver um interminável fim-de-semana e ainda hoje é sexta.

Dá-me forças, Diário, pois vou para a noite de Varsóvia. Pela quinta vez esta semana!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Konfuzão matinal

waw1 Manhã de Quinta-feira. Pestanejo com o ruído de largas gotas de chuva caíndo no parapeito metálico duma janela anónima em Varsóvia. Aos pés da cama, roupa apressadamente espalhada. A meu lado jaz um corpo louro, despido e tresandando a sensualidade. Vinho tinto, cigarros, cds, o pc ligado no YouTube. Ardem-me os olhos de estranheza e procuro recapitular os passos perdidos entre o Enklawa e Bielany.

Visto as roupas que cheiram a noite, componho o gel seco, molho as olheiras e saio para enfrentar a vida. A chuva cinzenta sacode-me a sonolência e esforça-se por despertar-me os sentidos, batendo um compasso bem diferente do que me embalava horas atrás. Olho em redor para identificar as minhas turvas latitudes, procuro um farol chamado metropolitano e identifico a estação. Tento a ler a placa no edifício baço:

"Wawrzyszew"

Porra...

Tás tão caladinho, boy!

Prezados leitores, devo-vos uma palavra que explique a falta de novos artigos neste blogue.

Tudo deve-se ao facto de ter recebido a visita do grande companheiro Giga que decidiu-se finalmente a conhecer a capital polaca ao fim de incontáveis visitas à maravilhosa cidade de Cracóvia. Tenho servido de guia turístico ao meu Amigo, mostrado todos os cantinhos pitorescos desta fascinante cidade e essa tarefa, acrescida ao trabalho constante, rouba-me tempo precioso que devia ser empregue no blogue. Lamento a ausência e prometo um regresso tão célere quanto duradouro com muitas novidades para contar.

(versão para os munines)

Maltinha, o Giga tá cá e tem sido todos os dias a fundo! Fai camano, até o Barack Obama! q:)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

...que no tempo nos trará saudade duma página bela da história...

Quem é do Farense tem de se sentir de luto, morreu o Mané.

Manuel Ferreira Lins tinha 44 anos, 6 deles passados a defender as cores do SC Farense onde foi protagonista do episódio de ouro da nossa história - a final da Taça de Portugal 1989/1990. Mané marcou o 2º golo da vitória por 2-1 na meia-final contra o Belenenses. Eu e uma mole de gente fomos à Praça de Tânger recebê-lo e aos nossos heróis nessa madrugada de 5ª-feira, carregámo-lo ao colo enquanto ele agradecia em lágrimas, talvez pagando as lágrimas que derramei comovido no Liceu ao ouvir o relato das incidências desse jogo no Restelo.

Anos mais tarde cruzei-me com ele nos relvados do Algarve, jogava eu no maneCampinense e ele no Padernense e fomos apadrinhar a apresentação da sua equipa em Paderne, eles na 3ª divisão e nós na 1ª distrital. A meio da 1ª parte há um penalti para o Paderne, Mané para cobrar. Eu pego na bola, entrego-a em mão e para tentar desestabilizá-lo entro em conversa com ele.
"Mané, vamos lá ver se eu ainda me lembro para onde atiravas os penaltis quando jogavas no meu Farense". Ele sorriu e respondeu: "vamo lá, goleiro". Ele atirou para o mesmo sítio de sempre e eu estava lá para defender. No fim da jogada Mané passou por mim e cumprimentou-me de polegar no ar: "valeu, cara!"

Posso dizer que defendi um penalti do Mané, jogador que pisou o Jamor e que acabou de assinar pela selecção do Céu. Descansa em paz, Campeáo, porque há muito que ganhaste o teu lugar no plantel eterno do Farense.

PS - Por imperdoável lapso de memória, não referi que o Mané foi um dos responsáveis por uma das maiores atracções da Praia de Faro. Falo das jogatanas de futevolei / peitada disputadas em frente ao spot do Fava, desporto que este nosso amigo trouxe para a nossa praia e que tão simpaticamente nos ensinou a praticar. Obrigado pelo lembrete, Cartaxinho.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sunday morning, brings the dawning

A manhã de Domingo é um conceito há muito tempo arredado do meu dicionário. Só me lembro de ter manhãs de Domingo até à idade de júnior, em que o pessoal juntava-se na sede do S. Luís para a concentração antes dos jogos que eram disputados, regra geral, às 11:00 da manhã. Às vezes íamos jogar a Silves ou a Castro Marim e  concentração tinha de ser às 8 da matina, o que me fazia pular da cama às 7. Isso nunca foi sacrifício para mim porque para jogar à bola sou capaz das maiores maluqueiras, era até capaz de conduzir daqui a Piaseczno em hora de ponta! (10 km 2115247051_8e639755dfquee se fazem em duas horas e meia). Em condições ditas normais, as minhas manhãs de Domingo são passadas integralmente a dormir.

Esta foi uma manhã de Domingo como muitas, amallhado e a pôr o sono em dia depois da magnífica noite passada no Opera Club. Pisquei os estremunhados olhos dez minutos antes da campainha da porta me recordar que tinha uma visita agendada para a tarde, abri a porta indecentemente descomposto e acomodei a visita enquanto preparava o duche da ordem. Entre uma pizza carbonara, gelado de chocolate e Apfelstrudel as horas passaram-se mais que bem, entregues aos prazeres gastronómicos, culturais e tal e coiso.

Quando a visita terminou sentei-me ao computador para fazer as compras da semana e sorri revendo a maravilha que foi esta tarde de Domingo. Subitamente um raio de tristeza atinge-me, uma profunda pena, uma sensação de perda que quase me traz lágrimas aos olhos.

"Hummmm... Para o dia me te corrido tão bem alguma coisa há-de me acontecer para compensar, isto é demasiada esmola para este pobre."

Pois...

sábado, 8 de novembro de 2008

É muito jogo!

Tanto insisti que consegui regressar às balizas, agora posso contar aos meus netos que o avô deles "jogou no estrangeiro". Ainda não é num campeonato nacional ou distrital como pretendo, talvez para o ano, mas numa liga para empresas da cidade de Varsóvia. Um torneio disputado em fases de grupos com play-offs de acesso às finais e para determinar as posições mais baixas da classificação. É um campeonato organizado a sério e que se disputa em relvados sintéticos de muito boa qualidade.

Há semanas atrás fui convidado para fazer parte duma equipa e jogar um amigável num dos campos sintéticos do complexo desportivo. Fiquei muito bem impressionado com o piso e qualidade das estruturas mas mordi a língua ao imaginar-me a cair naquele terreno que deverá estar gelado nos meses fortes do Inverno. Passaram-se dias e regressei à Warszawianka para disputar a primeira partida do torneio. Saco cheio de camisolas e calções, alguns 2 pares de meias, gorro e o diabo a quatro para o que desse e viés26102008(002)se. Saí do balneário em direcção ao campo para aquecer e no lugar em que eu tinha visto os sintéticos descobertos encontro uma tenda gigantesca que cobre ambos os campos.

Uma estrutura que mantém a temperatura a níveis muito agradáveis no interior, protege os intervenientes do vento, chuva ou da neve que cairá em breve, causando uma atmosfera bem mais acolhedora a jogadores e público. Uma agradável surpresa e uma obra de feliz resultado que eu não esperava ver nesta terra. Inspirado por nunca ter jogado num Silverdome deste calibre, engatei e fiz uma joga fixe contribuíndo para a primeira de muitas vitórias - espero - da minha equipa. E nem foi preciso muita roupa.

Comparando com a do Liceu? Esta relva dá 10 a 0 q:D

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O cúmulo da fundura

04112008 Pronto, já parvejou. Saí à rua confiante numa benessezinha que poderia haver mas não tive sorte nenhuma, já tá briol e não é pouco.

As férias que o clima continental deu a Varsóvia já terminaram e as frentes frias vieram recordar os habitantes desta cidade que é tempo de ligarem o aquecimento central e vestirem mais uma camada de roupa antes de saírem de casa. Os termómetros acusam misérias de 4º e 6ºC que seriam até suportáveis se não fosse a brisa malvada que insiste em golpear-me os lábios e a pele das mãos. Eu que não curto nada capotes e agasalhos terei de considerar a luva de lã e o cachecol para ir ganhando hábito ao frio.

03112008(001)O arrefecimento súbito dá cabo da moleirinha das pessoas, os meus amigos portugueses barafustam e gemem pragas ao mau tempo. Outros conformam-se e confortam-se com mais uns trapos em cima do pelo e há mesmo aqueles que não conseguem funcionar nestes tempos de frio escuro, começando a ter curto-circuitos nos fusíveis. Uma boa prova da vacuidade mental que os assalta é o diálogo que se passou entre meus colegas de trabalho.

Ele: - [A cumprimentar alguém que passou no corredor] Boa tarde!

Ela: - [A ratar nervosamente as unhas] Quê?

- Nada, estava só a cumprimentar um gajo que passou no corredor.

- [A enrolar o cabelo] O Bonga? Quê?

Tá tudo esmifrado e ainda vamos a meio do Outono, este ano vamos bater no fundo.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A Propósito de pastéis de nata - 2

Natas! There are some, but only a few. Orląt Lwowskich, it's in Warsaw but Ursus, quite far away.

Podem tirar o cavalinho da chuva, já quase não há mais pastéis de nata na Polónia.

De acordo com uma informação colhida de fonte interna da Biedronka, os pastéis de nata foram postos à venda apenas em algumas lojas da cidade de Varsóvia por algumas semanas para aquilatar da rotação do produto. Como eu deduzi anteriormente, a introdução do produto na capital polaca serviu apenas de tubo de ensaio para calcular a aceitação no mercado de Varsóvia. Os pastéis de nata foram marcados a 6.00 pln numa primeira fase tendo o seu preço caído para 2.99 devido à escassa procura.

Partindo do princípio que muitos dos portugueses residentes em Varsóvia / Polónia (só) tiveram conhecimento da existência dos pastéis de nata através deste blogue e considerando que eu comprei-os ao preço de saldo, conclui-se que eu vim a saber tarde da existência dos mesmos, vocês vieram a saber tarde porque eu tarde divulguei a notícia, os pastéis andaram semanas a fio nos congeladores da Biedronka e ninguém soube disso a não ser os desconhecedores polacos. É razoável pensar-se que cada um de nós compraria pelos menos umas 4 (ou 5) caixas por mês, se eu contar apenas com as pessoas que sei que decididamente as comprariam temos que, pelo menos, 60 / 70 caixas seriam vendidas ao fim de 30 dias. Já seria uma boa rotação, se calhar a suficiente para manter o produto no mercado.

Assim, porque ninguém veio a saber de nada, os pastéis irão desaparecer quando forem vendidos os últimos existentes em remotas lojas de Ursus. Em vez do Vinho do Porto de chacha que ocupa as prateleiras do supermercado, porque não trazem os belos dos pastéis para cá? Isso sim, tem qualidade, a malta compra de certeza e até há clientes interessados em Cracóvia e Lodz, por exemplo.

Há a remota hipótese de que a acção venha a ser repetida, eu proponho uma petição ou uma greve de fome à porta da Jerónimo Martins para que o regresso dos "portugalskie babeczki" aos frigoríficos da Biedronka seja uma realidade.