segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Uma questão de fé

Em 2012 Já há muito tempo que isto me fazia confusão, por que motivo no princípio do ano eu encontrava casas com a porta de entrada garatujada a giz, rabiscadas com inscrições sinistras que pouco ou nenhum sentido faziam? Letras, sinais aritméticos e um ano, o ano que vem. Em muitas casas a mesma mensagem, em todas elas o mesmo sentido, em cada caso a minha ignorância e, confesso, o meu receio. Já tinha ouvido falar de casas que são marcadas por meliantes com sinais de comunicação para que a comunidade saiba onde e quando se pode assaltar, julgava que era um código parecido e assustava porque tanto se via a mensagem em prédios modernos como nos fedorentos blocos do tempo do Soviete Supremo. Nada disso. A explicação é bem mais simples e mais lógica, atendendo ao contexto do país.

K + M + B não é nada mais nada menos do que a primeira letra do nome polaco dos três reis magos: Kacper, Melchior e Baltazar. As pessoas escrevem a mensagem para receberem proteção divina e para que o novo ano seja pleno de venturas e prosperidade, um hábito que não surpreende tendo em conta a tradição católica que está profundamente enraizada na Polónia. Talvez o que muita gente não saiba, e que este algarvio ateu descobriu, é que a inscrição K + M + B é errada e está totalmente afastada da versão original.

Nos primórdios da tradição, a inscrição original era C†M†B que advém do latim "Christus Mansionem Benedicat", ou seja, "Cristo AbençoeEm 2013 este Lar". Talvez porque o 'c' polaco em muitos casos se tenha convertido em 'k', a realidade é que a inscrição sofreu na realidade mutações de letras e sinais, tendo adotado um significado completamente diferente ao que tinha na origem. Contudo a intenção mantém-se, invocar o divino, rogar a sua proteção. Em suma, a prática da fé dum país profunda e explicitamente católico. Recorda alguns lares de Portugal que têm um Cristo crucificado por cima da porta, sendo os portugueses mais púdicos na sua crença preferindo-a guardar dentro de portas do que exibi-la publicamente.
 
O que me poderia acontecer se eu desenhasse um crescente com uma estrela na minha porta, ou um leão rampante em fundo verde?

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Lógica aplicada à origem das palavras

Crica - 
cri·ca 
(origem controversa)

substantivo feminino
1. [Calão]  Conjunto das partes genitais femininas. = VULVA
2. [Regionalismo]  Berbigãomolusco.
3. [Sinónimos Farenses]  Barbela, Alçapão, Barcoita, Xôxa, Amêijoa, Rola, Rolaça, Maria Perniana, Lola, Loló, Lolinha, Pachacha, Rata.

"crica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/crica [consultado em 06-08-2014].

" (...) De louro pêlo um círculo imperfeito
Os papudos beicinhos lhe matiza;
E a branca crica, nacarada e lisa,
Em pingos verte alvo licor desfeito: (...)"

Bocage in Arreitada Donzela

Então,

  • Se uma biblioteca é uma coleção de livros;
  • Se uma filmoteca é uma coleção de filmes;
  • Se uma pinacoteca é uma coleção de obras de pintura;
Uma cricoteca é...?