domingo, 9 de dezembro de 2007

Postais da Polónia - 1

O Palácio da Cultura e do Conhecimento (Pałac Kultury i Nauki, abreviado PKiN) é o cartão de visita de Varsóvia e desperta sentimentos distintos entre os polacos desde o primeiro instante da sua controversa história. Uns pensam que o edifício é feio, um símbolo dos negros anos do domínio comunista soviético e que destruíu a estética arquitectónica da cidade, enquantos outros consideram-no um ex-líbris da cidade e da cultura varsoviana, um ícone indissociável da cidade como a Torre Eiffel estará para Paris ou o Big Ben para Londres. O PNiK também é conhecido por pajac (lê-se páiats), palavra polaca que significa palhaço, cretino, idiota e que tem sonoridade parecida a pałac (lê-se páuats) que quer dizer palácio. O 30º piso oferece uma panorâmica soberba sobre Varsóvia e é motivo de anedota pois os varsovianos costumam dizer que "as melhores vistas de Varsóvias são aquelas de onde não se vê o Palácio".


O edifício mais alto da Polónia era inicialmente designado por Palácio da Cultura e do Conhecimento Josef Stalin mas após a morte do ditador e consequente substituição por Nikita Kruschev, todos os símbolos stalinistas foram removidos do palácio, tais como todas as alusóes ao seu nome e a habitual estátua de culto ao líder vermelho.

Actualmente o Palácio encerra um complexo de galerias, cinemas, livrarias, teatros, museus, escritórios e uma grande sala de congressos e concertos, a Sala Kongresowa. Os seus mais de 230 m de altura servem também para retransmissão de sinais de TV e rádio enquanto 3288 divisóes estão espalhados por 42 andares ocupando uma área de 123.000 m2.

A sua construção iniciou-se em, 1952 e estendeu-se por 3 anos seguindo planos elaborados na União Soviética e levada a cabo por 3500 trabalhadores exclusivamente oriundos daquele país, dos quais 16 morreram em acidentes de trabalho. A arquitectura do edifício é similar à de muitos arranha-céus de Moscovo e foi inspirada na Universidade Estatal de Moscovo apesar de ter alguns elementos polacos recolhidos em observações levadas a cabo pelos arquitectos soviéticos em observações pela Polónia. O Palácio foi uma suposta oferta de Estaline ao povo de Varsóvia que "puderam" optar entre o metropolitano e um palácio. O povo escolheu o metro, Estaline deu-lhe um palácio. Surpresa? Claro que não.

Estaline não viveu o suficiente para assistir à inuguração do Palácio e certamente deu voltas no túmulo quando os Rolling Stones actuaram no em 1967, o primeiro concerto rock duma banda ocidental num país da Cortina de Ferro.

Contudo a retirada das tropas soviéticas e posterior desmembramento da União em 1989 contribuiram para a diminuição da conotação negativa do Palácio. Também no passado recente foram erguidos em Varsóvia arranha-céus de dimensóes comparáveis ao PKiN que harmonizam a integração do edifício na paisagem. Em 2000 quatro relógios de 2 metros foram acrescentados a cada uma das faces so Palácio tornando a sua torre como a mais alta do mundo até 2002 quando na NTT DoCoMo Yoyogi de Tóquio foram colocados relógios.

Já visitei a Sala Kongresowa quando a gala da Radio Wawa ali teve lugar, fez-me lembrar o Coliseu dos Recreios em tons de vermelho. Ainda não tive oportunidade para subir ao Palácio mas assim que consiga trarei ao blogue imagens captadas. Devem ser estrondosas! Por enquanto vou deliciando-me a contemplá-lo na Baixa de Varsóvia, todos os dias, quando vou trabalhar.

Sem comentários: