Não deve existir neste planeta um tipo mais bruto que um polaco com mais de 50 anos. "Bruto" com a conotação que a palavra tem em Faro, significando algo como marrão, sagorro, carneiro. O termo "civismo" não tem qualquer significado para esta espécie de gente, pelo que os seus comportamentos são desprovidos de qualquer sensibilidade ou sentido de respeito pelo próximo.
Estou a falar dos polacos acima de 50 anos, note-se bem, porque as gerações seguintes são muito mais civilizadas.
Há dias vinha do trabalho com uma colega e ia apanhar o metro. Uma das cancelas estava avariada e um homem batia com violência o seu passe no sensor da máquina esperando que ela desse-lhe acesso. A Rita explicou em polaco que aquela cancela não estava boa. O tipo bufou para a cancela seguinte e passou sem sequer olhar para ela, quanto mais agradecer.
Nos elevadores é impossível esperar um "bom dia" ou um "obrigado" se aguentamos ou abrimos a porta para eles passarem. Homens e mulheres, se forem entrados na idade, sacodem o casaco para cima de nós e seguem como se nada se tivésse passado.
Filas de supermercado é um conceito muito vago. Se olharmos um segundo para as pastilhas elásticas temos logo uma cabeça grisalha vinda do nada à nossa frente, empurrando as compras do cliente anterior que estão no tapete rolante.
Nas passadeiras de peões da Baixa, onde trabalho, há imensa gente à espera do sinal verde e todas as probabilidades de sermos atropelados por um polaco que caminhe em sentido inverso. Não se conte que eles desviem-se um milímetro que seja pois seguirão em frente, sagorros, levando tudo o que se lhes atravessar no caminho, qual manada de rinocerontes eslavos em fuga.
Um português é alegre por natureza e é natural que assobie enquanto ande na rua, especialmente se estiver ouvindo música nos fones. Esse mesmo português será automaticamente verberado se cometer o deslize de assobiar Pedro Abrunhosa ou Xutos enquanto espera pelo elétrico. Dentro do elétrico, então, provavelmente o tuga será posto na alheta.
E nem pensar em conversar com um patrício na via pública. Falar alto? Gesticular? Rir em voz alta (e logo eu...)? Gajas, bola, carros, gajas, copos, telemóveis, frio, dinheiro, gajas, filmes e gajas são temas para se discutirem em volume de biblioteca / igreja. Os latinos são uns alarves, falam bué e perturbam a "ordem" pública.
Explicações?
A Polónia terá o pior Serviço ao Cliente que conheço. As pessoas não têm o mínimo senso ao atender o cliente; é tudo às três pancadas, com uma antipatia e umas trombas parecidas às nossas na final do Euro2004. A Iza perguntou por 3 vezes o preço das laranjas no supermercado e ninguém se dignou a pesquisar, os funcionários apenas respondiam "não sei" e arrancavam.
O eventual serviço de apoio ao consumidor é inexpressivo (que saudades da DECO), a figura do livro de reclamações não existe. O cliente é constantemente enrolado e não reclama porque é considerado falta de educação, ficando a remoer a insatisfação pelo serviço prestado e recalcando o grande escabeche que qualquer lusitano faria numa repartição pública se tivésse um grama de razão do seu lado.
Também não têm grandes motivos para rir facilmente. O pai da Iza contou-me episódios da vida polaca no tempo do que mediou o stalinismo à perestroika que são de arrepiar, experiências que podem ajudar a perceber a razão da rudeza desta gente. As privações, denúncias, perseguições, carências e uma História cheia de invasões e atrocidades contra o seu povo e cultura são feridas que ainda não cicatrizaram nestes polacos endurecidos pela vida.
No instante em que publico este artigo a Polónia entra ao Espaço Schengen. Ouve-se fogo de artifício e festejam-se nas 7 ex-fronteiras deste país (Alemanha, Rep. Checa, Eslováquia, Ucrânia, Bielorrúsia, Lituânia, Rússia - Kalinegrado). Na TV os jornalistas dizem "Polska jest w Schengen" com emoção. Bebe-se champanhe e tiram-se fotos. Bandas tocam a "Ode à Alegria" de Beethoven. O momento é histórico, faz-me lembrar a queda do Muro.
Que seja um novo começo para a Polónia e que as esperanças deste povo convirjam nas minhas pois a Polónia precisa tanto da Europa como os europeus precisam da Polónia. Powodzenia, Polska!
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