segunda-feira, 3 de maio de 2010

Maio, louro maio.

Está bem, já não neva nem temos de vestir casacos grossos para sair à rua. Já não estão temperaturas capazes de gelar as pestanas nem temos de cobrir as orelhas. Mas esta primavera tem tido muito pouco de agradável no que diz respeito ao clima, tão depressa faz um sol intenso como rapidamente as nuvens o tapam e descarregam água em cima de Varsóvia. Não dá para combinar nada porque S. Pedro muda-nos os planos com requintes de sadismo e prova disso foi o churrasco que tínhamos combinado no Parque da Cultura no bairro de Powsin para celebrar os feriados de maio e que foi cancelado devido ao pé-de-água que caiu na hora exata de nos encontrarmos (13:00) depois de termos comprado carnes, um fogareiro novinho em folha mais carvão, acendalhas e parafina, cerveja a montes e batatas fritas. O evento foi anulado porque o solo do parque é erva e terá ficado ensopado, ninguém quer sentar o traseiro em relva molhada e voaram sms entre os meus amigos dando conta das condições do tempo e avisando que a coisa ficava sem efeito. Hora e meia depois da chuva, às 14:30, aparece o sol com uma força ainda não vista este ano por aqui. Imediatamente ocorreu a ideia duma churrascada caseira, na varanda, e daí até ter 20 pessoas a dar ao dente na minha casa foi um pulinho.

A piada da coisa está em vários aspetos, desde a rapidez com que o povo se mobilizou – afinal estavam todos preparados para Chipso parque – à facilidade como apareceram pessoas que não estavam oficialmente convidadas mas que puderam participar mediante a apresentação da senha de acesso (cerveja), passando pelo improvisado ringue de patinagem em que a minha sala se tornou. Só mesmo na Polónia é que acontece uma pessoa estar a grelhar salsichas na varanda enquanto alguns convidados estão estendidos na dita varanda a apanhar sol e, na sala, há raparigas a dançar êxitos pimba e louras a andar de patins em linha. A cena, que em qualquer outra paragem do globo seria reportagem insólita, foi encarada pelos homens da casa com sorrisos malandros e encolheres de ombros acompanhados de bateres de lata em jeito de brinde aos bons momentos da vida.

São coisas que não se passariam na nossa terra, experiências que renovam o sentimento de que vale a pena ter vindo para tão longe. Nem que seja para provar batatas fritas com sabor a kebab, goulash e cogumelos com natas!

1 comentário:

TeRRa_X disse...

Vou-te mandar umas cervejitas portuguesas para animar essa alma :)