A herança histórica na capital da Polónia é muito importante, tem um peso significativo no dia-a-dia dos varsovianos e que é recordada em cada esquina. Nas freguesias centrais de Varsóvia (Wola, Mokotów. Ochota, Śródmieście) cruzamo-nos com muitos monumentos, placas de memória que contam um pouco da história sofrida desta cidade, pedaços de sangue polaco vertido âs mãos dos seus invasores, tempos de ferro, fogo e pólvora que dizimou a identidade do seu povo.
Começa por incomodar a profusão de pequenas recordações implantadas nas paredes de alguns edifícios ou em recantos de praças em pleno coração de Varsõvia. No cruzamento entre duas das principais artérias da capital, Marszałkowska e Świętokrzyska, o mármore indica o local onde as tropas de Hitler assassinaram 40 pessoas a 2 de Agosto de 1944. Um resto de muro em Wola assinala o preciso ponto onde outros 40 polacos foram mortos pelos nazis a 11 de Dezembro de 1943. Estes monumentos repetem-se em vários pontos da cidade e narram constantemente os episódios dramáticos desta cidade na primeira metade dos anos 40.
O incómodo causado ao assistir a tantos testemunhos de morte dilui-se à medida que a Polónia se entranha na carne, que nos habituamos ao país, que nos sentimos mais como um deles. Como diriam numa posta passada, é a aculturação que nos faz ver essa realidade com outros olhos e a sentir um pouco as atrocidades que foram feitas a este povo.
Por muitas carências que possa ter nas suas infraestruturas, por muito atraso que possa registar no seu desenvolvimento, por muito rijo que seja o clima e a índole da sua gente, tire-se o chapéu à firmeza da Polónia e Varsóvia em particular. Sofreram sevícias, sofreram um quase genocídio, sofreram expropriações e subtracções no seu território mas souberam sempre manter a sua cultura, resiliência, idioma e esperança. É essa esperança que me move nesta cidade, a esperança que eu seja infectado pela permanente capacidade de renovação de Varsóvia.
Zobaczymy.
3 comentários:
Parabéns pelo texto, está excelente, e mostra a cultura é algo que nós aprendemos a dar valor quando tambem a experimentamos... Eu já estive na Polonia várias vezes, e revejo-me totalmente no texto que escreveste... Está excelente...
Nelson - Leiria
Eu fico sempre extremamente perturbado quando vejo este tipo de memoriais. Aqui em Łódź ainda podemos ver na estação ferroviária de Radogoszcz as carruagens de transporte de gado que levavam os judeus para os campos de extermínio.
Łódź não ficou tábua rasa como Varsóvia mas teve o massacre do Gueto judeu, transporte de adultos, crianças e velhos para campos de concentração, as máquinas das grandes fábricas têxteis levadas para a Alemanha e muitas, mas mesmo muitas histórias trágicas com a fábrica onde os nazis queimaram vivos imensos judeus. O local é hoje em dia um museu e tem um monumento a assinalar. Fica na minha vizinhança.
Há uns anos atrás tive de ser evacuado de um Shopping por terem descoberto uma bomba alemã enterrada, procediam-se a umas obras quando "clank" a retro-escavadora tocou na bomba.
Foi mais tarde explodida pelo exército num descampado. Quase 80 anos depois.
toda a gente fala dos coitadinhoos dos judeus e dos ordinarios doa alemaes na 2a guerra. entao e a ocupaçao soviética no periodo de guerra fria? nao haver comida nos supermercados? escutas de chamadas telefonicas, cartas de correio abertas e confiscadas, 0% de construçao na decada de 80, dinheiro pouco ou nenhum e em nenhum país da europa se podia cambiar zl. este periodo afundou ainda mais a polonia, que a meu ver foi pior que os acontecimentos da 2a guerra. varsovia foi destruida pelos alemaes porque os polacos têm a mania que sao kamikazes e acharam que eram valentes para fazer frente ás tropas nazi, fiando-se na ajuda dos russos... aliás, reza a historia que os polacos gostam destas missoes suicidas e em nenhuma vez benefeciaram com isso.
http://varsoviabybc.blogspot.com/
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