segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Vaiam comprando camarão, camano!

Contam-se pelos dedos duma mão os dias que faltam até voltar a pisar solo algarvio. A necessidade é muita, há muita coisa que não faço há demasiado tempo. A saber:
  1. Comer peixe - O peixe que chega em Varsóvia é principalmente peixe do Báltico, peixe gordo como Arenque e Salmão. Sim senhores, o peixe é fresco e de boa qualidade mas não é páreo para uma senhora sardinhada no pão, um casal de cavalas ou carapaus assados, um pargo no forno ou um rabo de corvina cozido com batata e ovo como a minha tia faz. O peixe atlântico é que é bom e já vai fazendo falta.
  2. Ouvir português na rua - O momento em que notamos que estamos há muito tempo longe da terra é quando reparamos que já não nos estranha ouvirmos as pessoas falarem esta língua do demónio. Cada vez que se ouve o idioma de Camões nas ruas de Varsóvia eu giro a cabeça e apuro o ouvido para determinar o sotaque, sinal das saudades da nossa linguagem.
  3. Beber minis ou imperiais de tamanho decente - Sempre que bebo uma imperial estou a emborcar meio litro de cerveja. Beber 3 ou 4 imperiais, coisa banal em Faro, representa ingerir 2 ou mais litros com as consequências nefastas que isso traz aos aparelhos hepático e urinário. Noto que vou ficando mais resistente ao álcool (apesar de uma noite destas ter acordado na estação de metro errada) mas uma superbike de 0,25 fresquinha sabe a pato. Penso ser essa a primeira coisa que farei quando aterrar em Faro, voar à do Rogerinho e mamar um rebuçadinho daqueles.
  4. Ir à bola - Ver o Farense, naturalmente, numa deslocação ao Alentejo e papar um cozido de grão com bons amigos como fazia há anos. Em Aljustrel serviram-nos uma pajela de grão que dava pra matar a fome a um exército. Copos, mamagem, bola e tralalá. Celebrar a boa vida com boa malta.
  5. Ver o mar - Lembro que este foi o primeiro Verão da minha vida sem mar e custou-me um bocado. Irei certamente sentar-me na minha praia várias vezes nestes dias, aspirar a maresia de Sul que sempre fez parte de mim e reflectir na Ria Formosa, qual lâmpada do aeroporto, as resoluções para o novo ano. Muito preciso do ar do mar e também de patinhar na areia. É o meu elemento, o meu habitat natural.
  6. Falar algarvio - No Algarve fala-se muito mal português, verdade seja dita. Isso dever-se-à possivelmente à imensa variedade de sotaques que existem, as pessoas de Lagos não falam como as de Loulé, as de Vila Real não falam como as de Silves, as de Olhão não falam como as de Faro (e aqui há só 9 km de distância). Por motivos profissionais tive de limar o meu sotaque para não ferir tímpanos polacos, também pela convivência com varsovianos já começo a adquirir a sua musicalidade da fala. Espero regressar à terminologia de Faro o quanto antes pois sinto perder a minha identidade sempre que falo com alguém em português.
  7. Comer sem olhar para o relógio - Seja por causa do trabalho ou pelas pessoas que nos aguardam depois do jantar, comer nesta terra tem sido, para mim, sempre um acto de emergência. Recordo patuscadas de colar o almoço ao jantar na casa do Nélson na Amendoeira ou de grandiosas e lentas refeições à do Baranito. Pôr a escrita em dia em torno duma açorda de marisco ou duma cataplana de carne, duma entremeada estaladiça ou dum feijão com massa.
  8. Ver o azul do céu - Acreditem-me, não damos o devido valor a esta situação. Olhar para cima e ver tudo invariavelmente cinzento é do mais ruim e chato que possamos imaginar. O céu azul tranquiliza, motiva, renova. Mais do que um momento de matar saudades, ir a Faro será um acto de reciclagem que tenho de fazer com rapidez.
Esta partida em breve justifica igualmente a falta de internet em casa. O contrato anterior vigorou até 1 de Dezembro, estava em nome da anterior inquilina e aguardo por ora a chegada das promoções natalícias para enfeirar o pacote que mais me convenha. Daí que os posts sejam mais espaçados no tempo, lamento o facto mas tem de ser. E o que tem de ser... tem muita força.

1 comentário:

Mononoke disse...

Sim...um bom peixinho grelhado algarvio.......nhami.