Ao quinto dia, ele descansou, tirou o dia para fazer vida de turista (forçado), meteu-se no metro e debandou o centro da cidade. Foi em busca de distração, de entretenha, cansado - imagine-se! - de jogar Football Manager, farto de estar numa zona de arrabaldes onde a única atração são os restaurantes do Maghreb e os de fast-food. O homem marafou-se, gritou "à moi, Paris!" e atirou-se para a frente.
Les Halles, a Praça dos Vosges, o palácio da Bolsa, a igreja de Sto. Eustáquio e os jardins circundantes foram o palco de um almoço de take-away, uma massa de três queijos ingerida sob um agradável sol parisiense. Abro aqui um parêntises nesta crónica de desgraças para louvar o bom tempo que tem feito no 75 e que tem apaziguado a minha impaciência, não imagino o que podia ser de mim se estivesse a chover ou se fizesse frio. O sol convidou um simpático número de pessoas a estenderem-se no verde e a desfrutarem daqueles que possivelmente serão os últimos raios de calor do ano. O mosaico social que é a França nota-se bem por esta amostra, negros, asiáticos, indianos, brancos e árabes partilham a mesma relva e o mesmo sol, novos e velhos, sujos e lavados. Aqui ninguém olha de esguelha, não cheira a tensão nem há aquela poalha combustível que parece pegar fogo a qualquer momento, até os pombos passeiam tranquilamente a um palmo dos meus pés.
Paris é uma cidade na qual não ponho em causa a história nem a beleza, é um lugar de raro esplendor e majestade mas apesar de todos estes predicados continua a ser uma terra que não me arrebata nem me consegue convencer, falta qualquer coisa, um je ne sais quoi que me faça gostar disto. Talvez falte juntar-me à partida de futebol que aqueles meninos estão a disputar ali em torno da escultura esquisita, isto já deve ser síndroma de abstinência.
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