Esse edifício monolítico dá cabo da fotografia, um exemplo da arquitetura brutalista que esteve em voga nos anos 70 e 80 que foi responsável por algumas das mais feias construcoes do mundo. Ao ver a torre a sobressair negativamente naquele mar de casinhas lembrei-me do que fizeram ao Palácio da Cultura em Varsóvia, que para minimizarem o impacto da estrutura no horizonte da Cidade Capital decidiram afogá-lo em arranha-céus para que não se desse tanto pela sua presença. Um erro, na minha modesta opiniao, pois assiste-se agora ao insolito de termos um monumento socialista e um Hard Rock Cafe na mesma rua. Paris aprendeu a lição e depois de se ter reconhecido o erro que foi autorizarem a construção da torre de Montmartre foi decidido que mais nenhum arranha-céus, ou pelo menos edificações daquela magnitude, seriam construidos dentro dos limites da cidade. Há prédios altíssimos nos arredores de Paris em Saint-Ouen, em Aubervilliers, por trás do Bosque de Bolonha ou em Montreuil mas em Paris não há autorização para construir mais nada que deturpe a sua harmonia, pelo menos nao se incorreu na continuição do erro já que não foi possível remediá-lo. É mais ou menos como no futebol, há aqueles treinadores que deixam correr as peladinhas para não quebrar o ritmo e os outros que as interrompem a cada 5 ou 10 minutos para meterem correções e eu sempre gostei destes últimos porque a cada interrupção se corrigia um erro, se ajustava uma situação, se treinava um mecanismo para que no fim de semana não repetíssemos os erros que eventualmente faríamos se a pelada não fosse parada. Tal como o Mister Sequeira quando ele apitava a meio do treino berrando naquela voz rouca que o "Farense nao é o Parragil" e obrigava-me a jogar no central em vez de esticar na frente.
Faz falta a muita gente parar a peladinha, olhar para o gesto que foi feito e aperceber-se se foi bem feito ou não. Desci para o bairro Pigalle onde há sex-shops que envergonham muitos centros comerciais de luxo em todo o mundo, almocei paredes meias com o Moulin Rouge e voltei para o hotel a fim de empacotar os pertences, esperar pelo táxi, recolher o carro e seguir viagem. Felizmente consegui recuperar a viatura no dia combinado e logo ali toquei para Varsóvia, para casa, afinal, onde cheguei 16 horas depois de ter abancado o traseiro no lugar do condutor numa viagem sem paragens e sem sono tal não era a vontade de voltar para casa, com um só pensamento - abraçar a Ewa. Minto. Três pensamentos, porque aquela torre absolutamente parva a estragar a perspetiva a partir do Sacré-Coeur e o apito do Sequeirinha, a voz rouca a recriminar-me depois de mais um pontapé de baliza precipitado, "Soviéééético!" fez-me pensar nos alguns erros que tenho cometido ate agora. O terceiro? Constatar que no meio do azar ainda tive sorte. O incidente sucedeu-se em Paris e eu ainda falo francês, se fosse na Alemanha estava frito e mal pago q:)
Sempre que volto do verão algarvio venho carregado de energia e disposição para encarar a nova temporada. De novo o futebol, como se viesse dum defeso e fosse entrar no último ano do contrato, ter de dar o litro para mo renovarem, ter de correr mais que os outros que chegaram agora cheios de vontade de mostrar serviço e provar que, em Varsóvia como em qualquer outro lugar, quem se esforça mais, quem mais água tira da nora, quem comete menos erros é que merece o colete dos titulares. E eu não saí de Faro para jogar na equipa da Coca-Cola de Varsóvia, isso é que era bom!
1 comentário:
Paris sera sempre Paris. uns com gostos por Varosvia, outros por Londres (onde confesso ouco e detesto o ingles abichando), outro por Rio de Janeiro, New York... mas Paris nao e minha, eu gosto e sera sempre Paris.
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