Contrariado e barafustando contra a minha má sorte lá me levantei para o ritual diário: Banho de mar, curtir o sol e a pele durante uma meia-horinha, viagem a pé até à esplanada do costume para tomar o aperitivo (Água das Pedras com groselha e gelo) e para ler as últimas do país e do mundo antes do regresso à base para o almoço tardio. Vejo amigos do Liceu, agora colegas de lides diferentes, e aparece o Fernando, dono da casa e sportinguista absoluto, comentando o esturro a que cheiram as últimas operações do mercado de transferências e marcando encontro no próximo sábado à mesa dele para assistirmos ao Veraniego que o “nosso grande amor” vai disputar em Cádis, tudo feito em regime pausado, devagar porque o calor obriga à pausa e ao repouso. Combinam-se petiscos e grades de minis, a essência do verão.
Já sentindo o estômago a apitar dirijo o passo para casa onde o peixe está a ser preparado no fogareiro, carapaus e douradas, tomate e cebola, azeite e vinagre, coisas que não vão à mesa em Varsóvia. O caminho é feito rente à costa e vou olhando para a praia, a única coisa que falta à Cidade Capital para ser quase perfeita. Sem querer, o pensamento sai a navegar mar fora até parar nuns olhos verdes que daqui não consigo ver mas que trago sempre na ideia, os ohos dela. Para onde estarão a olhar agora? O que estarão a ver? Serão aqueles faiscantes de sensualidade ou os outros vazios de saudade?
Aí aperta-se-me o coração e o mar torna-se menos amigo, mais distância do que prazer. Inspiro a maresia nela flutuando até chegar à dona dos olhos verdes e sussuro-lhe telepaticamente ao ouvido:
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