Burak, em polaco, significa beterraba. É isso mesmo, o saboroso tubérculo roxo do qual se extrai açúcar e com o qual se fazem saborosas sopas neste país. Não pretendo afirmar que os polacos se parecem com beterrabas, a minha intenção é explicar quem é que os polacos designam como buraki. Estou a falar daqueles sujeitos que vemos com frequência zanzando pelas ruas da Polónia, na cidade ou no campo, normalmente baixos e atarracados, pescoço como o Yekini, rostos circulares e avermelhados, lata de cerveja numa mão e cigarro noutra. É incontornável ver buraki à solta agora que o verão parece chegar a medo à Polónia; eles andam nos transportes públicos, estão nas esquinas das avenidas, vendem morangos e espargos ou cds piratas. Vestem um blusão hip-hop (há quem prefira uma t-shirt surrada da Lech) com capuz mesmo que esteja um calorzão danado, puxam até às axilas uns calções que mais parecem boxers, aplicam a meia branca da raquete esticando-a ao máximo para o joelho e rematam o trajo com o cúmulo da incoerência: sandálias ou botas desportivas. Perninhas ao léu, brancas e finas como alfinetes de linho, eis os buraki no seu esplendor.
Encontramo-los isolados ou em manada, perfeitamente alheios ao mundo que acontece entretanto. Vivem na sua comunidade, pouco se misturam com a civilização e só interagem com a restante população quando estão bêbados e dizem disparates. Normalmente são inócuos e não admitem sequer virar o seu maciço pescoço quando passa uma garina a seu lado. Os buraki são, contudo, extremamente possessivos. Olhar para a dama de um burak é arranjar uma cena de porradaria de água à jarra e um ato de grande estupidez pois, regra geral, a acompanhante do burak é tão labrega quanto ele e não vale os ATP que gastamos ao movimentar o pescoço. Apesar da sua aparente pachorra, é prudente manter alguma distância destas criaturas pois podem sentir-se visados e atacar o transeunte.
Um burak não incomoda muita gente mas dois buraki já incomodam qualquer coisa. Nas discotecas eles tendem a arranjar sarilhos quando estão com um grão na asa e a melhor estratégia é ignorar as suas provocações, mudando de sítio ou mesmo abandonando o local. Responder-lhes apenas os galvaniza e fá-los subir o grau de provocações até se entrar no capítulo do confronto físico, o seu elemento natural. O problema de andar à porrada com um burak, além da sua imensidão corporal, é que quanto mais um gajo lhe arreia mais ele quer levar. Para o burak não importa quem sai vitorioso da rixa, o importante é arranjar uma boa zaragata com cadeiras pelo ar e o caraças, mandar e levar uns sopapos na gorra enquanto a bófia não chega e as mulheres gritam histéricas.
Resquícios dum passado combatente, se calhar, ou pura e simplesmente desvios comportamentais. Os buraki lembram os rinocerontes: Paquidermes na maior parte das vezes bonacheirões mas imprevisíveis que tanto podem ignorar a turbolência em seu redor como investir contra o incauto. É preciso ter conta com esta gente se tivermos amor à pele.
4 comentários:
Ainda me lembro em 2005 aquando da primeira vez na Polónia (Cracóvia), a 1ª e única discoteca a que fui estava apinhada desta malta. E fiquei convencido que aquilo era o normal. Vim depois a saber já em 2006 que tinha ido de facto a um dos spots preferidos por esta rapaziada e um autêntico viveiro de arruaceiros em potencial.
Mas é como dizes, com juizo não se arranjam chatices com buraki. Até porque uma pessoa nunca se pode esquecer que aí somos o estrangeiro. E o estrangeiro em qualquer evento de porrada está sempre lixado.
Ps: Isso das burakas (acompanhantes dos buraki) não merecerem geralmente o virar de pescoço discordo. Podem parecer labregas, mas o potencial está lá.
Dzien dobry..Boa Nuno.Que bela e verdadeira visão do rapaz polaco hoje em dia kkkk. Por muito que me custe( ;P) tenho que concordar ctg...Só tenho uma correção a fazer: o açúcar é extraido do burak branco ( burak cukrowy ) e não do roxo. Jinhos e cumprimentos-Aga.
Uahuahuhauhauhauha! O que já me ri... :)))
Bem visto, são muitos mas felizmente ainda vão havendo excepções!
O burak entre cada duas palavras utiliza o kurwa, kurwa mać, kurwa jebany, kurwa jego mać, ja pierdole, jebać i chuj o mais que podem. São a melhor fonte de calão grosseiro que pode haver.
Desculpem as asneiras.
aga,
eu sempre pensei que o açúcar fosse obtido através desta beterraba, não sabia que existia outro tipo de beterraba... branca.
vivendo e aprendendo q:)
bjinho
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