terça-feira, 4 de dezembro de 2007

5-12-1973: Once upon a time in Faro

Há uns anos atrás é que isto tinha piada. A festa começaria logo hoje com a família junta na casa da minha avó para desbastar centenas de pastéis de bacalhau e empadas que ela fazia quando abastecia metade da cidade de Faro. Cantorias e anedotas, comida que nunca mais acabaria, vizinhos que entrariam, outros que não sairiam, a Rua do Alportel em alvoroço de manhã à noite, eu a faltar ao treino para estar a horas do jantar, comprariam-se grades de "Fruto Real" no supermercado do Lopes, a eterna conversa de "O Sá Carneiro morreu, faz hoje anos. Lembras-te, Nuno?", o feijão com massa, o meu avô tiraria a placa para atazanar a minha avó que devolveria-lhe a brincadeira com um tacho na pinha, a D. Maria guardaria um mil-folhas para mim, o presépio montado (e que grande seria), pasodobles e corridinhos, o Mijica Leiteiro queixaria-se do barulho, o Orlando Chupa puxaria novamente fogo à casa no Largo da Caganita, a malta jogaria aos centros na rua, seria um fandelir.

Há 3 anos que não é a mesma coisa devido à natureza efémera das pessoas pois a minha avó não faz mais anos. O meu aniversário, dia 5, era antecipado em 24 horas como se fosse a antestréia duma peça de teatro. Eram dois dias de festarola pegada, mesmo após o peso dos anos terem empurrado a Laurinha para a cadeira de rodas. Corrijo -após terem empurrado-lhe o corpo porque a mente lúcida manteve-a até à última, recordando tanto os momentos de hilariante graça como expondo embaraços do meu avô.

Há 3 anos que não tenho sido tão efusivo na celebração do meu aniversário. Eram sobejamente conhecidas em Faro as minhas jantaradas no Chalavar (há DVDs dessas jantas) e no mês de Dezembro era comum perguntar-se onde era a passagem de anos e a festa de anos do Soviético. Penso que perdi um pouco a vontade de estar alegre nessa altura, a chama não era a mesma. Sem os sorrisos da família no dia anterior a coisa não resultava.

Pois... Como aqui já passa da meia-noite posso dizer que hoje é o meu aniversário, o primeiro fora de Faro. Não faço ideia de como irei comemorar mas será naturalmente com a Iza algures a 3000 e tal km do meu povo e homenageando a minha avó. Pode ser que as nuvens dêm-me um presente e afastem-se por um instante para que ela possa ver-me a brindar por si.

À tua, Laurinha. A âncora da nossa família.

5 comentários:

José Guimarães disse...

Por mais efémera que seja a natureza das pessoas, temos - felizmente - aquela eterna capacidade da lembrança e da saudade!

Outro dia em conversa, alguém dizia que já temos história, já notamos diferenças marcadas entre a geração dos nossos pais e avós, para nós e para a geração daqueles que nos vão suceder... história mano, nós, calcula!

Que 3000kms de distância não sejam demais para nos recordarmos uns dos outros e nos deixar a alma com um sorriso quente, pois alguns já moram bem mais distantes e a sua presença parece que nos acompanha até nos mais pequenos pormenores.

Que sejas sempre capaz de olhar para além das nuvens, como sempre nos habituaste.

Anónimo disse...

Agora sim... Parabens! Ontem a coisa tava agreste... na Polonia tinhas 34, e em Faro tinhas 33. Portanto agora... dia 5, 14.35 ca... 15.35 ai... ta mais que bom PARABENS! Desejo tudo de bom, sorte, e saude! Que corra tudo da melhor maneira! E que a malta esteja cá toda pro ano :D pra dizer "Parabens Zé Sovietico" :D ehh

Anónimo disse...

Pois é rapaz !, os anos vão passando por nós tipo TGV, bem depressa.
Mas um abraço vai mais depressa e se carregado de parabéns atinge a velocidade da luz.
Portanto aí vai ele !!!
Chegou em bom estado ?

Anónimo disse...

Maninho kido com kapa! :)
Apesar dos 3000 e tal kmtrovskys, aqui a maltinha não te esquece e partilha contigo o sentimento de "fazes-nos falta!". As idas a Faro já não são o que eram, quando iamos de propósito para o teu aniversário e alinhavamos nos planos da passagem de ano sem saber bem onde seria.
Em breve veras que mesmo estando aí, nós fazemos questão de te trazer por cá...bem encostadinho a nós!
Brindemos aos aniversários, passagens de ano, a Faro, à Polónia, à Iza e à Laurinha!

Beijos

Anónimo disse...

"Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um do outro há de se lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos pra sempre.

Há duas formas para se viver a vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre."

:) bonito isso né? Li num livro:P
beijinhos!