quarta-feira, 29 de abril de 2009

O PIT - IRS polaco

PIT Tal como em Portugal, nesta altura do ano anda meio mundo ralado com a entrega das declarações de impostos. Na Polónia também estamos na temporada dos Podatki e por todas as ruas se vêem pessoas carregando os impressos do PIT para entregarem nas repartições de finanças. A malta mais modernizada trata destes assuntos pela internet mas eu não o posso fazer devido a imperativos burocráticos: Eu estive registado em Tychy até finais do ano passado e a minha transferência de residência para a Cidade Capital implica o preenchimento dum formulário extra, a respectiva entrega em mão própria e uma aturada e pormenorizada explicação da razão dos meus quatro apelidos, que já não estou registado na casa dos pais da minha ex-namorada, que vivo e trabalho em Varsóvia na "freguesia" de Ursynów. Tarefas de caracacá para um letrado em filologia polaca como eu!

Munido das papeladas que julgámos as necessárias e suficientes, eu e o compadre Marinho abancámos à secretária para desbastar a tarefa hercúlea de decifrar todas as designações oficiais de cada campo do impresso. Palavras de 20 letras e 16 consoantes pareciam ralhar conosco por parecermos tão ignorantes a olhar para elas, as designações assustam, os S e C com acentos gráficos, as declinações, os cálculos, muito trabalhinho pela frente. Depois de 2 horas resolvemos fiar-nos na intuição masculina e decidimos que os impressos estavam devidamente preenchidos pelo que passámos à 2ª fase do plano: O Urząd Skarbowy (a Repartição de Finanças).

Passámos primeiro pela repartição do bairro onde o Mário mora e  surpreendemo-nos com a ligeireza do processo pois só fomos mal aconselhados por duas vezes e urzad_skarbowyem nenhuma delas nos perdemos nos corredores do edifício (nem da burocracia). Ainda deu para presenciar um princípio de pancadaria entre uma mulher que saíu esbaforida do gabinete de entrega de declarações e que se pôs aos gritos de "Kurwa papierze, pierdole wszystko!" enquanto outra a mandava calar por estar a escrever nos seus documentos. A conversa azedou porque a primeira não se queria calar e cada vez praguejava mais, a segunda ameaçou qualquer coisa ainda em tom delicado, a primeira tornava a praguejar entornando "kurwas" entre meias palavras e um homem gordo teve de intervir, também a toques de "kurwa" mas mais graves, para que o festival terminásse. A fila avançava serena e algo rápida.

Finalizada a primeira entrega combinou-se a minha papelada para a manhã seguinte, 9:30 na repartição de Ursynów. Afinou-se o discurso de "ai e tal, a senhora sabe... ele é português e já não mora na Silésia. Temos aqui o impresso da transferência de morada mas se puder aceitar logo a declaração... a senhora veja lá..." O que é verdade é que a coisa correu lindamente, aceitaram este português como residente em Ursynów mesmo sem estar registado e os meus impostos foram declarados como manda a lei.

Comentei o episódio com amigos polacos e todos se espantaram com a nossa desenvoltura no manejo deste tipo de papelada. Para que o leitor perceba a dificuldade da empreitada, saiba que a grande maioria dos meus conhecidos dão as declarações para as mães ou amigos contabilistas preencherem por não terem paciência ou mesmo cabeça para lidar com isso. Para mim e para o Mário, preencher o PIT foi mais um exercício de auto-suficiência neste país que foi superado com distinção. Próximo passo? Candidatura a Câmara Municipal, naturalmente!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Impreza

wpadnij_na_impreze Os polacos adoram fazer borgas e organizar festas em casa, se bem que o conceito de "festa em casa" seja um pouco diferente do nosso. Os polacos podem muito bem passar uma noite inteira a conversar em torno de garrafas de vodca e pacotes de sumo de fruta sem se levantarem - por definição, a vodca bebe-se de estalo num copo de shot seguido de um long drink de sumo de fruta (toranja na maior parte dos casos) a ser bebido pouco a pouco. É uma ideia um pouco diferente da portuguesa, nós preferimos mais chamar os amigos para jantar, bebe-se qualquer coisa depois da janta e abala-se para os bares ou discotecas. Aqui a malta reune-se depois de jantar e bebe até cair de redondo.

No último sábado decidi fazer uma festa cá em casa, celebrava-se Abril e entendi festejar a Revolução com um evento de liberdade (ia dizer libertinagem) dando um cunho cultural a uma reunião que serviu essencialmente para aproximar amigos e desconhecidos, promover CravoAbril1 amizades e beber uns copos em boa companhia. Convidei à volta de 17 pessoas e na contagem final registei mais de 30 passantes! Palavra puxa palavra, "posso levar uma amiga?", "posso levar mais dois colegas?" e quando dei por mim tinha a sala invadida por garrafas de vinho (saravá, João! Tenho vinho até ao Natal) vodca polaca e pomadas de paragens remotas. Jogava o Sporting e eu estava receoso pois na última (e única) vez que tinha dado uma festa em dia de jogo a coisa não tinha corrido bem. Contudo, a porta de casa não parava de despejar lindos olhos azuis que não me permitiram muitas arrelias futebolísticas.

A festa em si foi apenas mais uma em que os tugas que me estão mais próximos se reviram e onde conheceram outros tugas. A comunidade cresceu e bebeu a bom beber até às 4:00, altura em que começaram a debandar com torcidas monumentais. Então desliguei a aparelhagem e atirei com o cadáver para a cama. Na manhã seguinte, ouvi a Karola a rir à porta do quarto e levantei-me para ver o que ela me queria mostrar. Irritado, pois nem fazia 5 horas que me tinha deitado, ia desmaiando com o cenário desolador em que encontrei a minha sala. Parecia uma arena de lutas de galos com o soalho todo patinhado, amendoins na gaveta dos talheres, vinho tinto por cima do comando da tv, o chão da casa de banho que normalmente é branco estava da cor do breu e havia garrafas e latas vazias em número suficiente para abrir uma pista de bowling. Maços de tabaco vazios e latas de Tyskie brincavam de carros-de-choque na varanda, pazadas de lixo aguardavam para ser recolhidas e o aspirador já transpirava de medo.

A Karolina ofereceu-se para me ajudar na limpeza mas eu não estava para aí virado. Regressei à cama e adormeci enquanto ela voltava para casa, tentei dormir mais um par de horas até ganhar força mental para atacar a sujidade. Comecei às 12:00 e terminei às 15:30.

Fazer festas em casa é sinónimo de trabalhos sem fim, horas perdidas a 168418_l limpar a sujeira, dores de cabeça com os seguranças a exigir menos banzé, olhares desconfiados dos vizinhos no elevador no day after, preocupações com as bebidas, comidas, música e estado geral da casa. Mas a alegria que dá ter à volta de uma vintena de cabecinhas amarelas na sala, já com um grãozinho na asa, o olhar afiado e malicioso enquanto conversam de rosto próximo ou tirando fotos com o anfitrião e a passarem a mãozinha marota no fundo das costas... Mai-lo resto que não se pode contar q:)

Nas palavras do Mário: Se bem!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Na Rota de Vilnius - Lituânia e mais Mazúria

tijoleira na rua Totoriy Passei a noite a ouvir os vizinhos a martelar a cama na minha parede e só consegui pegar no sono quando a orquestra cessou o concerto com uma apoteose que deve ter sido ouvido na mais remota tundra siberiana. Até comecei um novo jogo de FM2009 com todas as ligas do leste europeu para me distraír - treinador do Dinamo Brest, 1ª divisão bielorrussa q:) O despertador tocou às 8 da matina, dormi 4 horas que pareceram 4 minutos mas tinha de descer para tomar um megapequeno-almoço e ver a cidade. Foi tempo de passear nas ruas de Vilnius, ruas tão socialistas que quase não notei que não estava em Varsóvia.
 
A igreja ortodoxa com os caracteres cirílicos e respetiva missa, as Trólei em Vilnius paredes de tijoleira agredida por balas soviéticas, os tróleis a recordar os meus dias emTychy, um pouco do passado a desfilar em frente da minha vista. Senti-me transportado ao mundo imaginário do Soviete Supremo, da Guerra Fria, do Comité Central do PCUS. Discursos de Brejnev a Andropov, de Kruschev a Gorbachov.

O trajeto de volta para a Polónia passou por uma aldeia turística 20km a oeste de Vilnius chamada Trakai. Esta aldeola é populada por apenas 5000 almas e vive sobretudo do turismo criado em torno dum magnífico castelo construído nos finais do séc. XIV numa ilha que se situa num dos 5 lagos que cercam o povoado. Imagens esplêndidas de serenidade que forçaram a uma visita mais atenta e também a uma dose de história medieval da Europa de Leste.

Após a aprendizagem foi hora de regressarmos a Varsóvia com passagens por Suwałki, a cidade mais fria da Polónia e Augustów, capital dos lagos. A primeira pareceu-me uma cidade engraçada, pequena mas arranjada, com sinais de desenvolvimento dados pelas ruas largas e em bom estado. O facto de ser o ponto mais frio de toda a Polónia, e dá para percebê-lo se virmos os boletins meteorológicos, não me inspirou a parar para visitar a cidade com mais calma. Bem pelo contrário, fez-me conduzir o mais rápido possível para longe. Augustów é bem diferente onde se tem de parar para comer uma truta (ou carpa) frita. Dizem os peritos que é o melhor local do país para se comer peixe e confirmo que o pescado me servido numa esplanada sobre a doca estava realmente saboroso.

Igreja ortodoxa A paragem seguinte foi Ełk (Éuc, hehehe!) onde recolhemos uma amiga que também ia para Varsóvia. Constatei que conduzir um automóvel com matrícula de Varsóvia noutra parte do país que não seja a capital é um exercício de paciência porque ninguém dá passagem, ninguém respeita prioridade e a buzina dispara se não avançarmos logo no sinal amarelo - na Polónia, antes de o "vermelho" passar para "verde" há um pequeno período de "amarelo" que deve ser para engatar a primeira, digo eu.

Os quilómetros sucedem-se por cidades com nomes medonhos. Łomża, Ostrolęka, Legionowo. Seis horas depois a placa verde a dizer Warszawa e o suspiro por ter chegado a casa depois dum saco de aborrecimento no banco de trás para onde entretanto fui para poder esticar os alicates. A próxima viagem vai ser de comboio, conduzir na Polónia é só para valentes.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Na Rota de Vilnius – Mazúria II

Zdjęcie019


Saímos de Olsztyn domingo cedo. Depois de termos passado por Ełk, Mikołajki e Augustów chegámos à fronteira com a Lituânia e um arrepio percorreu-me a espinha. Afinal, há pouco mais de 15 anos aquele era solo soviético, a tal URSS que tanto me povoou o imaginário e que estava ali para eu descobrir.

A paisagem é a mesma que se pode encontrar nas planícies polacas mas uma densa floresta encobre a capital lituana num raio de 15km. Os subúrbios e acessos de Vilnius não são muito diferentes dum IC19 ou duma EN125, a cintura industrial das capitais europeias, as grandes superfícies comerciais, blocos de apartamentos que constituem os dormitórios em redor da cidade. Ao entrar nos limites urbanos da cidade fomos obrigatoriamente encaminhados para a zona financeira de Vilnius, o percurso para o centro foi estrategicamente planificado para o automobilista conduzir por entre estruturas de aço e vidro, edifícios modernos que se esticaram para que o trânsito automóvel se fizesse pelos túneis que passam por baixo. Restaurantes de classe alta albergavam clientes que comiam por cima da estrada, achei estranho este conceito de paisagem para um almoço mas nem tentei perceber porque tinha de prestar atenção por onde guiava. Acabei por encontrar o hotel, fiz o registo em polaco (!) e subi para estender o chassi na cama por uns minutos.

No fim da tarde fomos atacar o viver lituano. Anotei dois bares/restaurantes para provar as delícias e cerveja locais, procurar animação ou qualquer manifestação cultural que me permitisse identificar a cidade e o seu povo e não nos arrependemos de ter visitado um deles. Após umas suculentas batatas salteadas cobertas com um Zdjęcie020 molho de maionese, arenque, cogumelos e cebola dirigimo-nos para um clube de jazz onde ia haver uma jam session protagonizada por jovens (20 a 25 anos) músicos. Ótimas improvisações de trompete, piano e contrabaixo em sintonia com uma bateria versátil e potente, cerveja de grande qualidade e a baixo preço, uma noite de elevado quilate que terminou relativamente cedo devido ao cansaço da viagem e à sonolência da digestão. Eu tinha 4 batatas à porrada com 3 imperiais de meio litro dentro do estômago e decidi regressar ao hotel para pôr cobro à batalha gástrica que eu sofria e guardar energias para o dia seguinte que seria grande e em grande parte dedicado ao estudo e aprendizagem sobre a história de Vilnius. Cumprimentei o pianista, peguei nas chaves do carro e guiei até ao hotel de olhos quase sempre fechados devido aos bocejos preguiçosos que constantemente me saíam da boca.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Na Rota de Vilnius - Mazúria I

Zdjęcie011 A Mazúria é linda! A região dos lagos no nordeste da Polónia é digna de ser demoradamente visitada pois oferece uma riqueza de paisagens que pouco existe em Portugal, não há muitos lagos na nossa terra e deitar os olhos no panorama que a Mazúria oferece aos seus visitantes é um prazer supremo. É ponto obrigatório de passagem para quem quer conhecer a Polónia.

Antes da viagem não imaginava que me iria sentar a apanhar o sol de primavera que tive em Olsztyn, uma magnífica manhã de Páscoa convidou ao passeio pelo lago Ukiel e a bonita praia fluvial da cidade chamou-me para uns momentos de calma. Anuí satisfeito ao convite, descansei num banco soalheiro e absorvi alegre todos os raios solares que a Mazúria tinha para me dar. Cheguei a fechar os olhos e sonhei brevemente com o verão passado nestas paragens, com passeios pelas sombras dos bosques que arredondam as extremidades dos lagos e com regatas de caiaque nas águas claras do Ukiel ou do Kortowskie.

Depressa o sol se escondeu e parti à descoberta da cidade e da sua Zdjęcie018 cidade velha que goza de ótima reputação no país. Encontrei o monumento a Copérnico, o famoso astrónomo polaco que foi inquilino do castelo de Olsztyn durante o seu consulado como tesoureiro da província da Vármia, a majestosa porta gótica que determina a entrada na cidadela e o castelo imperial que se destaca entre a floresta que cerca a cidade. É incrível a latitude desta terra, a cerca de 140km da Rússia e que fica mais perto do Círculo Polar Ártico do que da minha família. Para quem provém da Europa meridional foi motivo de pasmo olhar para o mapa e verificar a lonjura que me separava do berço.

Entretanto caiu a noite, os bares e restaurantes estavam encerrados, fez-se frio e eu estava com fome. Procurei um hamburger muito pouco pascal e recolhi para preparar o corpo que ia enfrentar mais 400km até Vilnius. Uma certeza, Olsztyn irá rever-me nas suas ruas.

sábado, 11 de abril de 2009

Misha goes to Vilnius

lituaniaÉ Páscoa, Varsóvia fica vazia pois toda a gente vai à terra passar a quadra em família. Como não tenho possibilidades de passá-la com os meus, aceitei o convite da Gosia e do Juanjo e vou com eles à Lituânia passando pela Olsztyn dos lagos grandes.

Não conheço nada da Lituânia a não ser que têm a maior taxa de  lith suicídios no mundo e que é onde o José Couceiro trabalha. Não estou a pensar encontrá-lo durante a minha viagem e tampouco tenciono dar fim de mim, por isso espero encontrar coisas importantes para relatar, descobrir e desfrutar dum país longínquo e desconhecido. Vai ser mais um a somar na lista, só espero é que não chova e que valha a pena a indescritível seca que vai ser conduzir a maior parte dos 622 km em estradas polacas.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Santos populares - wersja polska

Manjerico01 Tenho um grupo de estudantes cuja matéria atualmente em estudo são as tradições portuguesas, designadamente os Santos Populares. Aprenderam os usos portugueses sobre as festas de Junho como o Sto. António e o S. João, ouviram a D. Amália cantar “Lá Vai Lisboa”, acharam piada aos martelinhos e alho-porro do S. João portuense e como tarefa de casa foram incumbidos de escrever duas quadras para colocar em manjericos polacos virtuais. A Beata escreveu o seguinte:

Os meus óvulos vaginais

têm uma substância ativa.

Em ocasiões especiais

não devo ficar passiva.

A criatividade deste povo é notável.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Primaveraaaaaaaaaaa!

Zdjęcie007 Agora sim, tenho a impressão que a primavera chegou à Polónia para ficar! As temperaturas não têm baixado dos 12º nos últimos dias, a adminstração do condomínio já desligou o aquecimento central, a neve foi substituída pelo verde escuro duma relva ainda entorpecida pelo gelo do inverno e muitos restaurantes e bares já começam a montar as suas esplanadas para receber os clientes ávidos de sol e cerveja fresca. As luvas voltaram à gaveta, o cachecol foi arrumado no armário, o gorro também, o sobretudo finalmente descansa em paz e os óculos de sol tomam o lugar dos grossos casacos de dupla forra.

O melhor de tudo é sair à rua e não ter de enfrentar a gélida aragem que sopra da floresta que tenho a 600m de casa. Também é muito bom não ter de patinhar a casa com lama trazida da rua nas botas de inverno e poder abrir a janela para sala poder arejar.

Imagens como acima foram trocadas por paisagens do género da que  temos aqui ao lado. O tempo está tão agradável que se percebe perfeitamente a razão que leva os polacos a cele2008_05_20_-_Warszawa_Al_KEN_-_ul_Herbstabrar a chegada desta estação com festas tradicionais como a Marzanna. A vida é bela, o sol brilha, há menos gralhas e corvos e como manda a lei polaca vou fazer uma festa na minha casa um sábado destes. Com um tempo destes é um crime não celebrar a vida.

Como diz o meu grupinho da Zambujeira, “enquanto houver dinheiro para cerveja não se compra roupa!”

domingo, 5 de abril de 2009

1º de Abril

As raposas velhas (Betã, Fungão e outros) deram logo com a marosca. o blogue não podia passar sem celebrar o Dia das Mentiras com uma patranha, a estória da Ula grávida é peta q:D

1abril

Não conheço Ula nenhuma portanto, se alguma aparecer grávida garanto que não tive nada com isso. A minha mãe, que é o meu alvo preferido nesta ocasião, recebeu a mesma notícia por sms e só não se enfiou no telemóvel para me apertar o pescoço porque não pôde. Os nomes que ela me chamou são impublicáveis, hehehe!

sábado, 4 de abril de 2009

Bola Polaca - II

E continua a polémica na Polónia relativamente ao escândalo de corrupção que grassa no futebol. Os árbitros continuam a ser chamados a tribunal e a serem arguidos de processos que visam limpar a credibilidade do futebol polaco. Ao contrário de Portugal, neste país alegadamente menos desenvolvido que o meu, os árbitros que têm processos pendentes na justiça ficam imediatamente impedidos de apitar e assim permanecem enquanto forem julgados e declarados inocentes. Por isso a Federação Polaca pondera o recurso a juízes estrangeiros (alemães e checos) para arbitrarem os jogos da Ekstraklasa uma vez que o efetivo de árbitros de primeira categoria foi dizimado pelos tribunais e não há árbitros de topo suficientes para apitar os jogos.

A seleção polaca tem sido o escape dum povo que gosta de futebol mas não do futebol que tem em casa, o país pára sempre que a Representacja joga e as incindências das partidas são discutidas acaloradamente pelo povo nos dias seguintes. Ultimamente dois grandes debates têm protagonizado as peripécias da equipa: A possível substituição de Beenakker e a firma do guarda-redes Boruc.

article-1027384-019695BA00000578-526_468x315_popup Artur Boruc foi o heroi da Polónia do Euro2008, salvou a seleção em muitos jogos com defesas de elevado nível de qualidade e foi unanimemente considerado o melhor elemento da equipa no torneio. Boruc tem uma personalidade muito forte e é atreito a polémicas dentro e fora das quatro linhas. Provocou os adeptos (protestantes) do Rangers exibindo uma t-shirt com os dizeres "God Bless the Pope” em pleno Ibrox, recusa-se a cumprimentar os jogadores do mesmo Rangers por “detestar o clube e a sua ideologia”, foi fotografado num clube de Varsóvia fumando charutos e bebendo na companhia da ex-namorada dum mafioso polaco enquanto supostamente recuperava duma lesão num joelho, a sua esposa pegou no filho de ambos e abandonou Glasgow alegadamente devido à atitude do guardião polaco. Ultimamente Boruc tem comprometido em jogos do Celtic e a sua recente prestação no jogo de Belfast provou o mau momento do guarda-redes dos Bhoys com dois golos muito consentidos a manchar a sua exibição. Os jornais escreveram artigos efeverscentes exigindo a substituição de Leo Beenakker por alguém que “entendesse a mentalidade polaca” e crucificando Boruc.

A Polónia ferveu e pediu a cabeça do seu guarda-redes e do treinador  após um dos maiores vexames do seu futebol, contudo a bolMAJA0937_58244la é redonda e 4 dias volvidos rolou para o lado dos polacos. Como resposta à vergonhosa actuação na Irlanda do Norte, a seleção polaca uniu-se em torno do seu líder Leo e vaporizou San Marino por 10-0 em Kielce numa exibição de constante ataque. Todos lutaram pela bola como se dela dependessem as suas famílias, todos demonstraram pressa em resolver a questão e não se mostraram contentes com o 3-0 ou 4-0. A bonança regressou ao seio da Seleção, Beenakker volta a sorrir em Varsóvia e o povo volta a estar contente. Boruc? Ficou no banco para arrefecer a cabeça e assistir à tranquila exibição de Fabiański.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Já fui...

Lá se foi a minha alegria do post anterior. Quem é homem e vive neste país conhece perfeitamente quão difícil é "aguentar os cavais" perante a atitude de permanente sedução, por vezes involuntária, por parte das mulheres polacas. Em bom português diz-se que "junta-se a fome à vontade de comer"...  no sentido literal. Por isso as oportunidades de diversão e convívio, para não dizer outra coisa, são mais que muitas e resultam em folias desmesuradas.

No entanto, é essencial guardar algumas precauções para que não haja lamentações futuras. É fundamental termos perfeita consciência de até onde podemos ir e os limites do que podemos fazer, manter a clarividência por muito intenso que o momento seja. A minha atividade profissional em Portugal manteve-me sempre atento às eventuais tentações que me pudéssem levar a arrependimentos, sempre me gabei de ter segurado as minhas hormonas no mais rigoroso controle.

No melhor pano caíu a nódoa e lixei-me à força toda. Recebi esta manhã um sms tenebroso que me atirou contra as cadeiras do trabalho, a Ula escreveu-me Jestem w ciąży (estou grávida). Assim, curto e seco ao melhor estilo polaco, sem respeitar o óbvio pânico que tal mensagem despertaria ao mais comum dos tugas soltinhos na Polónia.

As únicas cinco palavras que rebatem no sino do meu crânio são "tás fod... e bem fod..." . Nunca me perdoarei ter baixado a guarda e vou pagar esta fatura o resto da vida. Apesar de ser um momento sensível e íntimo, publico a notícia e respectivos contornos para que sirva de alerta a todos os que, por um segundo, se distraiem pensando que estas coisas só acontecem aos outros. Creiam-me, acontecem a nós também e eu sou um exemplo vivo disso. Para mal do meu pecado. q:(

Se não virem artigos novos nos próximos dias não se espantem...

Bravo, bramkarz!

Um dia poderei dizer aos meus netos, se os tiver:

”O avô conseguiu ganhar prémios neste país ainda antes de falar polaco!”

Zdjęcie008

Melhor guarda-redes da liga de Outono, à atenção do Prof. Carlos Queiroz… ou do sr Beenhakker.