sexta-feira, 18 de setembro de 2009

@Faro - 5

Não há nada que eu goste mais de fazer do que jogar futebol. Pronto, gosto de dormir até me doer o chassi, de ficar deitado debaixo do sol de verão, de esvaziar barris de imperial à conversa com a minha turma mas uma boa peladinha é que me eleva os níveis de pica ao máximo. Assim que o repolho começa a saltar no sintético não conheço pai nem mãe, discuto e grito com os meus colegas (a escola do Largo da Caganita educou-me assim, competitividade extrema) e rasgo-me todo para ir buscar uma bola mais que perdida na linha de fundo. Mesmo em alturas em que o físico não obedece ao que o cérebro ordena os músculos rangem, os ossos estalam, as pequenas lesões do antigamente emergem ao mesmo tempo mas cerro os dentes e lá disputo mais uma dividida. Nunca gostei de perder nem ao Monopólio e não gosto que os meus amigos me ganhem.

Hoje foi noite de joguinho no sintético do Montenegro e o viciozinho estava mais que muito, o plantel juntou-se carregado de moral devido às vitórias do Sporting e dos outros e prometia futebol de primeira água. Mas não, foi um desastre.

Esta noite senti-me como se estivesse numa cadeira de rodas com as bolas a passarem a 10 cm e eu sem conseguir reagir, a minha marcação a fugir-me nas barbas e eu sem poder ir atrás deles, a chicha redondinha pulando à minha frente e pedindo um cacau no ângulo e eu a acertar nas orelhas da bola. Uma miséria própria de quem nunca deu um chute de jeito e se arrasta aos 35 anos. Perto do fim, uma nesga de esperança com alguém a ir à linha de fundo do lado esquerdo e a arrancar um centro a régua e esquadro para o segundo poste. Eu, bem colocado, faço o compasso de espera necessário para atacar a menina no ar, preparo a martelada aérea e assim que ela entra no meu radar disparo a marrada fulminante… na cabeça do Vítor que chegou 1/1000 de segundo antes para pentear a bola dali para fora.

Caímos desamaparados, ele que grita e eu que não me mexo, ele que não sente os braços e eu que sinto um pêssego a nascer-me no crâneo, ele que pede ajuda e eu que peço silêncio, ele que se vai levantando e eu que não quero. O Vítor não jogou mais, eu reentrei ao fim de 5 minutos mais preocupado em correr desalmadamente do que tratar do hipergalo que me tinha nascido. Vem a segunda oportunidade, uma chance de me redimir dos sucessivos falhanços. É uma bola que sobra na cabeça da área, alço o pé direito na simulação e puxo para dentro, o defesa – patinho, veio á queima - salta à minha frente como um coelho assustado e eu fico só com o keeper à frente. Pé esquerdo preparado para o tiro, remate… e sai um pontapé cheio de tabaco, fraco, frouxo, quase lançamento lateral.

Olhei para os meus companheiros e li o desânimo na cara deles, apeteceu-me dizer “só falha quem está lá” ou mencionar a crónica picada na virilha que já me minava os remates mas em vez disso deu-me vontade de abandonar o futebol de vez. Não acertei uma porra dum remate em quase 2 horas de bola e a única coisa em que acertei foi na moleirinha do Vítor. Mais valia ter ficado em casa a jogar FM…

edit: na semana seguinte, o regresso às boas exibições. Bisei, pé esquerdo oportuno e ladino a empurrar no segundo poste e um pontapé de moínho que tinha visto há 23 anos atrás. Fiz as pazes comigo próprio q:D

5 comentários:

Ryan disse...

Tá visto que o melhor futebol que se pode jogar a partir da nossa idade é talvez o da Playstation... mas se o amigo não va nessas o melhor é comprar um ecrã lcd, ou plama, gigante... e ver o futebol inglês, espanhol... ou obviamente a Liga Portuguesa.

Ola disse...

Pensava que eras guarda - redes... Lembro-me do teu premio. Quando o olhava, estava a pensar que te invejava.
Ha 7 anos que jogo tenis e sempre queria ganhar algum torneio. Mas para poder ganhar, primeiro e preciso tomar parte em ele. E isto e o meu maior problema - nao o fiz nunca. Por que? Pelo pavor, porque no acreditava nas minhas capacidades, porque nunca gostava de competir, porque e mais facil sonhar com os premios do que trabalhar duro para por fim recebe-los.
Mas isto esta a mudar. Di-me conta do que amo este jogo tanto que quero desenvolver-me em ele. E o que e melhor para isso se nao o verdadeiro duelo onde alem do talento contam outras coisas que nao preciso tanto no treino quotidiano - a forca do animo mais do que a forca dos musculos, a concentracao, o optimismo... Sei que algum dia vou fazer este passo grande e vou jogar no torneio. E a mesma participacao sera para mim o premio.
Tu estas a mil passos adiante. Jogas, competes, lutas, umas vezes ganhas premios e cada vez mais vontade de jogar, outras vezes ganhas...galos e perdes animo mas nao o teu amor. Nem sonhos com o chute de jeito. Mas para faze-lo, precisas de continuar a jogar.
Ha uma frase que sempre me ajuda nas minhas derrotas - "a gente sabia nunca perde". Entao, espera com o plama ou Playstation ate pelo menos 45 e ainda... pokaż na co Cię stać! :)

PM Misha disse...

ola,
oficialmente, enquanto federado, sempre fui guarda-redes. mas nos jogos entre amigos não jogo à baliza. e quando pensas disputar um torneio?

ola disse...

Acho que em breve. Talvez organizem um torneio para mulheres antes do fim da temporada. Nao quero participar nos torneios regulares porque ai jogam so os machos desesperados que no campo de tenis lutam com os seus complexos. Eles sao capazes de tudo e eu nao quero ser a sua vitima. Neste caso prefiro as mulheres :)
Espero que as tuas ameacas de deixar futbol so fossem o resultado da cabeca doida e que em breve voltes ao jogo. Powodzenia! :)

PM Misha disse...

e é já esta noite!
dzieki q:)