domingo, 13 de abril de 2008

Cine Polónia

Acabei de vir do cinema. Visitei uma sala do complexo construído no PKiN e fiquei impressionado com a beleza arquitectónica do espaço interior lembrando o Alcântara-Mar ou o Alabastro pela escolha dos materiais e pela criação lounge da sua sala de espera, resultando numa muito agradável combinação do conceito moderno de design de interiores com as austeras e imponentes linhas socialistas. Por muitos defeitos que se possam pôr nos antigos dirigentes soviéticos não se lhes podem atribuir falta de gosto e funcionalidade na sua arquitectura, o Kinoteka é um espaço fantástico que surpreende qualquer visitante. O filme foi muito fixe, por cá chamam-lhe "Nieuchwytny" e penso que em Portugal será "Indetectável" porque essa é a tradução literal da palavra em polaco. E que bom que é voltar a ver um filme sem o chato do narrador polaco por trás a ler as falas...

É mesmo assim. Por cá, todas as séries e filmes estrangeiros têm as suas falas traduzidas em polaco por um narrador. Atenção, não é uma dobragem como em Espanha (que já de si é aborrecido) mas uma simples leitura (sem qualquer emoção) dos diálogos em polaco. No CSI Miami, por exemplo, há uma voz que lê as vozes do Horatio... e as da Calleigh e as do Tim e todas as restantes. É brutal escutar uma voz monocórdica a narrar uma perseguição de automóveis ou a descoberta dum cadáver, como se ouvíssemos Xanana Gusmão a relatar futebol ou Pinto da Costa a apresentar um leilão.

No cinema felizmente não é assim, é tudo legendado em polaco para não se perder o realismo da acção e em bom inglês de Hollywood para minha felicidade. Em conversa com os meus alunos percebi que muitos não gostam de legendas nem de dobragens com vozes diferentes. A maioria é adepta do "lektor" e fundamentam-se com a economia de tempo que se faz ao ouvir o narrador em vez de perder o fio à meada lendo as legendas. É discutível, como tudo na vida, mas ninguém me convence que não é ridículo ouvir a mesma voz masculina a "ler" as falas do Hugh Grant e da Renée Zellweger. A solução é afinar o tímpano para decifrar o inglês por trás do polaco e esperar que a moda não cole em Portugal. Imaginam o Al Pacino com a mesma voz da Scarlett Johansson?

2 comentários:

Anónimo disse...

Ora aqui está alguém que me percebe. Realmente tenho fugido aos filmes na TV polaca. Não vale a pena nem sequer ver. O melhor mesmo é ver os filmes antigos polacos quando há paciência para isso. Tal como tu aqui pela Silésia mais vale ir ao cinema com inglês e legendado. Quanto a legendas já tive a mesma discussão e o pessoal confesso que não quer mesmo mudar. Preferem o chato narrador. A dobragem para polaco seria muito melhor apesar de nem ser adepto da dobragem

Zé de Fare disse...

Isso do narrador é tão confuso que nem se percebe se é filme ou telenovela mexicana das 3 da tarde...