segunda-feira, 7 de abril de 2008

O papa e os papistas

Passou-se recentemente mais um aniversário da morte do polaco mais célebre da História: Karol Wojtyła, o papa João Paulo II. A Polónia saíu à rua para homenagear o seu filho mais querido, visto como um santo e fonte de inspiração para um país que tenta impacientemente ganhar qualidade de vida. O Santo Padre foi durante muito tempo o escape espiritual dum povo oprimido e que via na sua imagem a esperança em dias melhores.

João Paulo II desempenhou um papel importante na abolição do socialismo da Polónia embora pouca gente o saiba na Europa Ocidental. Ele manteve encontros secretos com Lech Wałęsa, enquanto este desenhava a queda do regime, até à recepção oficial no Vaticano em Janeiro de 81 onde assumiu publicamente o apoio ao movimento sindicalista de Gdańsk. Ainda cardeal em Cracóvia, João Paulo II celebrou uma missa de Natal dum terreno baldio onde supostamente tinha de ser construída uma igreja, obra embargada pelo soturno chefe de estado Jaruzelski. O então cardeal Wojtyła não facilitou e orou numa gélida noite de Dezembro acompanhado de centenas de fiéis enregelados mas firmes na demonstração da sua fé, talvez a única forma de contestação que poderiam ter na altura.

O papa pode ser uma das justificações para a Polónia ser o país mais católico (e praticante) deste lado da Europa mas a contestação ao peso da religião na sociedade polaca começa a ser bem visível um pouco por todo o lado. O anterior primeiro-ministro Jarosław Kaczyński conseguiu ser eleito devido a um pacto com a Radio Maria, a emissora católica polaca, e com o seu coordenador, um padre conceituado no país, senhor duma enfática oratória de propaganda que levou as classes mais humildes a seguirem os seus conselhos e a elegerem o primeiro-ministro mais detestado da democracia polaca. A Igreja Católica é vista como responsável pela chacota que a Polónia levava dos seus parceiros europeus sempre que o seu primeiro-ministro abria a boca, para não falar do insólito de ter dois irmãos gémeos ocupando as cadeiras mais importantes da Nação.

O próprio João Paulo II não está imune a suspeições e controvérsia, pairando sobre ele uma eventual conivência em relação ao alegado assassinato do seu predecessor João Paulo I, falecido em circunstâncias nunca convincentemente explicadas. No entanto a sua figura é inquestionavelmente um ícone da Polónia e a devoção do seu povo à sua imagem é constante, como fica aqui bem patente nestas imagens colhidas em Varsóvia aquando do aniversário da sua morte.
PS - Um beijinho para as minhas colegas da Academia. Não é todos os dias que descobrem uma "celebridade" no metro q:D

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