sexta-feira, 7 de março de 2008

Não mijes aí, pá!

Passam hoje 6 meses desde que cheguei à Polónia, desde que concluí a odisseia rodoviária que teve início em Faro e levou-me a Tychy com passagem por Madrid, Limoges, Liége e Dusseldorf. Numa manhã nublada de 2ª feira estacionei na garagem da família Krupa um carro cheio de ilusões e projectos que espero concretizar neste país. Apesar de ter já trabalho garantido em Katowice e do nosso plano inicial passar por estabelecer-nos algures entre a aglomeracja silesiana e Cracóvia, cidade mágica, as condições que foram-nos oferecidas em Varsóvia (quase o triplo do salário) fizeram-nos demandar a capital polaca contra algum cepticismo da minha parte devido à inata aversão que tenho a grandes cidades.

Mas lá carreguei o carro e fiz-me à estrada em busca de sucesso. Felizmente dei-me bem na procura de oportunidades de trabalho e, depois da inicial instalação numa cidade nova, penso estar a passar agora pelo processo de estabilização que tanto necessito. Espero consolidar-me nos próximos meses para poder finalmente atacar em força e com maior confiança as fantásticas possibilidades que este país tem para se ser bem sucedido.

5 meses de Varsóvia foram suficientes para criar um círculo de bons amigos que partilham gostos comuns e comungam dos mesmos valores sociais e ideológicos. Há um núcleo constituído por portugueses que ajem quase em irmandade, outro grupo que é mais globalizado devido às diversas nacionalidades dos meus colegas e que entendem-se bem seja em torno duma cerveja ou dum plano de trabalho (sobre os portugueses que vivem em Varsóvia falarei noutra altura) conforme a ocasião.

Mas estes 5 meses não foram suficiente para decifrar este enigma:

Esta semana é que a colega Rita elucidou-me sem querer quando disse-me "Opa, usa já a nossa. Não tá cá ninguém agora, porque vais andar tanto até à vossa?". Este sinal azul que aqui vêem, estimados leitores, significa WC na Polónia! Os sacanas têm uma circunferência ou um triângulo nas portas das casas de banho consoante os lavabos sejam para senhoras ou para cavalheiros. Teoriza-se sobre a origem dos símbolos desde alusões aos orgãos genitais, será correcto considerar o triângulo como uma saia e o círculo o ícone masculino por exclusão de partes, ou postular que o triângulo invertido caracteriza os ombros largos do homem em contraponto com as redondas formas da anca feminina? Escuso-me a entrar no campo mnemónico limitando-me a relatar que como na ala do piso onde trabalho funciona o WC feminino eu utilizei-o na maior das descontrações sempre que precisei, justificando o olhar admirado das fêmeas com o meu charme latino.

Afinal tratava-se doutra coisa. Como tantos outros homens neste mundo, eu tinha sido apanhado a mijar no sítio errado. Mas francamente! Isto lembra a alguém?



1 comentário:

Rui Vilela disse...

Decifrei esse enigma à 4 anos em Praga, Onde uma das portas da casa de banho era uma autêntica pedra de roseta :)