Janusz Palikot é um nome que não diz nada a ninguém que more fora da Polónia, também não há-de dizer muito a grande parte dos polacos que vivem no seu país. Palikot é um político polaco de estilo algo hollywoodesco, gravatas e camisas coloridas tal como o seu discurso político cheio de retórica e prosápia, uma ou outra demagogia como manda a cartilha de todo o político que se preze. Comanda um partido pequeno, foi eleito para o Sejm por duas vezes - 2005 e 2007 – mas fixe este nome se fizer favor.
No próximo fim de semana vão haver eleições legislativas na Polónia, parece que foi na semana passada que tinha escrito sobre este tema e já se passaram quatro anos, uma legislatura cumprida sob a batuta da direita liberal do partido PO encabeçado pelo primeiro-ministro atual, Donald Tusk, que lidera as últimas sondagens com 37,4% das intenções de voto. O principal adversário na corrida continua a ser o inefável Jarosław Kaczyński, irmão gémeo do ex-presidente falecido no acidente aéreo de Smoleńsk, personagem popular entre a Polónia rural e apoiado pela poderosa máquina mediática da Igreja orquestrada pelo influentíssimo padre Rydzyk cujo partido PiS está com 29%. Seguem-se no pelotão o SLD de esquerda, não comunista porque o comunismo é anticonstitucional na Polónia, com 10,5% e o Movimento Palikot com uns interessantes 8,5%, partido que se posiciona como de centro-esquerda. Esta última força política, na qual centro o meu foco de atenção, é considerada muito importante na configuração do futuro Governo da Polónia pois a sua percentagem de votos pode ajudar qualquer um dos outros partidos a obter maioria no Parlamento. É importante perceber que a direita liberal, PO, não vai conseguir maioria absoluta, os esquerdistas esperam uma oferta de aliança justamente do PO para chegarem ao Poder (só neste país, uma coligação direita-esquerda) e que, apesar de ninguém querer misturas com os fundamentalistas católicos do PiS, estes conseguem sempre mais votos do que as sondagens indicam. E porquê? Porque muitos eleitores têm vergonha em dizer que vão votar PiS e guardam a opinião para a traduzirem no boletim de voto.
É com estes ingredientes que se vão cozinhar as próximas eleições, que se luta voto a voto, que se produzem declarações mais ou menos bombásticas e que se apresentam programas e propostas eleitorais. Uma delas, extremamente pertinente, foi avançada pelo Movimento Palikot que, considerando a grave crise económica mundial da qual a Polónia não está totalmente imune, propôs a extinção dos benefícios fiscais e subsídios estatais à Igreja. Por outras palavras, Palikot desafiou o clero a pagar impostos e foi direto ao coração do monstro - Rydzyk.
- É inconcebível que hajam bispos milionários como Tadeusz Rydzyk que ganhou uma fortuna gigantesca ao serviço do povo. Porque não seguem o exemplo de João Paulo II, que morreu sem levar um tostão? - trovejou Palikot ontem em Poznań.