A estação quente parece ter chegado de vez a Varsóvia e em muitas ruas se podem ver esplanadas preenchidas com pessoas sedentas de bom tempo, apanham o sol simpático que tem banhado a cidade e refrescam-se com as cervejinhas da praxe, eles a virarem meios-litros de cada vez, elas mais delicadas a sorverem o fermetado de palhinha e sempre com uma colher de sopa de xarope de amora para dar sabor. Acho que a cerveja com sumo é uma profanação, é como ouvir Mozart tocado numa guitarra elétrica ou imaginar Ryan Giggs no Liverpool, só pensar nisso devia dar cadeia. As polacas porém tomam a cerveja com xarope ignorando a minha opinião mas há algumas que partilham da minha posição e praticam o culto cervejiano como deve ser, sem mistelas.
Agora apetece muito cervejar nos cafezinhos da cidade e o Gonçalo descobriu um ponto interessantíssimo não muito longe da Universidade onde podemos almoçar ou lanchar na companhia de louras e frescas. No copo ou nas cadeiras de praia inteligentemente espalhadas na colina, as louras e (agora) frescas deleitam as vistas e gargantas destes dois portugueses que se regalam com os pequenos prazeres que uma cidade como Varsóvia pode proporcionar. Passar 50% do ano abaixo de 0ºC ensina-nos a valorizar melhor os momentos agradáveis e a apreciar todos os detalhes que melhoram a qualidade de vida, prova disso foi o quadro que encontrei quando cheguei a casa do trabalho, 22:30 e a minha namorada estava com uma amiga vendo filmes no YouTube de mantinha nas pernas porque a noite estava demasiado agradável para se estar dentro de casa. Os convites para churrascos começam a sair em catadupa porque todo o minuto de sol é precioso e os polacos não os querem desperdiçar, os supermercados já têm as prateleiras cheias de fogareiros versão portátil, a secção da carne tem empacotados pré-temperados prontos a serem jogados para a grelha, carrinhos saem das caixas carregados se sacos de carvão e acendalhas.
Eu gosto de passear na Cidade Capital quando o tempo está assim e quando tenho um buraquinho no horário, gosto de descobrir tesourinhos escondidos como este antigo candeeiro com o número da porta das casas e um pitoresco sinal de saída de automóveis tão característicos dos anos antigos. Gosto também de ver o verde dos parques e das alamedas, contraste agradável com a melancolia do inverno quando a neve tapa tudo, até o espírito das pessoas. E gosto muito de dedicar tempo às frescas e louras com o meu “afilhado” Gonçalo refastelados nas espreguiçadeiras da colina da rua Obożna, enquanto reciclamos o espírito e corpo - absolutamente essencial para quem tem que obeceder às exigências que Varsóvia impõe – e ele atira, consolado, com o seu sotaque alfacinha:
- Padrinho! Isto é que é cólidade de vida, hein?
2 comentários:
frescas e louras:) venham elas em catadupa pa.... que nos ca estamos ate nao poder mais!!!!
Por falor no MU... Epa o Barca deu-me uma coca mas espero que pra proxima epoca certas lacunas sejam preenchidas. O Man. Utd tem falhado na Europa por nao ter gente do estilo do Ryan e do Paul com frescura fisica.
Olá. descobri este seu cantinho hoje. Parabéns!
Não sei se usa o facebook, mas se sim..acho que gostaria de espreitar o seguinte: És de Fare mó?
Felicidades :)
Ana
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