Começa às 6:30 da manhã este dia, começa torto pois fizeram-me uma maldade e substituiram o café lá de casa por café descafeinado, produto cujo razão de existência nunca percebi como não percebo a cerveja sem álcool ou a costeleta sem osso. É como ter uma namorada sem mamas ou um carro sem rodas, para que servem?
É um sono ambulante que sai para a rua, céu folha de chumbo carregado que empurra as pessoas para baixo com o peso das nuvens, suga-lhes a energia e o alento. Estes dias não dão vontade de fazer nada, queremos sair para a rua se estamos em casa mas assim que pomos o pé fora do alpendre só pensamos em voltar para o sofá ou para a cama, dias dum inverno polaco mais generoso do que habitual – menos frio – mas com pratos habituais na ementa da época como a inércia que mina os corpos e a apatia geral que mete toda a gente com cara de morto-vivo.
A cidade está pontilhada com tufos de neve suja que derretem vagarosamente por força dos cálidos 2º C que tem feito, poças de lixo que estava escondido por essa mesma neve decoram desagradavelmente os passeios e os peões têm de se por a pau com or rebanhos de beatas que subitamente despertaram levantadas pelo vento e correm loucas com particular atração pelos rostos descobertos. De repente a neve, primeiro tímida e espaçada mas logo densa e em quantidade, uns bons 10 minutos de visibilidade quase zero para afundar ainda mais o ânimo das gentes e para ansiar pelo sofá de casa como um cão anseia pelo dono, as horas que não passam, a temperatura que não sobe, o sol que não há.
Por fim a trégua no mau humor trazida pela mão da Asia sob a forma de um café quente e áspero, amargo mas vigoroso que sacode o pó do cérebro e robustece o espírito, o combustível importante e vital para aguentar mais um par de horas até entrar no metropolitano desejado com paragem final em Terra Prometida – Casa. Um bife grosso, um filme (um episódio do Lie To Me também funciona), um moço já satisfeito com a vida e com o calor que um edredão de casa ajuda a criar. Fim do dia agri-doce por culpa da miséria protagonizada por aquilo em que a minha equipa se tornou (recuso-me a chamar Sporting àquilo, quando muito um grupo de escuteiros lobitos de fardas verdes e brancas) mas que terminou muito bem depois de mais uma boa noite de batidas fortes no Muza proporcionadas pelo vosso bloguer, um epílogo positivo para um dia que se previa feio mas que acabou lindamente 25 horas depois de ter começado. Gosto muito das sextas-feiras, temos sempre dois dias para recarregar baterias.
5 comentários:
Estou de volta da minha semana polonesa...Poznan, Cracóvia e Varsóvia!
Uma surpresa melhor que a outra!
Confesso que Varsóvia me deixou a impressão de uma São Paulo mais organizada com prédios antigos, mas ainda assim, fiquei fascinada pelo Centro Antigo!
Ainda bem que gostaste! Cracóvia é de facto uma cidade linda e adoro lá ir, Poznań não conheço muito bem e preciso de mais tempo para formam opinião e Varsóvia é uma cidade encantadora se tivermos paciência para as suas linhas escuras e pesadas. Pena que não desse para beber uma cerveja nas esplanadas da Cidade Velha, quando o tempo está bom isso é um prazer incrível.
Beijinhos!
Se gostas de beber uma cerveja numa esplanada, tens que visitar o Wrocław!
Como dizeste- ate a primavera e so 30 e tal dias, entao... ;)
janusz,
este ano prometo que visito pelo menos lublin, trójmiasto e wrocław. já me disseram maravilhas desta última e quero muito conhecê-la, este ano vai ser o ano das viagens pela polónia. zdecydowanie! q:)
e uma boa idea :)powodzenia!
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