quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A paranóia da canela

canela Vista e revista mas sem ter recebido importância, a saga da canela no inverno polaco é um caso sério. Não há lado nenhum de Varsóvia onde não se cheire ao condimento apodado de exótico afrodisíaco, está presente em todas as pastelarias, nas lojas de decorações, nos corredores dos centros comerciais, em toda a parte. É difícil fugir à canela durante o frio e devia haver um estudo que se dedicasse ao fenómeno.

Está fresco (a sério, está só fresco e não frio) na rua e dá vontade de beber um chocolate quente, entregam-nos a lista e aparece em ponto de destaque a especialidade da casa, um chocolate todo tal e coiso com o travo especial de canela. Se quisermos optar por uma bebida mais aquecedora temos o grzaniec, um vinho quente aromatizado com cravinho, nuances citrinas e com canela. Mas acaba por nos apetecer um bolinho, uma dose de açúcar ideal para nos fornecer a energia que a escuridão invernal nos suga e logo aparece uma panóplia de tartes de maçã salpicadas com canela, de pączki polvilhados de canela ou o diabo a quatro com canela.

Esqueçamos os comes e bebes e vamos às compras. Eu, que não me considero muito abichanado apesar de algumas opções, gosto de ter a casa a cheirar bem, tenho aromatizadores elétricos e quando quero impressionar até compro umas velinhas para perfumar o “parque de diversões”. É missão impossível descobrir velas de baunilha, de essências marinhas, de chocolate, de passiflora. Não. Há velas de canela e é para quem quer.

Mas não se pense que a canela é uma nóia exclusiva dos polacos porque os portugueses também guardam para a dita especiaria lugar especial à mesa com igual ênfase na quadra natalícia onde reinam as fatias douradas, o arroz doce, as filhozes e a enigmática aletria que nunca cheguei a perceber se se trata dum arroz que não chegou a esparguete ou dum esparguete com complexos de arroz. Denominador comum destes petiscos? Ora bem :)

Jorge Amado descreveu a cor da pele de Gabriela como toda a gente sabe e conhece, o seu estilo majestoso fez do pau e pó castanhos um sinónimo de saúde e beleza. Por minha parte, comeria com a mesma satisfação um pastel de nata, um pires de arroz doce ou uma empanadilha sem ter de a borrifar com canela. É verdade que não dispenso um par de pauzinhos de canela quando produzo a minha afamada sangria… mas não se consegue encontrar velas de outro cheiro? Epa, tenham paciência!

1 comentário:

Paulo Soska Oliveira disse...

Fresquinho?

Tenho 32º a uma humidade de 90%.

Junta-te a malta :D