E eis que surge a neve e o correspondente coro de ais e loas ao frio e mau tempo que resolver abancar na Polónia antes de tempo. A malta já sai à rua atarracada em casacões, sobretudos, gorros e luvas, maldiz-se o clima, manda-se vir contra tudo e mais alguma coisa, culpa-se a crise económica mundial, o Tratado de Lisboa e os vietnamitas das roupas baratas como responsáveis pelas miseráveis condições climáticas da Polónia. Tempo de depressões, desesperos, frustrações e suicídios.
Era meio-dia de ontem quando eu e o Mário saímos à rua, nevava como nunca tinha visto, um nevão horizontal provocado por um vento zangado que não deixava os flocos caírem no chão, vento gelado que espatifava a neve nos nossos rostos enquanto esperávamos pelo semáforo verde. A neve empapava os sapatos e por falta de limpeza atempada dos passeios começava a penetrar pelos pontos das costuras dos sapatos, atacando o dedo grande do pé e ensopando progressivamente a meia, primeiro fresquinho, depois fresco, frio, muito frio, gelado, podre de frio, gangrena. Olhámos um para o outro, duas fracas figuras tristes que se perguntavam que cargas de diabos teriam feito para merecer tal castigo, para serem tão duramente castigadas por uma intempérie severa que parecia não ter fim à vista. Olhámos um para o outro e desmanchámo-nos a rir das fracas figuras tristes que fazíamos, nada valia tal mortificação e procurámos razões que a justificassem. Recebo relatos de 28ºC a meio de Outubro num Algarve que celebra um verão velho, água do mar a 22º para ajudar ao body-board e ao surf na Barrinha. Eu vou aquecer leite para fazer um chocolate quente e preparar a próxima semana, é melhor nem pensar na matilha que ainda anda de chinelos e bermudas por Faro a rir-se de mim.
1 comentário:
Podes crer amigo, aqui continua quentinho, 26º agora....abraço
Luis Kuelho
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