quinta-feira, 14 de maio de 2009

Três apontamentos sobre bola

1.

Já foram divulgadas as quatro cidades polacas que vão receber jogos do Euro2012 – Gdańsk, Wrocław, Poznań e Varsóvia. As duas primeiras vão ter estádios novos construídos de raíz, a Arena Baltycka com capacidade para 44000 espetadores, e o Estádio Municipal de Wrocław que albergará 42000 pessoas. Poznań e a Capital reconverterão os seus Stadion Lecha e Stadion X-Lecia, passando este a designar-se muito simplesmente Estádio Nacional. São empreitadas de vulto a que os polacos se estão a votar com denodo logrando inclusivé contornar a pesada burocracia das instâncias governamentais que ainda sofrem com os hábitos socialistas. Duas cidades ucranianas continuam na lista do Euro, Kiev e Donetsk, mas as sucessivas convulsões políticas e a aparente falta de fundos da Ucrânia pode até levar o certame na sua totalidade para a Polónia. É coisa para acompanhar nos meses mais próximos.

2.

Parece que Rui Jorge vai ser o próximo técnico do Belenenses, pelo menos nas últimas jornadas do campeonato. Para além da imensa sorte que ele bem precisa, quero saudar o seu regresso ao futebol maior por ser uma personagem que faz muita falta. Rui Jorge sempre foi um jogador de discurso diferente, inteligente, sem clichés nem lugares-comuns e que sempre afirmou a sua individualidade de pensamento como no episódio das “plantas” com Boloni. Respeitava-o enquanto jogador do FC Porto e tornou-se um dos meus prediletos no Sporting. Apesar de ele não ser sportinguista desde pequenino gostaria de vê-lo na estrutura diretiva do meu clube por rever nele qualidades técnicas e humanas que fariam de Rui Jorge uma verdadeira mais-valia para o Sporting. À atenção dos candidatos à cadeira-mor leonina.

3.

Recebi uma reflexão, de autor que desconheço, sobre o campeonato português de futebol que merece ser divulgada, não há qualquer referência a clubes específicos para as interpretações ficarem ao critério do leitor. Apenas acrescento: Antes tivésse nascido mulher do que acreditar nestes pagadores de promessas!

Nos últimos dez, quinze anos, tem existido apenas um critério que permite chegar a presidente dum certo clube: atacar um determinado presidente rival. Competência, como dirigente e gestor? Irrelevante. Construir boas equipas e ganhar títulos? Secundário. O que verdadeiramente mobiliza os adeptos é o ódio ao presidente dos outros. Até ao dia em que apareça alguém com coragem para reconhecer, por um lado, a superioridade e o exemplo duns e, por outro lado, os profundos erros cometidos pelas sucessivas direcções dos outros dos últimos anos, o "clube dos milhões" continuará afundado nas desilusões.

Vejam como decorre uma época de futebol típica em Portugal. Agosto é o mês de todas as esperanças. As vitórias nos torneios de Vila Real de St. António, nos jogos de apresentação contra as reservas do Milão ou do Real Madrid, e um ou dois grandes golos de jogadores prematuramente acabados e a gozar uma reforma dourada em Portugal tornam logo o clube "campeão". Já perdi a conta à quantidade de vezes que ouvi amigos meus, nos almoços e jantares de Verão, dizerem-me com a mais genuína das convicções que "este ano é que é, vamos ser campeões". A minha resposta é sempre a mesma: voltamos a falar em Maio. A partir de Abril, começam a dizer que "o futebol em Portugal é uma vergonha".

Novembro e Dezembro são os meses das primeiras desilusões. Vão-se as competições europeias e, na semana seguinte à eliminação, o presidente faz um discurso na casa do clube de Toronto a dizer que vai construir a melhor equipa da Europa. E o mais espantoso é que muitos continuam a acreditar. Não há limites à ilusão. Março e Abril são os meses em que regressa sempre o "sistema", e os famosos ‘dossiers' que vão repor a verdade no futebol português".

1 comentário:

Zé da Bola disse...

A escolha das cidades na Polónia peca por não ter Kraków na escolha. Quanto a mim má opção. Mas enfim.
Em relação ao terceiro ponto da tua dissertaçao acho que o melhor mesmo era o silêncio. Todos atacam "nos atacam" mas esquecem-se de olhar para si mesmos. Eu é que nem ligo o que os rivais fazem ou dizem porque não tenho tempo para me preocupar com os adversários.
Se em Portugal as pessoas, e até o Presidente do clube referido, tivessem um pouco mais de sensatez talvez fosse melhor deixar para trás o que é acessório e olhar para o que é essencial. Talvez poupariam tempo para fazer outras coisas que andar sempre a dar no Benfica quer perca quer ganhe. Esse sim o problema.