segunda-feira, 4 de maio de 2009

Koniec II - R.I.P. Vasco Granja

A Pantera Cor de Rosa ficou orfã. Morreu Vasco Granja.

Vasco Granja Este senhor é figura incontornável da história dos nados na década de 70, o apresentador do único programa de animação que havia na televisão portuguesa era um tio mais velho cuja visita recebíamos ansiosamente em todas as manhãs de domingo. Ele trazia-nos os desenhos animados que tanto nos satisfaziam e o genérico do programa era um catalisador de emoções para as crianças da altura.

Apesar de ser uma figura do mundo infantil, Vasco Granja não foi propriamente uma personagem de desenho animado. Assumidamente comunista, Vasco Granja foi preso por financiar o Partido Comunista através do dinheiro dos bilhetes de cinema dos filmes que eram exibidos nas salas lisboetas que o próprio Granja alugava. Posteriormente, a sua ligação ao movimento comunista dos cineclubes foi o pretexto para nova detenção e prisão em Peniche onde foi submetido à tortura do sono pela PIDE.

Contudo a imagem de Vasco Granja é a do homem ligado ao cinema de animação do qual foi pioneiro em Portugal, criando cursos e iniciando o programa televisivo "Animação" que durou mais de 16 anos. Os filmes eram fundamentalmente da Europa de Leste, naturalmente devido às suas convicções políticas mas também porque o apresentador considerava que havia uma mensagem de paz presente nesses filmes.

Vasco Granja não foi um homem consensual na sua preenchida vida masa pantera cor de rosa a imagem do senhor magro e careca, primeiro a preto e branco sem óculos, depois a cores com óculos de massa mas sempre com aquele único timbre de voz terna, que nos explicava os enredos mais estranhos desenhados por nomes impronunciáveis, ficará para sempre gravado na memória das crianças da minha geração, a "Geração Vasco Granja". Um pouco do que todos nós somos hoje se deve muito a ele.

Fique em paz, sr. Vasco, e obrigado pela sua dedicação aos mais novos.

2 comentários:

Gonçalo Franco disse...

de facto... bebamos um shot em nome do Sr. Granja!
Um abraço e até sempre.

José Guimarães disse...

A ler, com saudades, um excerto de um outro blog amigo:

"... Vasco Granja não deixou um legado. Deixou foi um rancho de afilhados que são os homens de hoje..."

http://elmariachidiaz.blogspot.com/2009/05/foi-ha-coisa-de-uns-78-anos-que-singela.html