sexta-feira, 8 de maio de 2009

Postais da Polónia - 9

A Cidade Velha de Varsóvia é uma das mais importantes atrações turísticas da cidade e provavelmente o núcleo da identidade de Varsóvia. Aqui se sente melhor como era a Cidade Capital antes da Guerra Mundial e da ocupação soviética, temos uma perspetiva mais definida do viver varsoviano e sentimo-nos levados para tempos mais longínquos. A Cidade Velha é ponto inevitável de visita em Varsóvia.


A Cidade Velha, carinhosamente apelidada pelos varsovianos de Starówka - Velhinha, é Património Mundial da Unesco desde 1980. O Centro Histórico da capital da Polónia foi praticamente arrasado pelas tropas nazis durante o Levantamento de Agosto de 1944 e foi uma empreitada de reconstrução entabulada pelo regime soviético do pós-guerra. Muitos braços de trabalho foram trazidos de toda a Polónia para trabalharem na recuperação de Varsóvia e igualmente no seu Centro Histórico, derivando dessa situação a reputação que as pessoas que habitam em Varsóvia carregam, o de não gostarem de Varsóvia e de viverem na capital apenas pelo dinheiro.


De facto pouca gente é natural de Varsóvia, o que se compreende se olharmos para as enciclopédias e percebermos que há pouco mais de 60 anos 85% da cidade tinha sido apagada bem com a sua respetiva identidade. As pessoas que reabitaram a Cidade Capital foram essencialmente aldeãos, gente com poucas habilitações e educação que foi engajada para trabalhar na reconstrução dos edifícios destruídos pela 2ª Grande Guerra e que contribuiu para a dito perjurativo com que a Polónia se refere a Varsóvia: "Moras em Varsóvia? Ah, essa aldeia..."

 
A Cidade Velha é mesmo um monumento por si, um fantástico trabalho gif de restauro duma zona perfeitamente arrasada e que retrata fielmente a aparência do coração de Varsóvia antes do Holocausto. O castelo real e a estátua do rei Sigismundo III (venerado pelos varsovianos por ter transferido a capital de Cracóvia para Varsóvia e ficar mais perto da sua Suécia natal), a catedral de S. João, as muralhas e o barbacã, o monumento ao Pequeno Insurgente que homenageia as crianças e jovens tombados durante o Levantamento, o monumento ao grande guerreiro Jan Kiliński e respectiva lenda (a espada em riste significa que a Polónia está protegida, portanto, livre de guerra. A espada em baixo significa tempo de conflito ou o fim do mundo) são umas dos vários motivos de interesse que fazem da Starówka um local obrigatório de paragem para quem quer conhecer Varsóvia e a Polónia. É também um dos meus locais preferidos de passeio na cidade, recomendo vivamente

7 comentários:

João Tavares disse...

Por acaso tive a oportunidade de visitar Varsóvia e de conhecer a zona mais velha da cidade, fiquei sem palavras... e não compreendi o porquê de falarem tão mal da capital polaca, coisa que achei sem pés nem cabeça...Mas são opiniões...

É verdade que eu conheço mais Cracóvia e ainda mais Zakopane, mas gostei do Ambiente Histórico da parte velha da cidade :) a minha visita foi relativamente curta, não tive o tempo necessário para conhecer completamente mas para isso vou ter tempo no futuro e nas próximas visitas á Polónia que se tudo correr bem serão no Natal :D

mvs disse...

Bem, não exageremos, em Varsóvia não eram só aldeões! Conheço várias famílias que viviam cá nessa altura e permaneceram, ou então que vieram para cá no fim da guerra (estudar e tal) e não eram nada de baixa educação ou com poucas habilitações. Imagino que também houvesse disso, claro, como em toda a parte, mas não acredito que fosse a maioria.

Ricardo disse...

Por lá andei e gostei, ainda para mais sabendo que tudo aquilo foram ruínas e cinzas.
Preços de bebidas e restaurantes na média europeia.

PM Misha disse...

mvs,
acabas por concordar com o que eu escrevi: "pouca gente é de varsóvia" não quer dizer "nenhuma gente é de varsóvia". e se passares pela empik perto da rotunda da palmeira verás a inscrição que valida a minha ideia de que quem reconstruiu (no sentido fisiológico, com força braçal, do termo) a capital foram aldeões e gente do campo.

joão,
varsóvia é assim. ou amas ou odeias. não há meio-termo.

Gonçalo Franco disse...

Passo constantemente pela "rotunda da Palmeira" porque embora eu seja um "delinquente" que vive do outro lado do rio, vivo muito perto do Rondo de Gaula. Aliás, se ainda não desenvolveste esse tema, ora aí está uma ideia engraçada. Há um mito de que o "lado de lá" de Varsóvia é muito perigoso e feio. E praga, que é provavelmente onde estão os edifícios mais bonitos que sobreviveram ao bombardeamento, estará cheio de criminosos... Bom, eu vivo "na outra banda" e não raras vezes as pessoas se espantam de onde eu vivo ser tão calma, tão perto do centro, porque há aquela ideia de imensa distancia, e de ser tão acolhedor. :)

Gonçalo Franco disse...

De referir, também, que de facto os polacos de um modo geral detestam Varsóvia... Existe um pouco em todos os países, o não gostar da capital... mas a falta de respeito que há é incompreensível. É uma cidade que resistiu como nenhuma durante a segunda guerra mundial e é uma cidade de gente que trabalha... e isso é admirável. O mais engraçado é já ter visto gente que faz troça de Varsóvia e depois vem cá parar... é inevitável.

Anónimo disse...

é um dos meus locais preferidos em Varsóvia! Que saudades!
um beijo Nuno