Não há melhor estação do ano que o Verão, apesar de alguns polacos preferirem o Inverno. Eles dizem que no Verão não podem esquiar, faz muito calor e ficam desconfortáveis na cidade. Percebo-os porque não havendo uma praia por perto torna-se difícil aguentar os 30º que Varsóvia tem proporcionado aos seus habitantes. Eu sou um tipo habituado ao tempo quente mas não me sinto muito à vontade com este calor seco, acrescido de falta da fugas possíveis pois os parques de sombras frescas e os muitos laguinhos que a cidade tem não são comparáveis às tardes de praia passadas a cervejar à do Fava, com o mar logo ali para molhar os artelhos sempre que a temperatura o justifique. Mas, como os tempos são outros, tenho procurado limpar essa nostalgia da idéia e tentar gozar o Verão à polaca.
Um passeio pela reconvertida Cidade Velha levou-me a uma Varsóvia desconhecida e muito bonita. Uma das ruas que sai do Largo do Castelo, a Krakowskie Przedmieście, foi condicionada ao trânsito ao fim de meses em obras transformando-se numa montra de história polaca. O Palácio Presidencial, os monumentos a Adam Mickiewicz - o Camões polaco - e Copérnico, a Universidade de Varsóvia, O Bristol - hotel mais luxuoso da Capital -, a Igreja da Santa Cruz* e muitos outros edifícios cheios de simbolismo estão agora de cara lavada e sorriem aos transeuntes com orgulho na sua renovada rua. Exposições fotográficas ensinam a Polónia rural dos anos 20, violinistas tocam por prazer (um músico recusou esmola alegando estar a tocar por pura alegria), namorados consultam mapas e apontam para o seu futuro com o Wisła como testemunha.
Devoro esta História com a fome própria de quem está cá há 8 meses sem saber quase nada da cidade devido à hibernação típica dum algarvio no Inverno. A cidade está colorida, quentinha, convidativa e assim já tenho vontade de por a cabeça fora da caverna para ir espreitando os encantos da "Paris do Leste".
A delícia que foi ver um atarefado vendedor de apetitosas frutas a tentar dar vazão à sua freguesia (a inclemência da ASAE não chega aqui, felizmente) fez-me pensar que, se calhar, esta cidade é substituída no Inverno por outra que não tem nada de parecido.
Fica mais tempo, sol! Não tenhas pressa de sair daqui...
* Chopin pediu no seu testamente que, após a sua morte, o seu coração fosse levado para a sua Polónia natal. Rezam as crónicas que o mesmo está emparedado num dos pilares desta igreja.
3 comentários:
Se a ASAE fosse ao estádio que está perto da embaixada de Portugal ou à Warszawa Centralna, tinham que mobilizar o exército para se protegerem.
rui: se a ASAE viésse à Polónia... fechava o País! q;)
hmmmmmmmm
nice pic:))))
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