segunda-feira, 7 de julho de 2008

Moro... num país tropical

Fechem os olhos e imaginem.

Imaginem um lugar onde a temperatura é quente ao ponto do suor colar a roupa ao corpo. Sentem-se numa esplanada soalheira e peçam uma cerveja geladinha, ignorem a inexistência de tremoços. Desabotoem os 3 primeiros botões da camisa mais os dos punhos, arregacem as mangas, puxem a fralda para fora das calças, ajeitem os óculos escuros e aceitem os raios solares que encharcam a cidade. Contemplem a incomparável fauna que passeia-se de trajes menores a curta distância e gozem o espectáculo das coreografias femininas que cortejam constantemente os machos expectantes e preguiçosos, numa manobra eterna de sedução / recusa que imita o jogo do gato-e-rato. Sacudam a gola da camisa num ar desinteressado e olhem noutra direcção enquanto saboreiam mais um golo de cerveja, já a pensar na próxima imperial ou no próximo bar a visitar. Espreguicem-se como agradecimento pela generosidade do sol e bocejem de desdém ao burburinho urbano que vos cerca. Vejam as horas e sorriam de sacanice ao ver que ainda falta meia-hora para o regresso ao trabalho.

Ouçam um trovão ao longe. Olhem para o céu por cima das lentes e estranhem a rapidez com que o céu se fez negro. Ouçam um trovão mais perto. Pensem rapidamente em abrigarem-se antes que... Tarde demais, cai-vos um dilúvio em cima.

Fujam a sete pés das poças armadilhadas que se formam na berma das ruas e por onde rodam pneus maldosos despejando água suja por cima dos peões. Desviem-se dos sinuosos pilares dos passeios e procurem não se espalhar nas curvas, praguejando e maldizendo a vossa sorte enquanto ficam ensopados. Cheguem ao trabalho num pingo e sejam motivo de risota de toda a gente.

Olhem pela janela e vejam o sol a rir-se da vossa figura. Ranjam os dentes de raiva enquanto ele seca as ruas e devolve as pessoas às esplanadas. Amaldiçoem o lindo céu azul que rapidamente substituiu a tempestade. Trabalhem molhados pela chuva e pelo suor que reaparece devido ao tal calor húmido que cola a roupa ao corpo. Acabem o dia bafientos, fedendo a mofo, num metropolitano peganhento.

Fortaleza? Punta Caña? Bali? Sharm el-Cheik? Não, apenas Varsóvia num qualquer dia de Verão.

ps - Desforrei-me. Comprei um casal de postas de bacalhau, cozi-as com batatinha e ovo, juntei-lhe umas verduras para dar saúde e fazer crescer, alaguei o prato em azeite enquanto a Iza temperava as batatas com manteiga (!) e consolei-me com a peixada. Agora, com a vossa licença, vou arrotar para o sofá q;)

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