quinta-feira, 15 de maio de 2008

Montanhas Polacas - Parte II

Fui remoendo a azia potenciada pelas péssimas estradas que finalmente levaram-nos ao nosso destino. Como se as dificuldades não bastássem, o GPS não está actualizado e as estradas e montanha na Polónia, como em todo o lado, são estreitinhas. Caminhitos que passam despercebidos aos satélites que vigiam e reportam a jornada destas 5 almas quase (de)penadas. Foi a duras penas e depois de muito penar que chegámos à pousada reservada em Ząb. As primeiras impressões foram de pouco caso pois o cansaço e o adiantado da hora não permitiram grandes análises, tempo houve apenas para enfeirar um par de latas de cerveja na loja de serviço à pousada (aberta 24h/dia!) e cair duro na cama para tentar esquecer a desgraça do dia anterior.
A manhã seguinte trouxe uma surpresa agradável para mim. Como animal da praia que sou, paisagens de montanha nunca foram a minha especialidade daí que tenha ficado admirado com a grandeza da vista que tinha diante de mim. Montes altos cobertos de nuvens, vales verdes profundos em cujas encostas pastavam tranquilamente cabras e ovelhas, chalés típicos de montanha que apenas havia visto em catálogos de viagens ou filmes. Uma envolvência absolutamente diferente da que estou habituado. Não resisti ao apelo da Natureza e meti-me vale abaixo com uma latinha de cerveja numa mão e a câmara de video na outra para registar aquela paisagem de outro mundo. Regressei a tiritar de frio pois o clima de altitude é coisa para que não tenho defesas, o orvalho matinal gelou a ervinha em que pisava e o pulmão ressentiu-se de 7 meses de inactividade.


Após um potente pequeno-almoço subimos mais um pouco até à Gubałówka, montanha com 1123 m de altitude. Parámos para gozar a vista sobre as cidades de Nowy Targ e Zakopane, terrinhas no sopé da cordilheira Tatry que podemos ver na foto acima. Andámos aos encontrões numa espécie de trenó que desliza colina abaixo fazendo lembrar escorregas aquáticos e descemos para Zakopane num teleférico aberto depois de ter gamado uma caneca de chocolate quente só pelo puro prazer de dar uma banhada q;) Estas actividades prolongaram-se pela manhã inteira até às 15:00h. Terei andado certamente 10 km entre o estacionamento e a aldeia de bares, restaurantes e casas de artigos típicos da montanha que se instalou no cume da Gubałówka. Começava a maçar-me de tanto andar.

A fome já apertava mas da estação do teleférico até à cidade ainda tínhamos 5 km de caminhada para fazer. Ao chegarmos a Zakopane já eram quase 16:00, eu estava capaz de comer um alce da fome que tinha e acelerei o passo quando disseram-me que a rua do comércio ficava a seguir ao viaduto que nos cobria. Virei ansiosamente à direita na esperança de encontrar uma rua de esplanadas e restaurantes e encontrei... o mercado de Bombaim!

Centenas, talvez milhares de pequenas bancas de tudo e mais alguma coisa oferecem um leque variado de artigos, desde pantufas em pele a queijos montanheses como os que estão expostos na foto à esquerda. Uma feira organizada para receber as 250.000 pessoas que passaram os feriados de Maio numa cidade em que moram apenas 25.000. É obra.

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