segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Queres o quê?!

De uma maneira ou de outra tenho conseguido arranjar substituição para muitas coisas que não existem neste país, fundamentalmente na alimentação.. Por exemplo: Na Polónia não há...

- Carne grelhada (entremeada, costeleta, febras); os polacos não têm esse hábito mas têm outras especialidades que são igualmente saborosas e satisfazem o meu paladar.
- Marisco barato; os camarões são pornograficamente caros e das santolas nem se fala. Sapateiras nunca as vi. Prometo nunca mais falar mal dos preços do Amador.
- Batatas fritas com sabor a presunto; mas existe com sabor a frango assado e são muito boas!
- Bolas de Berlim da fábrica; encontrei algumas com recheio de maçã, dá para desenrascar.
- Sporting; deve ser karma porque o clube de Varsóvia, o Legia, vai em 3º lugar a alguns 8 pontos do líder... clube da 2ª cidade do país. Dejá-vu descarado.

Mas as primeiras negas vieram dum local que, julgava eu, estaria mais sujeito a influências do exterior. A farmácia.
Eu trabalhei 15 anos em farmácia o que permite-te ter algumas noções dos procedimentos a tomar com as gripes e constipações que atravessam transversalmente a Europa nesta estação. O bom do meu sogro está atacadíssimo da garganta, catarro persistente, espirra de seguida, febrícula na casa dos 37,5 / 38º e com dificuldade em engolir. Perante o quadro e a medicação que ele estava a tomar (aspirinas e lixo do mesmo calibre) resolvi dar um pulo à farmácia mais próxima para pedir a minha fórmula infalível - a dra. Isabel vai desculpar a minha opção - azitromicina a 500mg. Só que...

- Não existe? Você tem certeza? Isso é produzido em dezenas de laboratórios, como não existe?
- Eu sei o que o senhor pretende mas esse produto não existe na Polónia.
- Epa, mas são inclusivamente laboratórios alemães que produzem e vendem a substância... Não existe em apresentação nenhuma?
- Lamento mas não existe. Só na Alemanha mesmo.
- Moss, agora vou eu daqui à Alemanha por uma caixa de comprimidos?

Neste ponto percebi que não valia a pena insistir e lembrei-me que precisava dum tubo de Halibut, pomada vulgar e ancestral que dá-me bom resultado quando aparece uma borbulha malina.

- Halibut também não existe.
- Ai o camano... Pronto, uma pomada qualquer com Vit. A e que tenha zinco, vá.
- Não existem pomadas assim, só em spray.
- Spray? Vou pulverizar a testa e andar escorrendo produto por causa duma borbulha? Não tem nenhuma pomada anti-séptica do mesmo tipo?
- Não existe, lamento.

Isto não se deveu a dificuldades na tradução pois a interlocutora foi a Iza. Não existe, não há. vai ao Totta, bate a asa, gira, andor!

Juntando a este episódio o facto de também não existir a gama que uso para o barbear e para os cuidados diários do rosto (culpa da Ana, ela é que habituou-me mal) prevejo que vou deixar crescer a barba à talibã, o que até dá jeito para combater o frio. E espero não adoecer na Polónia porque provavelmente a solução para o meu problema... não existe.

1 comentário:

Anónimo disse...

O melhor é dizeres o que há porque assim o pessoal avia com mais eficácia. Usos e costumes diferentes resultam em conteúdos de consumo diferentes