terça-feira, 13 de novembro de 2007

Cai neve em Nova Iorque, faz sol no meu país...


Há poucas mas substanciais diferenças entre os silesianos e as pessoas de Varsóvia e isso é mais visível no seu comportamento na rua.

Já não arrisco levar o carro para a Baixa da cidade e perder 2 horas para percorrer 5 ou 6 km. o metropolitano é o meio mais práctico de chegar ao centro, sem filas nem arruaças para estacionar. Mas não passo sem levar uma sova até poder respirar nas carruagens pois assim que se ouve o ruído do comboio aproximando-se da estação começa a luta por um lugar na frente do pelotão que apresta-se a invadir o dito comboio. Os passageiros que saem mal conseguem fazê-lo tão forte é a vaga de gente que os empurra de volta para dentro da carruagem e para sair-se a tempo na estação desejada é conveniente ganhar posição logo na paragem anterior.

Na Silésia isso não acontece porque não têm metropolitano, em primeiro lugar, mas também não acontece nos autocarros que apanhei porque as pessoas são mais simpáticas e prestáveis. Percebo agora porque disseram-me em Katowice que "ninguém gosta de Varsóvia, nem mesmo os varsovianos". Porém não é a cidade que faz as pessoas, bem pelo contrário, e Varsóvia é uma cidade demasiado bonita para ser classificada negativamente só porque os seus habitantes não têm nenhuma educação cívica.

Hoje tive de andar em monte, penso que calcorrei mais de 10 km para chegar a diversos pontos do centro de Varsóvia. O meu conceito de "longe e perto" começa a modificar-se desde que vim morar para cá, as distâncias medem-se em horas e minutos em vez de metros e quilómetros. As ruas de Varsóvia são como as avenidas algarvias, as avenidas de Varsóvia são como a EN125. Tudo é relativamente perto mas nada é perto o suficiente para poder-se andar até lá, cada vez mais agradeço por ter o Metro a 2 minutos de casa.

Não ficaria muito chateado se tivésse apenas de ter andado dum lado para o outro porque descobri muitas curiosidades interessantes na cidade, como um instituto polaco-nipónico de estudos sobre computação e informática patrocinado quase inteiramente pelo Governo de Tóquio. Ou duas Câmaras de Comércio e Cultura da Hungria e da Eslováquia que procurarei analisar com mais tempo proximamente.

O que me marafou foi ter de levar com neve no focinho o tempo todo! É preferível neve a chuva porque a neve sacode-se enquanto a chuva ensopa uma pessoa, mas levar com neve pela fronha é terrível. O vento trazia-a de tal forma que batia-me na vista impedindo-me de olhar em frente e fez-me abortar os planos que tinha para a tarde.

Como se não bastásse o facto de ter conduzido desde Tychy a Varsóvia (320km) a 90 km/h sempre a nevar, agora não posso sair à rua sem ficar carregado dessa caspa molhada! Um gajo põe o gel maravilha de manhã para destacar o traço latino e ao princípio da tarde tem a gorra feita em merraça, tudo pastoso nem assunto nenhum, com o cabelo cheio de nhanha. Cá está que os polacos têm o cabelo cortado a pente 1, sempre têm razão.

Outra coisa que reparei é que a minha alcunha old-school não é muito apreciada por aqui. Os soviéticos não têm grande cartel por cá, como não têm os russos. Os ucranianos ainda são tolerados por serem mais humildes e trabalhadores mas este vosso escriba será conhecido unicamente como Misha ou Nuno, não quero aparecer a boiar no Wisła um dia destes. Dasse!

E Faro com 22ºC. Fai camano...

2 comentários:

Anónimo disse...

á pois é.......... ainda no fds fui á praia, estava um dia daqueles de Agosto, praia cheia e a agua um caldo, ganhei coragem e arrisquei um banho suave nas aguas retemperadoras do atlantico, que bem me soube e de repente lembrei me, que raio faz o misha a apanhar caspa molhada na cabeça com um tempo destes ??? !!!!!!!!!
Abraço amigo,
Renato

Anónimo disse...

Oi Misha!
Descobri o teu blog há uns tempos pois vou para a Polónia e gostaria de andar a ver o que é viver por aí visto por nossos compatriotas. Poderei dizer que sou Algarvio por parte do meu pai mas a essa bonita região só passei férias. Morei 21 anos no Alentejo... Estás a ver!!! O que aconselhas a um candidato a uma deslocação por esse país.
Vou para a Silésia precisamente uma região que fiquei a gostar imenso... Quanto ao frio e à neve... pois é melhor ir-me preparando.
Fica bem
Um abraço
José