A internet é um bem indispensável nos dias de hoje, acho que está para a civilização moderna como os cavalos estiveram para a Idade Média, e cada lar tem internet tão naturalmente como tem televisão na sala ou como tem janelas no quarto. Para alguns, nos quais eu me incluo, a Rede é uma coisa quase tão essencial como ter uma cama onde dormir ou ter pão em cima da mesa - aliás, eu passo melhor sem pão do que sem net. O facto de ser emigrante talvez aumente a necessidade de estar ligado seja para comunicar com amigos e família, seja para saber novas da minha terra. Recordo com orgulho que uma das primeiras ações após a minha (chamemos-lhe assim) emancipação em Varsóvia foi ligar para uma operadora e agendar a instalação do serviço na minha nova casa, trabalho feito como se fosse um trapezista sem rede mas que resultou numa rápida ligação ao mundo em qualquer ponto do apartamento, pacote regateado com bravas e imperturbáveis negas às sucessivas tentativas de impingir mais uns mil-réis de serviço escusado como rede fixa ou canais polaco por cabo, coisa desnecessária porque recebo o sinal português de televisão por satélite. Pode parecer coisa de somenos mas negociar um contrato com a Aster só com oito meses de língua polaca não é pêra doce.
A internet funciona bem e não me posso queixar embora já tenha tido conhecimento de melhores serviços a preços mais meiguinhos, empreitada que em breve delegarei à minha legitima uma vez que ela domina o linguajar melhor do que eu. Todos os meses pago o dízimo para que não se corte o elo com o mundo e ao fim de mais um mês eis que outra fatura aparece depositada a caixa de correio do prédio, o envelope azul com a importância devida, panfletos de promoções, um bloco de apontamentos A5 para organizar as contas da casa e uma enigmática placa metálica sem propósito, anónima, colada ao envelope e que invariavelmente vai parar ao lixo. Passei tempos e tempos procurando uma utilidade para aquele apêndice, tentando encontrar lógicas e fundamentos mas esbarrava constantemente na total ausência de jeito e trambelho duma chapa de aço a acompanhar um maço de faturas. Foi quando alguém pôs fim à minha crise existencial e contou-me a lógica do preceito, tão estranha como plausível, uma espécie de Ovo de Colombo polaco:
- É para as cartas ficarem mais pesadas, assim as empresas pagam menos pelo envio postal.
Pareceu-me uma justificação um bocadinho contraditória, mandar mais peso pelo correio sai mais barato?, mas engoli a história porque já não é a primeira vez que ouço coisas estapafúrdias como explicação para as minhas dúvidas ficando com o porém de ainda não perceber um pormenor: O metal que depois vai para o lixo, não sairá mais caro ao planeta no futuro?
1 comentário:
Mas como é q mais pesado foca mais barato? Puxo pela cabeça e não vejo qualquer nexo nisso. Diz lá ai a solução, sff.
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