sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Reflexão em tempo de hibernação

Agora que estou em período de hibernação e que pouco há a contar sobre as minhas aventuras na Polónia, apetece deitar refastelado no sofá, servir-se duma Amarguinha, ligar o televisor e “ouver” o que se passa no meu país. E o que me traz a televisão desde Portugal?

  • Um romance de faca e alguidar em tons de cor-de-rosa e vermelho-sangue para entreter as donas-de-casa. Tudo o que se puder dizer sobre este tema é especulação e mais um caso em que pouco transpirará de verdade para a opinião pública. Nunca se irão conhecer os gestos que se deram naquele quarto da mesma forma que possivelmente nunca se saberá o que aconteceu à Maddie ou no avião que se despenhou em Camarate, apesar de termos evidências claras em todos os casos;
  • O inefável Ricardo Rodrigues, cujo nome só escrevo com letra maiúscula por respeito às regras gramaticais, apareceu num canal televisivo a dar palpites sobre as eleições presidenciais. O douto ladrão Rodrigues que gamou os instrumentos de trabalho de jornalistas que ousaram fazer-lhe perguntas incómodas mostrou-se publicamente de ar sereno e credível protegido pela grossa capa de impunidade legitimada por um povo sossegado e ceguinho que perdoa a pouca-vergonha dos seus governantes desde que o clube ganhe ao domingo e que “o meu” chegue no fim do mês;
  • O Presidente da República em exercício que não consegue explicar a quem comprou, a quem vendeu nem onde teve uma quantidade de papéis que para muito bom português representa 10 anos de trabalho. Fala de empresas estrangeiras de nomes esquisitos como se os portugueses fossem todos diminuídos mentais, tem vizinhanças menos recomendáveis que os irmãos Dalton, rege um país em que se apresentam registos das pessoas dizendo que coagiram, corromperam, forjaram e falsificaram mas onde esses mesmos registos não valem, não fazem fé, não são tidos como bons porque foram obtidas num dia de chuva ou porque as pilhas não eram da marca que tinha ganho o concurso de adjudicação;
  • As PMEs a fecharem, os centros de saúde a fecharem, as escolas a fecharem, as fábricas de têxteis e calçado a fecharem, os alunos a terem de devolver propinas e o Governo a entrar com milhões para salvar bancos que desbarataram o capital dos seus clientes em obras de arte, terrenos no estrangeiro, vivendas principescas e toda a espécie de ladroagem de colarinho branco que haja nos compêndios;
  • O combustível cada vez mais caro, as gasolineiras com cada vez mais lucros e as bombas de gasolina junto da fronteira cada vez mais vazias.

Por isso ontem fui ver um apartamento aqui em Varsóvia, um T2 em completa remodelação para dar aquele saltinho qualitativo. Já que Portugal me convida cada vez mais a ir ficando por cá uns tempos valentes ao menos que seja com conforto e num espaço a que chame meu.

2 comentários:

Rita disse...

idem idem aspas aspas.... nao me arrependo mas penso muito no caso... :)

Geraldo Geraldes disse...

verdade, verdade,verdade, infelizmente verdade e infelizmente verdade. é, o sinal televisivo não deturpou a mensagem desde Portugal até à Polónia. O pântano por Portugal é cada vez maior :(