Este é o simpático nome duma disciplina que faz parte do currículo escolar do ensino secundário na Polónia fazendo-se tradução em português como Noções de Defesa. Estas aulas consistem em conteúdos de defesa civil, como reagir em diferentes tipos de ameaça (ataque aéreo, invasão inimiga), casos de catástrofe natural e primeiros socorros entre outros temas. Ao ouvir falar deste assunto pela primeira vez pensei que estivessem a gozar comigo pois achei que matéria desta só devia figurar nos sistemas de ensino de regimes fundamentalistas islâmicos ou nas escolas israelitas, mas não. É na Europa contemporânea, é na Polónia que crianças e adolescentes estudam esta disciplina na escola.
A Gosia, minha flatmate, contou-me que aprendeu a diferenciar as diversas cores que simbolizam os estados de alerta e a interpretar os alarmes sonoros, o que significa uma sirene constante e uma sirene alternada. Também me falou de aulas sobre os diferentes tipos de armas e de lições práticas de tiro, das conferências sobre Direito Internacional que ela teve de assistir e das noções de topografia e como manusear uma máscara anti-gás em caso de ataque químico. Estou a falar duma rapariga que é o exemplo acabado da delicadeza e beleza polaca, uma mulher docemente feminina que se assusta sempre que tem de carregar numa tecla do telecomando para mudar de canal, a última pessoa no mundo que imaginava empunhar um revólver.
Confirmei com outras pessoas que esta disciplina conta efetivamente na ementa escolar bem como a de Noções de Vida em Família que se debruça sobre a vida do casal e dá importantes informações para a vida adulta como o uso de contracetivos, educação sexual e educação cívica.
Se em relação à primeira disciplina os comentários que poderei fazer são de espanto perante a total inexistência desse tipo informações nas escolas portuguesas – na verdade nunca de tal precisámos mas vamos precisando de Noções de Defesa Contra Pedófilos, Corruptos, Ladrões, Políticos e Toda a Canalha Que Corrói Portugal e Continua Impune – compreendendo porém a necessidade de tal disciplina existir devido ao contexto sócio-político da Polónia, a segunda cadeira já me inspira um sorriso irónico por constatar que na Polónia, um país teoricamente menos desenvolvido que Portugal, já se ensinam os adolescentes a usarem preservativos e a tomarem a pílula há décadas, já se ensinam as crianças como se defenderem há anos, já se preparam os seus cidadãos para as ameaças externas há tempos.
Em Portugal? Enrabam-se crianças, clama-se candidamente inocência e indignam-se quando são provados factos. Mas caga nisso, o “glórias” foi campeão…
4 comentários:
No link das noções em família, gosto da parte em que se fala das razões para ter medo da intimidade (acho que era isso), como por exemplo:
- porque tenho comportamentos desviados
- porque sou pedófilo
- porque sou adicto em sexo
- porque vivo em concubinato
- porque sou uma princesa
É sempre bom por todas as possibilidades em cima da mesa :) :)
meu,
daqui a 1 semana vou passar a viver em "concubinato"... q:/
tem mal?
Para mim viver em concubinato tem tanto mal como ser adicto em sexo :).
Assim que tenha mais tempo, vou ler aquilo com atenção :)
q:)
será que o querer viver em concubinato é consierado comportamento desviado?
a propósito do viver em concubinato, a minha maria disse-me que, após ter comunicado à família (tradicionalista) que ia mudar-se para a minha casa, o pai reagiu com um "tenho de falar com ele". prestei-me a essa conversa alertando para as muitas coisas que poderão ficar perdidas no ar devido ao meu polaco. Ela respondeu que já sabia o que ele (pai) ia perguntar, seria algo como "a co dalej?"
aí respirei fundo e disse "ah, mas a isso sei responder. idziemy do pracy."
eles agora que interpretem como quiserem...
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