segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Niedziela

Bloki O sol penetra pela cortina e levanta-me as pestanas ainda pesadas da preguiça causada pela noite anterior, não tenho vontade de acordar mas o próprio organismo já mostra sinais de satisfação pelas horas dormidas. Num primeiro instante calculo que sejam apenas 8:30 da manhã, terei madrugado sem necessidade nenhuma, e pego no telemóvel para conferir o meu palpite. Errei, dormi dez horas e já passa do meio-dia e meia hora. Estranho a ausência de companhia ao lado esquerdo porque tenho a certeza que havia lá alguém durante a noite, Espreguiço-me e começa o dilema de levantar-me ou não, a cama está boa mas o dia já vai alto e tenho de fazer alguma coisa para comer, uma guerra sem quartel entre o malandro e o faminto, cada qual com argumentos difíceis de contrariar.

O malandro vai levando a melhor quando ouço o domofon cochichar a chegada de alguém que conhece o código de entrada, prova que as minhas desconfianças eram fundadas e estava mesmo alguém do lado esquerdo da cama à noite. É ela quem chega com sacos de supermercado, radiosa como o sol matinal que convida a cidade a sair de casa, e que anuncia o pequeno-almoço porque temos de aproveitar os ovos cuja validade está prestes a expirar. Concordo sem resistência, ovinhos, meia baguete com manteiga e sumo de pêssego-uva parece uma excelente maneira de devolver saúde ao corpo. Após um formidável desjejum sento-me ao computador para conferir as últimas sugestões em termos de música de dança, propostas avançadas por dois ou três websites de referência que sempre consulto quando preciso de malhas novas que incendeiem as noites de Varsóvia. Sem pressas, ali deixo-me ficar até meio da tarde.

Depois um passeio ao outlet de Piaseczno, localidade a 7km a sul de Varsóvia – um dormitório – para espreitar o que terá chegado à loja da Soda, a minha marca preferida. As compras, pedaço fundamental da vida duma mulher, feitas em par acabam por ser mais divertidas e eficientes, não há problemas enquanto eu demoro na loja da Adidas porque a Mango é mesmo em frente. Com um casal de notas de zloty compra-se roupa da última tendência da moda, ficamos arranjadinhos e poupamos no orçamento porque lá em casa ninguém tem ajudas de custo nem subsídios nem contas pagas, a malta trabalha e pronto. Paga e cala.

Para rematar, um bacalhau com natas em casa de amigos e com amigos, uns mais recentes que outros mas em excelente atmosfera. Tal como me fizeram há quase três anos, passo o meu capital de experiência de vida nesta terra aos recém-chegados e tento junto com os meus amigos de cá desbloquear algumas situações e necessidades que aos desconhecedores parecem bichos de sete cabeças à primeira vista mas que são resolvidas graças à pureza da amizade que se cria e se alicerça a cada momento, a ajuda é grátis porque ao fim e ao cabo temos que ser uns para os outros. Curioso, reforçou-se o plantel de algarvios residentes em Varsóvia com a chegada da Ângela e pouco falta para fazermos a “Semana do Xarém” em Varsóvia!

Peladinha em Varsóvia Voltar a casa, fazer as malas e preparar mais um regresso a Faro, desta vez não tão satisfeito como das outras vezes (são burocracias que me levam a voar, não é o melhor motivo) contudo sempre satisfeito por voltar a ver os meus, por poder ver o mar em vez de bloki socialistas e finalmente por poder voltar a jogar futebol. Já sei que a pelada de segunda-feira foi transferida para o Liceu, chego mesmo a tempo. Guardem-me um colete!

Sem comentários: