Quanto à viagem de regresso diga-se que foi um cruzeiro permanente em autoestradas das quais talvez pouco haja a dizer mas que começou com um sinal interessante. Um Portaro, símbolo da vigorosa indústria automóvel portuguesa dos anos 70 e 80, passava por mim como um postal de boa-viagem. Recordo com mais receio o irregular troço da A-66 espanhola junto a Salamanca, quando passei o volante pela primeira vez depois de ter conduzido 700km desde Faro, e a assustadora A-8 que sai de Bilbao, contorna San Sebastian e acaba na fronteira com a França. Estes quase 120km fi-los eu ao volante porque já conheço a estrada desde a minha primeira viagem rodoviária entre Portugal e Polónia e sei que não é uma estrada fácil, tem muitas curvas apertadas devido aos acidentes naturais e à elevada densidade urbanística e muitos declives que exigem uma condução mais atenta e experiente. Não desfazendo as minhas ajudantes, a Ewa e as duas amigas que a acompanharam nestas férias de verão, a verdade é que eu era o único elemento dentro daquele carro que já tinha guiado um automóvel de mudanças automáticas. Além disso elas fizeram questão de não parar pelo caminho para descansarmos, fizemos a Espanha toda num tiro só e eu não queria arriscar um milímetro daquela estrada em mãos hesitantes. O lado positivo é que as estradas espanholas mantêm-nos despertos precisamente devido à sua sinuosidade, são grátis – o que representa uma vergonha tamanho da Ibéria para os governantes portugueses que queres despudoradamente roubar o contribuinte até à medula com a introdução de portagens nas SCUTs – até ao País Basco e têm áreas de serviço com (provavelmente) o combustível mais barato da Europa – outra vergonha para Portugal.
A França é chata, chata nas estradas como no futebol, como no idioma, nas pessoas, em tudo. Um país plano de estradas caras e gasóleo não menos caro. Engarrafamentos brutais nas zonas de Poitiers, Tours e Orléans que me fizeram anuir ao pedido das meninas para pararmos em Paris e visitar os locais da praxe: A Torre Eiffel, a Praça Trocadéro, o Arco do Triunfo e um lanche nos Campos Elíseos até descermos para o Rio Sena onde tínhamos estacionado. Daí outro esticão até à Bélgica, outro país chatinho mas que por ser curto não incomoda muito, fizeram-se rapidamente os 190km belgas ao largo de Mons e Liége e não se deu por isso quando entrámos na Alemanha.
Aqui sim, conduzir é um prazer porque as estradas devem ser as melhores da Europa e porque não há limites de velocidade exceto nas zonas assinaladas. Senti isso na pele porque levei com uma intensa luz vermelha na cara ao circular num desvio criado pelas obras na autoestrada cujo limite era 80km/h, lembro-me de ter olhado para o velocímetro e ter visto 84km/h, espero não ter nada à minha espera no correio nas férias de Natal :) Mas seguimos serenos e decididos passando por Colónia, Wuppertal, Hannover, Magdeburg, Berlim até vermos a placa com o nome da terra desejada, Matka Polska. Surpresa causada pela fabulosa A2 polaca que promete ligar a fronteira polaco-alemã com a da Bielorrúsia, um excelente percurso até perto de Varsóvia e a chegada a casa com uma imagem característica, a dos bazares urbanos tão típicos das cidades polacas. O final duma viagem extenuante mas que vale pelas mudanças de paisagens e cores a que vamos assistindo no percurso.
Da praia ao bazarek em 40 horas, 30 delas passadas ao volante, coisa que não vou repetir tão cedo porque já não tenho vida para passar tanto tempo amarrotado dentro dum automóvel. Agora é altura de voltar a abrir o Excel, lavar a roupa, preparar o saco do portátil e atirar-me a Varsóvia que deve ter preparado um menu especial para mim nesta época de outono-inverno. Sim, ou vocês julgam que o fim de agosto na Polónia é igual ao do Algarve?
3 comentários:
Concordo contigo em quase tudo mas os franceses é preciso conhece-los. Concordo que as estradas são muito caras mas são boas estradas tal como as Alemãs. Mau mesmo é na Polónia. As estradas são uma porcaria e atendimento a clientes é muito mau. Se achas que em França é mau o que direi eu do serviço dos Polacos!!!
Em França, no que respeita ao combustivel, só há uma coisa a fazer, sais da AE e vais á procura de um Auchan, Leclerc, Carrefour, etc.
A diferença chega a ser de 30cts.
Cumprimentos da terra das tulipas.
Esse PORTARO é do meu amigo Ramiro :) é um 260 Celta em excelentes condições!
Eu também sou proprietário de um PORTARO mas modelo 320 Campina ( pickup )
Obrigado pela foto!
Cumprimentos,
Miguel Martins
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