sábado, 19 de junho de 2010

José Saramago 1922 - 2010

José Saramago Só soube da notícia hoje e fiquei muito consternado com a morte de José Saramago, um homem que sempre admirei devido à sua irreverência e desassombro das suas opiniões. Para mim um homem é aquilo que faz e não aquilo que diz ser e José Saramago não se limitou a ser um escritor de excelência mas uma daquelas pessoas que não têm medo de ousar, talvez tenha sido essa ousadia que lhe cerceou o reconhecimento entre os seus. Os brandos costumes portugueses não gostam de personagens de moto próprio e cientes da sua grandeza por isso não gostaram de Saramago tal como não gostam de Mourinho, a corrente do nacional porreirismo nunca foi compatível com a falta de vocação de Saramago para os amens que o Portugal cristão gosta de dar para cumprir o azedo “Pátria, Deus e Família”, os desalinhados incomodam e há sempre um pequeno Sousa Lara perturbado a espingardar no que pode ir contra o dogma sem se aperceber que o devir da história se encarrega justamente de imortalizar estes vultos por muito que o boneco estrebuche ou que ralhe, como se pudesse comparar a dimensão de um Nobel com um comum mortal.

Não vou escrever nada para homenagear José Saramago porque isso seria o mesmo que compor uma música para prestar tributo a Mozart. Curvo-me apenas perante o Homem que engrandeceu a Língua Portuguesa como poucos, levou o nome de Portugal às sete partidas do Mundo e que nunca deixou de pensar pela sua própria cabeça. Isso é de poucos.

Mestre, obrigado por ter sido português.

7 comentários:

sergio disse...

O único nobel da lingua portuguesa. Até hoje me pergunto, como uma língua de 250 milhoes de pessoas tem apenas 1 nobel enquanto o polaco falado por 40 milhões tem 4 nobéis de literatura?

Carlos Ferreira disse...

Respeito a família, respeito o homem, respeito quem tinha uma ligação muito estreita com este pensador. Obviamente repudio aquilo que ele escrevia e tudo o que dizia acerca de Deus. Ele não respeitou quem crê em Deus e escreveu toneladas de coisas que sempre repudiei. Não seu da Igreja Católica mas acredito em Deus como repudio a mais das estúpidas posições que este homem tomou ao dizer que Deus tinha sido inventado pelo homem e nós escraviza-mo-nos a Ele. Completamente ridiculo. Deus deu-lhe a sua oportunidade. Preferiu ser "coerente até ao fim". Eu mesmo assim respeito-o. Gosto de leitura mas detesto romances. A certa altura passou a estar na moda ser contra Deus na minha sociedade. Passou a ser moda gostar desse escritor e muito mais. Tenho pena que ele não me respeitasse e continuasse a ser casmurro.
Os livros dele vão passar, a moda do escritor vai passar. Toda a humanidade passará... mas a Palavra de Deus jamais passará. Isso queiram vocês dizer o que querem porque as provas estão aí. A Inquisição quiz destruír a Palavra de Deus, os regimes apoiados pelo escritor quizeram destruir o só gente louca tenta... a existência e a Palavra de Deus. Mas sabem que mais? Ei-las ainda vivas e ninguém poderá prevalecer contra essa verdade. Muitos tentaram tiveram sucesso relativo mas todos eles passaram e só a Palavra de Deus ficou para narrar a história.
O escritor passou, desapareceu. A obra dele será recordada. Alguns vão ter o fartote de a estudar nas escolas. Mas essa obra não passa de um manual de tontarias escritas por um louco.
Deus ainda está bem vivo e para alguns que andam distraídos... Deus não dorme.

PM Misha disse...

carlos,
e eu, apesar de não concordar minimamente com nenhuma linha, respeito o que escreveste. afinal, todos nós lemos alguns exemplos de manuais de tontarias escritos por loucos. uns com melhor marketing que outros, não é?

Ryan disse...

E agora muitos alunos vão ter de estudar o que homem escreveu. O melhor mesmo é alistarem-se nos camaradas ou façam um partido em memória desse escritor.
O facto de não gostar do escritor não me dá lugar em lado nenhum a pertencer ao Nacional porreirismo. Tenho mais motivos para não estar de acordo com o governo do meu país do que ele teve em ir para Espanha. Porque não foi para Cuba, ou Coreia do Norte?
Essa tal ousadia pouco original de ir contra Deus, como se Ele le tivesse feito algum mal, para mim só mostrou aquilo que um tal regime tão odioso que ele e outros defenderam.
Acho que e preciso ser demasiado casmurro para defender regimes que trouxeram mas mal à humanidade do que Hitler aos Judeus. Sendo eu também totalmente contra esse outro louco.
Mas enfim tá por aí uma certa moda de ser contra isto e aquilo e muitas vezes nem sabem porque são contra. Deus não vos fez mal nenhum... mas isso só irão perceber mais tarde a vossa mente está demasiado cheia de camaradices para entender Deus.

PM Misha disse...

ryan,
não sou comunista portanto não é por ter a mente cheia de camaradices que não entendo deus. não entendo porque não consigo encontrar coerência nem razoabilidade no que foi convencionado e postulado como inquestionável, só isso.
se doravante tiverem de estudar o que saramago escreveu só fará bem aos leitores, ao menos podem ter uma versão contraditória, um segundo pensar. alternativas às histórias nunca fizeram mal a ninguém porque se toda a gente gostasse de sopa de beldroegas os produtores de abóbora iam à falência.
e também não sou estúpido para não te reconhecer razão em "Acho que e preciso ser demasiado casmurro para defender regimes que trouxeram mas mal à humanidade do que Hitler aos Judeus." o que escreveste é verdade, verdadinha, mas não é suficiente para eliminar a admiração que tenho por ele.
gosto de irreverentes, desculpa lá q;)

Ryan disse...

Eu gosto de irreverencia quando as pessoas sao originais.

Dylan disse...

José Saramago não era menos português por não pôr a bandeira à janela na véspera de um evento desportivo. Acima de tudo, a sua essência era ibérica. Convém dizer que só saiu de Portugal devido à ostracização de Sousa Lara, comprovada agora com o episódio político revisionista da não presença de Cavaco Silva no seu funeral. "Viagem a Portugal" é reflexo de amor e do encantamento que sentia pelo país, pela sua beleza e cultura, pela classe trabalhadora, espelhada na sua identidade, mesmo que isso significasse ir contra a ideologia do seu partido, contra a maioria religiosa, contra o politicamente correcto. Para o seu espírito inconformado, a morte é pouco relevante. Como diria Saramago, "o fim duma viagem é apenas o começo de outra".