quinta-feira, 24 de junho de 2010

El D10s

Muitas pessoas já me perguntaram qual é o meu palpite para a seleção que vai ganhar o Mundial provavelmente à espera que eu diga “Óbvio, Portugal!” Não é esse o caso, já aqui escrevi que concordo com Mourinho quando ele diz que “nem com Ronaldo a 1000 à hora”. O meu desejo é que Portugal ganhe mas a minha fé cai na Argentina e aqui eles ficam em choque:

- Argentina?! Não apoias o Brasil?

Pelusa Eu nasci em 1973 e por esse motivo a minha adolescência foi passada nos 80s, as minha primeiras recordações futebolísticas foram os golos do Jordão e do Manuel Fernandes, as defesas do Dasaev e as fintas do Maradona. Cresci a ver o Pelusa a mudar os conceitos de futebol, a dar uma nova dimensão à camisa 10 e tive o privilégio de ver Maradona jogar ao vivo em San Paolo na mítica tarde dos 100 dólares de Ivkovic. Nos anos 80 (ou em época alguma) não houve ninguém como Diego Armando, nenhum jogador cativava as atenções como ele. Lembro-me que passávamos as tardes a jogar à bola na Escola do Carmo e a certa altura alguém gritava para parar o jogo porque “ia dar a Argentina” e corríamos todos para casa da minha avó ou para outra casa próxima para ver El Diez fazer coisas diabólicas com a Adidas Azteca. O jogo da fase de grupos contra a Coreia do Sul, os quartos de final contra a Inglaterra onde Diego decidiu com a mão, qual coelho maroto pulando frente a um atónito Shilton, e com o , onde contornou com maestria metade da Velha Albion, a meia-final contra a Bélgica onde fez um golo de inigualável classe até dinamitar os antipáticos alemães numa final de sonho. Sim, ele enterrou-se na droga. Sim, ele foi um mau exemplo para os desportistas e para os jovens. Sim, ele deu-se com a Camorra napolitana. Mas Maradona é daquelas pessoas a quem tudo perdoamos devido aos fabulosos momentos de deleite e magia que nos proporcionou com a bola nos pés. Ver Maradona jogar futebol era como ver Jerry Lee Lewis a tocar rock 'n roll no piano, Picasso a pintar Guernica ou Shakespeare a escrever Hamlet. Pessoa também era alcoólico, Toulouse-Lautrec morreu de sífilis e nem por isso deixaram de ser grandes na sua arte.

Mas isso sou eu que sou um adepto do futebol romântico, dos 4-3 em vez do 1-0, que gosta mais dos jogadores que “mandam flores” do que os que “racham lenha”, que nunca vai preferir um Gattuso a um Del Piero. Também por isso não gosto do futebol musculado e demasiado rigoroso da Alemanha, não há ali pontinha de criatividade nem improviso. Parece uma máquina a jogar a diesel, sempre em velocidade de cruzeiro e a cumprir um plano destinado a aniquilar o adversário numEl Entrenador determinado momento e que marca golos com a frieza de quem dá um tiro na nuca dum inimigo. Tal como não vou muito à bola com o cinismo italiano, um futebol sem graça, defensivo e que espreita o erro adversário com inusitada eficácia. Gostei da Itália há quatro anos quando derrotaram os insuportáveis franceses, outro ódio de estimação, e nem vale a pena falar do pó que tenho aos espanhóis se bem que estes tenham a atenuante de jogar um futebol positivo, alegre e bonito, voltado para o golo e para o espetáculo.

Mas são espanhóis e tal como nenhum polaco quer a vitória alemã neste Mundial, eu também não desejo que a taça voe para Madrid porque a capital espanhola não é uma grande cidade no meu conceito. Uma cidade para ser digna do título tem de ter um rio tal como Londres tem o Tâmisa, Paris tem o Sena, Varsóvia tem o Vístula, Praga tem o Moldava, o Porto tem o Douro e Faro – ainda melhor! – tem uma Ria em vez dum Rio. Madrid? Chamar rio ao córrego que por lá passa é uma afronta aos rios que acima mencionei. Portanto, se a Taça do Mundo não puder ir para Lisboa como eu quero e desejo divulgo já o meu favorito. Que vá para o rio La Plata, para Buenos Aires, para a Argentina, para Maradona!

PS – Y se no les gusta, que la chupen! q:D

5 comentários:

Ryan disse...

Concordo perfeitamente contigo embora por razões diferentes. Eu vou mais pelo 10 que joga no Barcelona. Se ainda perco tempo com o futebol dos dias de hoje é por causa de certos jogadores que chegam à Catalunha e o Messi é um deles. Por outro lado os Argentinos têm uma equipa recheada de bons valores individuais. Apenas lhes alta um treinador. Maradona foi, quanto a mim, o último fora de série a nível mundial mas não é um treinador. Tem carisma que faz com que os jogadores o respeitem mas está longe de ser no banco o que era no relvado.
Messi é o melhor jogador da actualidade há que reconhece-lo. Joga e faz jogar.
Quanto a Portugal obviamente que é sempre a minha favorita a vencer a prova mas deixemos o coração e vamos pela razão. Não é pelos 7 contra a Coreia do Norte que somos bons de novo. Há factores que contribuiram para um excelente resultado final mas falta ainda mais. Se Portugal vencer peço desculpa a toda a gente pelas criticas que faço à nossa selecção e sobretudo ao Sr. Queirós.
Ainda quanto ao Brasil se tivessem o futebol brasileiro do Pelé (quanto a mim o melhor de todos os tempos), Garrincha e outros aí sim o Brasil seria a minha eleição.
Gosto de futebol espectaculo e não o de resultado (o tal do autocarro ou o do A340 à frente da baliza).
Gostaria de ver ganhar uma selecção qualquer dessas que ainda não ganhou nada (obviamente Portugal incluído). Este mundial tem sido fértil em surpresas porque não um outsider mas que jogue futebol e não anti-futebol ao estilo Italiano.

PM Misha disse...

ryan,
maradona nunca foi nem será treinador, pode é ser um catalisador de emoções e um agrupador, alguém que une em torno duma causa devido enorme respeito que inspira. basta pôr as peças certas nos lugares certos e aquela máquina funciona perfeitamente.
messi é enorme, um jogador tecnicamente extraordinário, que resolve e também jogador de equipa. o brasil estará na terceira posição em relação aos meus favoritos porque lhes falta "aquele" jogador em quem caem todos os olhos. não tem um romário, um rivaldo, um ronaldo (gordo ou gaúcho). kaká não tem carisma porque é demasiado "bom rapaz", luís fabiano é um avançado um pouco mais que bom e os destaques do brasil, no meu entender, vão para jogadores... defensivos: maicon, lúcio, júlio césar, daniel alves. o brasil antes era um conjunto de solistas de jazz em que cada um tocava a sua peça por si e que originava um tema fantástico no final. hoje é uma orquestra afinadinha de percussionistas com um ou dois violinistas que dão algum toque de classe.
quem se habituou a ver o brasil virtuoso e tecnicista não se reconhece neste brasil operário e físico, daí eu preferir a argentina. além dos "alvicelestes" jogarem com muito mais amor à camisola, é um voto de protesto contra a "europeização" do futebol do brasil.

Geraldo Geraldes disse...

Eu não sei se quero a vitória da Argentina como 2ª melhor opção. é que só de pensar que depois o Maradona ia correr nu por Buenos Aires e as fotos disso nos jornais.....

Ryan disse...

O Káká é daqueles jogadores e pessoas que fazem falta ao desporto e à nossa sociedade. Isso para mim é ser irreverente e não outras coisas que andam por aí.

Zé da Bola disse...

Ao Leonel Messi falta-lhe ganhar um Mundial para ter a colecção de taças completa. Algo que o Maradona não teve. E depois com um pouco mais de tempo ele pode ultrapassar o Maradona.
Nunca gostei desse jogador e muito menos agora como treinador. Não gosto deste tipo de pessoas que gostam de chocar e os motivos que o encontram para o fazer parecem, quanto a mim, tácticas de velhos casmurros e comunas. Disso há muito aí na Polónia e no Leste. Vi muito disso enquanto aí estive.
Portanto força Messi. Se lá chegar é por ele mesmo e nunca pelo Maradona. Ele já fez as mesmas coisas que o Maradona e pode ir ainda mais longe do que ele.
Por fim se a Argentina ganhar este mundial... atirem o Maradona para um museu. Ele sim é um grande cromo o Pélé é lenda. O Brasil foi o team que mais empolgou a Copa do Mundo quando Pélé jogava. A Argentina tinha apenas Maradona. O Brasil tinha uma equipa maravilhosa onde jogava Pélé.