Quando chegar o Inverno devo ter neve até à janela, concerteza.
A saga dum filho de Faro na Polónia (em Bielany, no norte de Varsóvia) - desde 2007
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
(se eles) Dizem que isto ainda não é nada (então não sei o que será alguma coisa)
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Targa de crabalhos
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Para seguir com atenção
Já aguardava por esta boa nova há algum tempo. Espero que venha a beneficiar a cidade tanto quanto precisam dela aqueles que transitam entre Loulé e Olhão.
Só espero é que não ponham meia dúzia de tomates e laranjas à frente do desenvolvimento e progresso do concelho, já bem basta a vergonha que é o nosso acesso directo à A22.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Dizem que isto ainda não é nada
O Daniel é que tem razão: "Não há dinheiro que pague o clima algarvio!"
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Na Polónia sê polaco - 2

Esta imagem retrata dois símbolos indeléveis da Polónia. O Fiat 126 e o "pierogi" .
O Fiat 126 foi produzido na Jugoslávia e, a partir de 1973, na fábrica que o construtor italiano tem em Tychy, terra da Iza. A partir de 1980 e até 2000 esta fábrica ficou com a exclusividade de produção deste modelo que tantas vezes encontro nas ruas polacas. O meu interesse por este simpático utilitário vem da curiosidade natural pela quase inexistência de carros destes em Portugal mas também pela elevada simbologia histórica que eles carregam.
O chamado Polski Fiat 126 (Fiat 126 Polaco) tem uma ligação com o período de influência comunista na Polónia. No regime comunista, um automóvel próprio era considerado
bem de luxo dada a acessibilidade limitada e os baixos salários. Em 1971 existiam apenas 556.000 automóveis de passageiros na Polónia. Note-se que numa economia socialista a decisão sobre se uma fábrica estatal poderia produzir automóveis era assente em princípios políticos e não económicos. As próprias autoridades não viam com bons olhos a ideia de produzir-se automóveis. O primeiro carro polaco relativamente barato foi o Syrena (nome da criatura semi-deusa, metade mulher e metade peixe como as sereias, que protege o rio Wisła e a cidade de Varsóvia) mas a sua produção foi muito limitada. Carros importados de outros países do Bloco de Leste eram muito poucos e era difícil comprar um carro estrangeiro porque a moeda polaca, o złoty, não era cambiável tal como todas as outras moedas dos países do Pacto de Varsóvia e não havia mercado livre.
O Polski Fiat 126p (este "p" foi adicionado para distinguir o modelo polaco dos italianos e jugoslavos) foi supostamente o primeiro carro barato para motorizar as famílias do país, seguindo o conceito do VW Carocha na Alemanha e do Citroën 2 cv francês. Apesar de pequeno era o único carro que as famílias podíam comprar e fazia as vezes dum monovolume. Naquele tempo era comum verem-se famílias de 4 elementos em férias no campo dentro dum PF 126p afundado de malas na capota. No entanto os automóveis não foram produzidos em quantidade suficiente e foram racionados, pondo famílias em lista de espera às vezes por dois anos como a RDA fazia com os seus Trabant. Apenas no caso de algum louvor ou mérito é que o Estado excepcionalmente brindaria uma família com uma senha para o automóvel. Em 2000 estes "Maluch" (algo pequeno) deixaram de ser produzidos com a última remessa (os Happy End) a ser inteiramente composta por modelos de cor amarela. Contudo ainda se podem ver inúmeros carrinhos destes a zunir pelas ruas e estradas polacas.
Os pierogi são como os rissóis mas com recheios mais variados e nem sempre fritos. Já comi pierogi com couve e cogumelos, à moda russa (de queijo e passas) de carne, vegetarianos, com recheio de morango e posso dizer que são bons... se não forem muitos, senão enjoam. A foto tem piada pelo trocadilho involuntário. Portugal em polaco diz-se "Portugalia". A marca do produto é "Pierogalia". Haverá aqui ligação?
Dá-me vontade de comprar um PF 126p e kitá-lo todo só para judiar! q:D
domingo, 25 de novembro de 2007
O guarda-redes é uma ganda...
Calculem as anedotas se ele jogásse em Portugal.
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Quem é o "cá má feu" que tu conheces?

quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Das duas uma: Ou vamos à Áustria ou à Suíça

PS - Completamente off-topic, não posso deixar de mencionar este episódio. Tem a importância que tem, a gravidade que tem, o significado que tem mas fundamentalmente tem a piada que tem. E não é pouca.
Passa por mim... whatever!
Bem poderia esperar pelas vossas cartas q:D
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Queres o quê?!
- Bolas de Berlim da fábrica; encontrei algumas com recheio de maçã, dá para desenrascar.


sábado, 17 de novembro de 2007
Retalhos da vida dum Algarvio - Parte 3
Saio de Varsóvia numa manhã agradável, de céu não muito nublado e com temperatura dentro do que já vou estando habituado a sentir. Os 2 ou 3ºC dos últimos tempos. Estrada sem neve, nem gelo, nem água, prevendo uma viagem mais rápida do que as anteriores. O sol brinca comigo quando espreita entre as nuvens, a observar como estou a adaptar-me à sua quase permanente ausência. A viagem corria bem, bem lançado na estrada quando a meio do caminho a paisagem muda quase dum segundo para o outro.
Terá nevado a partir dum determinado ponto da Polónia para sul pois em Varsóvia nem sinal de neve. Isto foi a pouco mais de 100km depois de ter saído de casa porque o que me esperou ao chegar a Tychy foi isto:
A rua que estava sempre em tons de verde escuro ou amarelo torrado agora cobre-se com uma camada espessa e fofa de neve. Parece uma gigantesca cobertura de chantilly que se abateu sobre o sul da Polónia e apanhou-me desprevenido. Moral da história: Tive de gastar quase 400 złotys para enfeirar um casacão à polaco e umas botas como deve ser para não ficar com os pés gelados. O inverno ainda não começou e já está a sair-me caro.
Mudando de assunto; A Polónia joga contra a Bélgica no Estádio Silésia em Chorzów, cidade que dista apenas 30km de Tychy. Bilhetes a 40zł (+/- 12€) são convidativos mas infelizmente a lotação do estádio está esgotada pois todos querem assistir à mais que provável qualificação da selecção polaca para o Europeu de 2008 na Áustria e Suíça. Por isso vou ficar em caselas a papar os dois joguinhos, o da Polónia às 20:00 e o nosso em Leiria que dá na RTPi às 22:00. Se não ganharmos haverá grandes possibilidades de eu mandar todos dar uma kurwa, espero que tudo corra dentro do esperado.
EDIT: A Polónia ganhou (com dois golos caídos do céu) e fez a festa merecida. Portugal ganhou jogando uma merda mas espero que também mereça a festa. Era o que faltava!
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
O que foi não volta a ser
Esta é decididamente uma boa notícia... a concretizar-se. Espero que não se fiquem por aqui.
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Soviéticos? Não, obrigado.

Por muito que tentásse explicar que o cu não tinha nada a ver com as calças fui mesmo convidado a mudar o meu perfil do hi5, redefinir a caixa do correio e esquecer todas as minhas afinidades com a antiga União Soviética sob pena de ninguém passar-me cartão ou de ser carimbado como "persona non grata". Assim, se alguém quiser visitar-me neste interessante país, agradeço que esqueçam a minha alcunha farense e chamem-me exclusivamente pelo nome próprio ou pelo do ursinho fofinho que todos conhecem. Ainda a Embaixada tem de pagar a transladação do corpo.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Cai neve em Nova Iorque, faz sol no meu país...

domingo, 11 de novembro de 2007
Na Polónia sê polaco - 1
sábado, 10 de novembro de 2007
Ponto e vírgula

quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Tu é que jogavas a montes!
(este infeliz texto foi publicado a partir dum cibercafé da Estação Central de Varsóvia. Ainda não tenho net em casa, talvez só para a semana que vem)
Era eu puto na casa dos 8/9 anos e ficava todo danado quando ele roubava-me a bicicleta para impressionar as miúdas do parque de campismo com cavalinhos e outras acrobacias. Deixava-me o guarda-lamas todo raspado e eu ia aos arames por não encontrar a bicla como tinha deixado. Nem me pedia desculpa, no dia seguinte fazia o mesmo e eu ficava sem o meu brinquedo favorito até que ele chegásse à roulotte bem depois da meia-noite. Durante o dia tinha de ouvir perguntar por ele tantas vezes quantas as adolescentes que cruzássem o meu caminho e falavam do raio dos olhos azuis e do cabelinho louro... como se eu não fosse também louro! Era terrível e devo ter tido por esses dias a minha primeira crise de ciúmes.
A vida levou a que, no final desse Verão, nos separássemos por alguns anos - ele em Lisboa e eu em Faro - mas sempre com contactos esporádicos para manter a linha activa. Estava eu no Liceu e assistia ao crescimento do seu currículo como elemento preponderante de casas de referência na noite da cidade alfacinha, tais como o Trifásica e o Kremlin. Ao mesmo tempo a sua inteligência permitia que se mantivésse afastado dos esquemas perigosos e criásse alianças de estratégia empresarial com nomes grandes da sociedade lisboeta. Talvez devido à sua costela sportinguista (até nisso!) um dos seus sócios foi o filho do único algarvio presidente dum grande clube português.
Essa mesma costela permitiu que assistíssemos juntos ao primeiro jogo oficial no novo Estádio José Alvalade, quando ganhámos 4-2 ao Belenenses. Escolhi-o para partilhar esse momento histórico e ele fez a fineza de honrar-me com a sua presença, aproveitando a sua presença ocasional em Lisboa. Recebeu-me no seu belo apartamento na zona da Expo onde jantei também com a avó dele e conheci a sua encantadora namorada de muitos anos.
Ultimamente os laços eram mais estreitos, as visitas menos espaçadas e telefonemas mais amiúde. Invejava o seu estilo de vida e concepção da mesma, sempre um passo além dos demais e com uma estrutura de tal forma sólida que possibilitava-lhe experimentar coisas que, para mim, só havia nos livros ou na internet. Um dia em Praga, no seguinte em Amesterdão, no meu aniversário uma mensagem da “monarquia inglesa”. Recebia-me em Lisboa de Mercedes, visitava-me em Faro de Porsche em trânsito para Sevilha de férias. Era um cromo que admirava com espanto, como se de um futebolista famoso ou duma estrela de Hollywood se tratásse. Uma ocasião fui autorizado a convidá-lo para uma das festas de Agosto do Club Camané onde apareceu vestido de mouro de turbante e cimitarra à cintura. Ao fim de um bocado encontro-o a conversar com uma “tia” e um pouco depois nem “tia” nem mouro na costa. O que se passou nunca saberei pois o tema era sempre cortado com mais uma imperial.
O meu irmão César não é muito conhecido em Faro, penso que só a minha ex-namorada conheceu-o pessoalmente. Contaram-me por telefone às 1:15 (hora de Varsóvia) da madrugada de segunda-feira dia 5 que ele deixou-nos sem dar cavaco às tropas, à papo-seco, sem dizer avonde, de estalo. Aborreceu-se da vida terrena e foi em busca de outros horizontes, sempre ambicioso e insatisfeito, se calhar seguindo algum capricho mais exigente que terá sentido ou porque pura e simplesmente andava enfastiado com o que fazia. Esta manhã entrei para uma entrevista de emprego em Varsóvia enquanto a minha família despedia-se dele em Benfica (o que foi que te fizeram, mano?!). O abraço que ele me deu recebi-o na forma da resposta positiva por parte da empresa que irá contratar-me. À tarde vi nevar pela primeira vez na minha vida, terá sido algum sinal?
Mano César, fiquei muito triste com a tua partida, ainda agora choro incrédulo. E deixas-me muito preocupado com uma dúvida que assaltou-me e tem-me perseguido: Se as pessoas boas, como tu, insistem em morrer o que será do Mundo quando só sobrarem os filhos da puta?
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Este blogue regressa outra vez dentro de momentos

Não sei quanto tempo demorará até eu estar online de novo pois temos de instalarmo-nos, pesquisar o mercado de servidores até escolhermos o que iremos ter em casa. Vai levar o seu tempo mas as coisas boas regra geral demoram até serem conseguidas.
Por isso o blogue vai sofrer uma pausa que desejo que seja curta. Em breve regressarei em força com as primeiras análises sobre a capital polaca e experiências de vida que certamente serão tão ou mais interessantes que as vividas até agora na Silésia. Acredito que com um pouco de sorte no final da semana que vem já estarei de novo no ciberespaço, portanto ficamos assim combinados. Até já.
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Tamos aí, vó!
À porta de cada cemitério há dezenas de vendedores de flores, velas, doces. A polícia controla o trânsito e o estacionamento, autocarros despejam viajantes constantemente, pessoas caminham quilómetros para lá chegar. Dentro dos cemitérios famílias inteiras sentam-se em frente às sepulturas conversando ou em silêncio. Centenas - diria milhares - de pessoas espalham-se pelos talhões enfeitando-os de flores e velas luminosas. Esta tarefa repete-se em cada parente ou amigo, ocupa a manhã inteira e só por volta das 15:00 a família regressa a casa para almoçar e talvez descansar um pouco. Sensivelmente às 17:00, já de noite, nova visita aos cemitérios para passear literalmente entre as sepulturas dos familiares mais próximos e homenageá-los com alguns momentos de silêncio e reflexão diante das suas lápides. Este passeio não se revela nada lúgubre porquanto todas as campas estão iluminadas com várias velas causando um supreendente efeito colorido no cemitério. De notar que, ao contrário que em Portugal, os cemitérios polacos não têm os chamados gavetões pelo que prolongam-se por áreas significativas chegando por isso a atingir hectares de extensão. A intimidade do momento impediu-me que registásse em fotografia a imagem de milhares de velas iluminando um espaço escuro por natureza. Impressionantemente bonito.
Depois da folga dormida é tempo de visitar parentes. Manda a tradição neste dia que a família junte-se na casa dum tio ou primo e que se coma e beba entre as conversas familiares. Alguns dos parentes vêem-se uma vez por ano, por esta altura, e é naturalmente grande o entusiasmo com que se saúdam. Foi a oportunidade aproveitada para fazer-se a minha apresentação pública à família, o tal português que já se tinha ouvido falar finalmente revela-se. Foram momentos de grande curiosidade, cheios de perguntas e dúvidas, naturais de quem está perante uma pessoa que viajou meio continente em 4 dias até chegar à terra deles. As diferenças, os choques culturais, aspectos positivos e negativos, comparações, bisbilhotices sobre a nossa vida privada vieram à baila entre copos de cerveja, cheesecake, batatas fritas e saborosos pratos de bigosz. A atmosfera é a de um aniversário tardio. A lareira acesa, as crianças correndo, os homens rindo, as mulheres vendo fotografias de casamentos, os doces surgindo, o vinho escorrendo, risos e gargalhadas, brindes e memórias.
Primos e parentes trocam números de telefone conosco, fazendo votos para que nos visitemos brevemente. A tia da Iza diz-me que nunca gostou tanto dum rapaz de barba por fazer até hoje. Eu agradeço em polaco para aprovação geral. Toda a gente abraça-se agradecendo o fantástico catering proporcionado e eu abandono esta casa com vontade de ficar mais uns minutos a desfrutar de tão agradável ambiente e companhia. Os Krupa são efectivamente uma família porreira.
Nos cemitérios polacos existe uma cruz gigante para que aqueles que perderam familiares na guerra ou para os que estão deslocados e longe dos seus poderem prestar-lhes os devidos respeitos. No de Tychy coloquei uma vela pela minha avó porque tem olhado por mim como pedi-lhe imediatamente antes de fazer-me à estrada no caminho para a Polónia.
Espero que continue fazendo-o e eu espero não defraudá-la como prometi-lhe.