Ao fim de quase seis anos a viver nesta terra decidi almoçar num Bar Mleczny, um bar de leite na tradução direta para Português. O que é um 'bar de leite'?
O primeiro estabelecimento deste cariz foi criado em Varsóvia pelo senhor Stanisław Dłużewski no distante ano de 1896 e tinha a função de servir refeições com base em laticínios, legumes e farináceos. A ideia pegou facilmente e assistiu-se à abertura de casas semelhantes por todo o país até que em 1918 o Estado nacionalizou os bares de leite regulamentando os preços e menus tornando-os acessíveis apenas aos cidadãos com maior poder de compra. Posteriormente o regime socialista adotou o conceito para responder às necessidades dos trabalhadores que não tinham cantina no seu posto de trabalho e expandiu-o cobrindo toda a Polónia e popularizando o novo lugar de comida rápida onde todos podiam obter uma refeição quente por um preço justo. Presentemente os bares de leite oferecem principalmente especialidades da gastronomia polaca como os pierogi, o joelho de porco ou pyzy que são bolas de batata com farinha que se comem em substituição das próprias batatas. Os preços estão afixados num menu inalterável colocado numa parede do restaurante, cada refeição custa em média um terço do que é cobrado pelo mesmo prato num restaurante privado, o cliente dirige-se à caixa anunciando a sua escolha após o que lhe é entregado um talão o qual será posteriormente passado à funcionária que dispensará o prato pedido. Depois de terminar a refeição o cliente tem de levantar a mesa, devolver os pratos sujos e assegurar a higiene do lugar que ocupou.
O Bar Mleczny é um local asseado e de boa comida, conservando também a característica socialista da dissolução de classes. Com efeito, o número de clientes ultrapassa largamente os lugares disponíveis e os clientes muitas vezes têm de partilhar as suas mesas com outros comensais, o que significa que qualquer pessoa se pode sentar na nossa mesa sem que nós tenhamos muito direito a fazer espalhafato. Vi homens de vestes executivas almoçando na mesma mesa que estudantes universitários, mendigos a partilharem papossecos e sopas, estudantes universitários (irritantes espanhóis que castanholavam aos berros o seu idioma num canto da sala), senhoras de idade muito elegantes à mesa com outras mais humildes, secretárias e administrativas a comer com operários. À minha mesa sentou-se uma rapariga depois de ter vasculhado a sala com o olhar, deve ter pensado que eu tinha aspeto suficientemente fiável, pediu autorização para pousar os pratos e abriu o jornal na secção de classificados. Presumi que devia estar entre empregos. Desejei-lhe bom apetite, acabei o frango, despedi-me dela e vim para a Universidade de barriguinha cheia (belo frango assado no forno), contente pela qualidade e pela sensação que fiquei de que ainda há lugares onde não se olha às letras que colocam atrás do nome.
O primeiro estabelecimento deste cariz foi criado em Varsóvia pelo senhor Stanisław Dłużewski no distante ano de 1896 e tinha a função de servir refeições com base em laticínios, legumes e farináceos. A ideia pegou facilmente e assistiu-se à abertura de casas semelhantes por todo o país até que em 1918 o Estado nacionalizou os bares de leite regulamentando os preços e menus tornando-os acessíveis apenas aos cidadãos com maior poder de compra. Posteriormente o regime socialista adotou o conceito para responder às necessidades dos trabalhadores que não tinham cantina no seu posto de trabalho e expandiu-o cobrindo toda a Polónia e popularizando o novo lugar de comida rápida onde todos podiam obter uma refeição quente por um preço justo. Presentemente os bares de leite oferecem principalmente especialidades da gastronomia polaca como os pierogi, o joelho de porco ou pyzy que são bolas de batata com farinha que se comem em substituição das próprias batatas. Os preços estão afixados num menu inalterável colocado numa parede do restaurante, cada refeição custa em média um terço do que é cobrado pelo mesmo prato num restaurante privado, o cliente dirige-se à caixa anunciando a sua escolha após o que lhe é entregado um talão o qual será posteriormente passado à funcionária que dispensará o prato pedido. Depois de terminar a refeição o cliente tem de levantar a mesa, devolver os pratos sujos e assegurar a higiene do lugar que ocupou.
O Bar Mleczny é um local asseado e de boa comida, conservando também a característica socialista da dissolução de classes. Com efeito, o número de clientes ultrapassa largamente os lugares disponíveis e os clientes muitas vezes têm de partilhar as suas mesas com outros comensais, o que significa que qualquer pessoa se pode sentar na nossa mesa sem que nós tenhamos muito direito a fazer espalhafato. Vi homens de vestes executivas almoçando na mesma mesa que estudantes universitários, mendigos a partilharem papossecos e sopas, estudantes universitários (irritantes espanhóis que castanholavam aos berros o seu idioma num canto da sala), senhoras de idade muito elegantes à mesa com outras mais humildes, secretárias e administrativas a comer com operários. À minha mesa sentou-se uma rapariga depois de ter vasculhado a sala com o olhar, deve ter pensado que eu tinha aspeto suficientemente fiável, pediu autorização para pousar os pratos e abriu o jornal na secção de classificados. Presumi que devia estar entre empregos. Desejei-lhe bom apetite, acabei o frango, despedi-me dela e vim para a Universidade de barriguinha cheia (belo frango assado no forno), contente pela qualidade e pela sensação que fiquei de que ainda há lugares onde não se olha às letras que colocam atrás do nome.
1 comentário:
Pelo que li na Hungria tb há desses estabelecimentos. Soam exactamente como a cantina de funcionários públicos em que almocei até acabar o liceu. A comida era melhor que na escola e era uma desculpa para conhecer a cidade e estar com a família em vez de estar encerrado com canalhada o dia inteiro.
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