quarta-feira, 3 de abril de 2013

Azedume

 

Não há outro pecado além da estupidez

 Oscar Wilde

 

Já há pouco comentei isso com um amigo de Varsóvia, estou a passos largos de me tornar um misantropo. Ando a ganhar uma aversão alérgica à estupidez humana, incomoda-me cada vez mais a predisposição das pessoas para fazerem mal aos outros, a incapacidade que têm para detetar comportamentos e atitudes inadequadas, as incoerências, as verdades elásticas, essa merda toda que fazem para poderem estar de bem com deus e com o diabo. Não é que eu só veja preto e branco ou zeros e uns, a minha opinião do mundo não é binária, mas irrita-me o cinzentismo que uma pessoa diga na minha frente 'A' porque lhe fica bem dizer esse 'A' mas que na verdade faça 'B' e 'C' quando me afasto ou quando sente que está sozinho. Sinto que estou cada vez menos tolerante às alarvidades que são ditas e escritas, a falta de respeito e consideração que se tem pelo próximo e, isso então é a irritação suprema, que me façam de estúpido ao tentar empurrar estupidezes para eu as comprar, fazendo juras a pés-juntos para mandar toda essa oratória às malvas no momento seguinte.

Este corrente estado de espírito decorre de atitudes direcionadas a mim e assistidas por mim, perfeitas idiotices ou insolências dispensáveis que tornam mais difícieis tanto as vidas de quem as pratica como as de quem é objecto disso. Já me ocorreu armar-me em provedor ou justiceiro da sanidade social, pegar numa barra de ferro e eliminar todos os inúteis que se ocupam de dar cabo da vida dos outros, romper-lhes o crânio para verificar se o que têm lá dentro é mesmo massa cinzenta ou matéria defecada por algum bovino incontinente porque até à data não me conseguem convencer que certos indivíduos tenham dentro da cabela células da mesma natureza das que eu tenho na minha, sendo que me considero um cidadão meão no que diz respeito a escolaridade e valor social.

A oportunidade deste artigo pode ser confundida com o local de origem do mesmo, Faro, por isso quero deixar já bem claro que não é por estar de férias em Faro que me fartei de gente parva ou que estou a insinuar que na minha terra só há idiotas. Absolutamente! Tenho gabo em poder afirmar que entre os meus amigos de 'ranho-à-bica' tenho gente com elevadíssimo senso comum e que se bate bem em muitos temas académicos e da atualidade mesmo não possuindo grau universitário, como recentemente se pôde comprovar em mais uma jantarada da 'Malta do Largo da Caganita', agora pomposamente designado 'Praça Silva Porto'. Faro não é albergue de idiotas nem o epicentro do zotismo português, por isso não se pense que estas linhas são o resultado de alguma reflexão sobre a realidade farense que vim encontrar. É apenas uma punhada na mesa que tive de assentar por ver tanto néscio e tanto pulha a poluir a humanidade, tanto mentiroso e tanto falso, tanto sorriso pela frente e tanta facada pelas costas, tanta falta do já mencionado senso comum. 

Já vi isto mais perto de acabar no divã se um psicanalista ou de um convento...

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