quarta-feira, 14 de julho de 2010

O que é que a gente tá aqui fazendo? - 8

Pata de Veado Meio da tarde e a sauna em que se transformou a sala de aula é pouco menos que insuportável, bizarro este país em que se abre o frigorífico no verão e está mais fresco do que na rua mas que no inverno está mais calor dentro do mesmo frigorífico do que na mesma rua. Encaro o quente como uma benção, aquilo por que esperei durante cinco longo meses, algo como 150 dias de frio e escuridão durante os quais desejei estas temperaturas, devo não ser ingrato e aprender a valorizar estas condições climatéricas porque não efémeras e deixarão muitas saudades a curto termo. Pronto, não reclamo mais.

Aceito o sol e a canícula, é melhor que aceite porque daqui por três semanas começa a nevar e convém que esprema todo este sol até ao tutano. Cai-me o crómio para níveis perigosos porque me arde o estômago de fome, aparecem-me apetites de coisas doces, bolos com creme e leite gelado. Epá!, uma pata de veado agora partia o mar todo!

Mas não. Estou rodeado por um Subway, um MacDonald’s, uma pizaria e um restaurante de comida polaca. Não há pastelarias como as que nósUcal temos em Portugal, de bolos frescos e doces porque aqui os bolos são  secos e não tão doces. O sernik, bolo de queijo, é a coisa mais parecida a um bolinho português mas não é o mesmo que um mil-folhas ou que uma lula. Os croissants têm recheio de ovos e amêndoa porque vêm sempre com aqueles sabores silvestres tipo amora ou groselha negra, paladares que me arrepiam os dentes. Sabores ferozes, para mim irritantes e pouco suaves comparados com o creme de ovos das deliciosas Bolas de Berlim da fábrica em Faro ou da baunilha que aromatiza tantas sobremesas portuguesas.

Vou ao supermercado mais próximo e compro um folhado de cereja e um pastel de ameixa, mais frutas que não vêm nos almanaques da doçaria portuguesa. Senhores, o bem que eu pagava por uma pata de veado agora e um Ucal fresquinho! Mesmo no verão, mesmo com os encantos que Varsóvia debita em tempo estival, há coisas que (não) acontecem e que me fazem pensar por vezes…

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