terça-feira, 2 de setembro de 2008

O Presidente na Polónia

A visita de Cavaco Silva à Polónia pode ser um bom veículo de promoção da nossa imagem neste país e um importante contributo para que Varsóvia não se sinta só no perigoso braço-de-ferro que trava com a Rússia a propósito da questão do Cáucaso. A Polónia necessita de apoios sólidos e eloquentes pois tenho algumas reservas em relação ao comportamento que Moscovo poderá ter sobre a Polónia, se recordarmos que o governo polaco garantiu imediato e incondicional apoio à Geórgia no conflito travado com o poderoso adversário e que recentemente assinou o documento que permitirá aos EUA a construção dum escudo anti-míssil algures no seu território. Todas estas acções foram consideradas pelo Kremlin como "impertinentes provocações" e não ficaria admirado se a Rússia optásse pelo caminho fácil da represália, precisamente onde ela dá cartas nesta parte do mundo: O gás.

Vem aí o Inverno e as temperaturas baixam drasticamente como é do domínio público. O gás russo é fundamental para aquecer os lares polacos, tanto Moscovo como Varsóvia sabem disso, e esse é que é o problema que realmente me aflige. Não tanto o formidável desempenho das empresas portuguesas na Polónia nem a óptima imagem que o nosso país tem perante os polacos. Francamente, preocupa-me mais a crescente onda de criminalidade violenta e car-jacking que assola o nosso país do que os pornográficos lucros de qualquer Millennium polaco ou português. Dá-me mais que pensar a teimosa lei estúpida que obriga (?) os magistrados a libertar criminosos que as polícias tão arduamente perseguiram e capturaram.

Eu, enquanto trabalhador e residente na Polónia, congratulo-me com a visita do meu Presidente e com a força que certamente trará às relações e cooperação entre os dois países. Como Português acima de tudo, preocupo-me com a minha gente porque não os sinto seguros. Continuamos a ser craques em política externa (Tratado de Lisboa, Cimeira Euro-Africana, Comissão Europeia, Comissão para os Refugiados) mas para cuidar do nosso jardim à beira-mar plantado somos uma vergonha. E como tenho de trabalhar, se calhar só terei tempo de visitar a cerimónia no Monumento ao Soldado Desconhecido que fica a dois quarteirões do emprego.

Mesmo assim, ainda não sei.

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